Recuperar de um 0-2 para o 2-2 foi uma loucura mas chegar ao 3-2 em cima dos 90 minutos foi a cereja sobre o bolo, encimada pela estrela que continua junto a um Jorge Jesus que este domingo sofreu a bom sofrer para chegar a uma vitória (minuto 90) estrelada, que acaba por ficar bem entregue, apesar de os bracarenses não merecerem ter perdido.Paulo Fonseca bem “avisou” que uma segunda “eliminação” (o Braga afastou o Sporting da Taça de Portugal) podia não ser descabida e, por isso, entrou em campo num ritmo tão frenético que ainda não se tinha cumprido o primeiro minuto e já Wilson rematava a rasar o poste da baliza de Patrício.
Com (ou sem) surpresa, o Braga iniciou um período de quinze minutos em que os leões quase se viram encurralados perto da zona da grande área, tal foi a pressão feita pelo ataque bracarense, apoiada numa linha média e num ataque que deu muitas dores de cabeça a Patrício, depois de, numa resposta rápida, o Sporting ter atacado quando Jefferson foi lançado pelo lado esquerdo e centrou para a pequena área, onde Kritciuk resolveu a soco.
No minuto seguinte foi Patrício a resolver ao esticar-se para desviar a bola para canto, depois de um remate forte de Rafa, na altura em que os leões “retorquiram” (15’) com João Mário, dentro da área bracarense e depois de fintar um defesa, rematou para mais uma excelente defesa de Kritciuk que, acrescente-se desde já, foi o melhor jogador em campo, tardando até onde conseguiu o triunfo do Sporting, no que foi a primeira grande oportunidade para os leões marcarem.
Entre os quinze e os trinta minutos o equilíbrio foi a nota dominante, com jogadas de bom recorte, rápidas e que não deram golos por mero acaso, com Slimani a ser apanhado em fora de jogo e, depois, Bryan Ruiz e João Mário – este a centrar para Paulo Oliveira – a não acertarem no alvo.
Paulo Oliveira esteve bem perto, porquanto cabeceou enviando a bola à base do poste e ficar enrolada junto do guardião de Braga que, “in extremis” conseguiu segurar.
Ainda assim, foi o Braga que esteve sempre mais perto de marcar primeiro, o que se verificou (40’) quando de um contra-ataque muito rápido dos bracarenses que levou os visitantes a abrir o activo. Bola jogada pelo lado direito do ataque, Rafa e Pedro Santos rematam para os defesas dos leões rechaçarem a bola que chega aos pés de Wilson Eduardo, que rematou forte e cruzado fazendo um golo de belo efeito, sem que Patrício pudesse fazer algo para o evitar.
Pese embora um maior domínio sportinguista, os seus representantes não conseguiam atinar com uma baliza bem fechada por Kritciuk.
Qualquer que fosse o resultado em Alvalade, o Sporting seria sempre o “campeão do inverno”. Mas não seria a mesma coisa se perdesse pontos ou mesmo o jogo, face ao “tu cá, tu lá” que se viveu dentro das quatro linhas.
E mais grave ainda quando o Braga chegou ao 2-0 (44’) com um golo extraordinário obtido pelo “endiabrado” Rafa, depois de uma jogada excelentemente pelo lado direito do ataque bracarense, com a defesa sportinguista a mostrar alguma apatia e permitir que o atacante bracarense surgisse, com bom espaço de manobra, defronte de Patrício e marcar para onde quis. Pode dizer-se que, em apenas quatro minutos, o Braga como que podia ter “derretido” o sonho do Sporting em manter a invencibilidade em casa.
O intervalo chegou logo a seguir com muito “desassossego” em especial para os sportinguistas, que sabiam se seria possível recuperar dois golos à equipa que, há poucos dias, afastou os leões da Taça de Portugal.
No segundo tempo, a toada manteve-se algo semelhante, se bem que Jorge Jesus fez entrar o jovem Gelson para o lugar de William – algo apagado – o que deu outra dinâmica à sua equipa, reforçada pouco depois com Bruno César (cansado) a dar o lugar ao avançado Montero.
