Numa partida jogada a bom ritmo, com o Atlético a mostrar-se tacticamente superior – quiçá mais virado para chegar ao triunfo do que o Benfica – um triunfo dos madrilenos acabou por ser justa, porquanto os encarnados começaram a segunda com o querer mudar o resultado mas “adormeceram” logo de seguida e sofreram o segundo golo, que foi decisivo.Da derrota sofrida em casa, os visitantes souberam tornear um Benfica que não esteve “todo” em campo, mercê não de uma maior posse de bola (43% contra os 57% dos encarnados) mas de uma eficácia de primeira linha.
Por exemplo, o Benfica rematou sete vezes mas dirigidos a Oblak foram apenas três. À contrário, o Atlético fez cinco remates e todos directos para Júlio César, o que ditou e bem o triunfo dos comandados de Diego Simeone, que beneficiaram ainda de mais cantos (5) do que o Benfica (2). Desfeitas eventuais dúvidas sobre a saborosa vitória no Estádio da Luz, perante os 47.630 que assistiram ao desafio ibérico.
O primeiro lance de verdadeiro perigo foi forjado pelo Atlético (20’) quando Saul se isolou e rematou forte, fora da grande área, obrigando Júlio César a uma grande defesa, em voo, a desviando a bola para canto, num espaço em que os madrilenos ganharam ainda mais dois cantos, sem resultado positivo.
Logo de seguida (22’), Gabi, com um remate em arco, obrigou Júlio César a dar uma palmada na bola e enviá-la para canto, bastando apenas um minuto para Lisandro salvar um golo certo, ao retirar a bola dos pés do atacante madrileno, que continuava a ser mais rápido sobre a bola ante alguma apatia benfiquista.
Noutro movimento rápido, o Atlético abriu o activo (32’), com Vietto a lançar para trás e para o centro da grande área, onde Saul, sem qualquer marcação, fez o já aí justificado 1-0, depois de uma jogada muito rápida dos espanhóis, que deixou a defesa benfiquista de “cócoras”.
Só aos 38’ o Benfica tentou dar um ar da graça, com Gonçalo Guedes a rematar de longe, sesgado, da direita para a esquerda, mas com a bola a sair ao lado e sem perigo.
O Benfica terminou a primeira parte com mais posse de bola mas o maior perigo chegou sempre dos espanhóis, porque mais rápidos a trocar a bola.
A abri a segunda parte, Rui Vitória fez entrar Mitroglou para o lugar de Gonçalo Guedes e na primeira jogada até podia ter marcado quando, só, dando meia volta sobre si próprio, rematou forte mas ao lado da baliza.
Griezmann, que até aí (47’) quase não se tinha visto, iniciou uma longa caminhada mas foi travado já perto da área, porque foi egoísta e não passou a bola a ninguém, numa altura em que o Atlético continuava a mandar no jogo, por antecipação e por maior velocidade de actuação, o que o fez chegar ao 2-0 (55’) com um golo de Vietto, que se limitou, na pequena área, a encostar o pé a uma bola rasteira, vinda da esquerda, lançada por Carrasco, apanhando Júlio César, que foi apanhado à frente da linha da bola. Não acreditou que alguém pudesse fazê-lo mas a verdade é que o pequeno desvio de dois ou três milímetros foi o suficiente para aumentar a vantagem, que sempre se justificou.
O Benfica reagiu e Raul Jiménez (que entrara em jogo) rematou de longe mas à figura de Oblak, tendo o Benfica beneficiado ainda de um livre que Pizzi marcou e do qual nada resultou.
Mas quem porfia também alcança e Mitroglou (75’) fez o Benfica “acordar” ao marcar o primeiro golo encarnado, com um golo à meia volta, levando a bola ainda a bater na face interna do poste mas e bater no fundo da rede.
Com um quarto de hora para jogar, muito podia acontecer Benfica fez por isso.
Primeiro foi Renato Sanches, que voltou a jogar muito bem embora, algumas vezes, um pouco trapalhão, que (78’) rematou de longe e muito por cima da barra, seguindo-se Raul Jiménez (83’), a centro de Carcela, a cabecear a rasar o poste, numa altura em que o Atlético tentava “amornar” o último folego do Benfica para tentar alterar o resultado.
Eliseu (86’) também a sua chance, indo a defesa ao meio campo contrário rematar mas apenas à figura de Oblak e, depois de ser conhecido o tempo (+3’) de prolongamento, nada mais de importante se registou.
Com ambas equipas apuradas para os oitavos de final, acabaram por fazer um jogo vivo, com superioridade sobre a bola dos benfiquistas mas com uma maior eficácia dos espanhóis, que se desforraram da derrota, em casa, no jogo da primeira volta. Coisas do desporto.
No Benfica, Júlio César esteve bem, apesar dos dois golos