Antes (48’), Bryan Ruiz ficou isolado frente ao guardião bracarense, que deu o corpo à bola e afastou-a, enquanto no minuto seguinte Pedro Santos rematou de longe e Patrício foi obrigado a esticar-se para evitar outro golo.
A chuva, não sendo forte, era puxada pelo vento e prejudicava (cansava) os movimentos dos jogadores que ficavam mais pesados sobre uma relva que não “deslizava” como pretendiam.
O Sporting voltou a passar por outro período de falta de inspiração, embora tentando sempre chegar à baliza adversária, com Gelson (56’) a fazer um centro a meia altura e a levar a bola ao braço de Pinto, o que levou Jorge Sousa (o árbitro) a assinalar grande penalidade, que Adrien (57’) marcou superiormente e reduziu para 1-2.
Com este golo o Sporting voltou a animar e podia ter empatado logo a seguir se o guardião bracarense, uma vez mais, não saísse temerariamente aos pés de Slimani para lhe roubar a bola.
Foi nesta altura (58’) que Jesus jogou a segunda cartada: fez entrar Montero para reforçar o caudal atacante, o que originou (70’) uma dupla oportunidade para os leões mas com Kritciuk a parar os remates de Slimani e Gelson.
Mas nova alegria para os leões estava perto. Depois de se saber que estiveram 42.143 espectadores em Alvalade – o que foi muito bom – e numa altura em que o Braga perdia “gás”, o Sporting chegou ao empate (76’) com um golo marcado por Montero, que foi apanhado “mesmo a jeito” na grande área por um centro de Jefferson e, sem que alguém o importunasse, rematou à vontade.
E muito tempo (14’) havia ainda para o marcador ser alterado, com o Sporting a voltar ao de cima e o Braga a ter menos consistência atacante e algumas dificuldades defensivas, pelo cansaço que os seus jogadores demonstravam, o que não impediu Rafa (85’) de obrigar Patrício a salvar a honra do convento, depois de defender o remate para canto, ante um grande buraco provocado pelos defesas leoninos, que permitiram o isolamento de Rafa.
O sofrimento, de um lado e do outro Dentro e fora do campo), era muito mas ainda havia força para tentar a mudança. E a felicidade sorriu ao Sporting, que chegou ao triunfo (90’) com mais um golo de Slimani, com uma cabeçada soberba na bola lançada por Bryan Ruiz, em que o guardião bracarense teve alguma culpa ao hesitar na saída de entre os postes e o atacante sportinguista aproveitar esse deslize da melhor maneira para chegar ao 3-2, que redundou num delírio dos verde-brancos. Justificado. Manteve a liderança, como desejava.
Nos leões, destaque para Patrício, Paulo Oliveira, Jefferson, João Mário, Bryan Ruiz, Adrien, Slimani, Gelson e Montero, enquanto no Braga se salienta o melhor jogador em campo, o guardião Kritciuk, bem acompanhado por Wilson, Luiz Carlos, Baiano, Rafa, Pedro Santos e Vukcevic.
O juiz Jorge Sousa (Porto), esteve à altura do jogo e sem problemas de maior bem como os assistentes Bertino Miranda e Álvaro Mesquita.
As equipas alinharam:
Sporting – Rui Patrício; João Pereira, Paulo Oliveira, Naldo e Jefferson; João Mário Aquilani, 80’), William (Gelson, 45’) e Adrien; Bruno César (Montero, 58’), Slimani e Bryan Ruiz.
Sporting Braga – Kritciuk; Baiano, Ricardo Ferreira, A. Pinto Djavan; Pedro Santos (M. Goiano, 81’), Luiz Carlos, e Vukcevic; Wilson (Alan, 72’), Rui Fonte (Stojiljkovic, 62’) e Wilson.
Disciplina: amarelo para: Baiano (27’), William (37’), Pedro Santos (68’), Jefferson (84’), Vukcevic (87’) e Rui Patrício (90+4’)
Artur Madeira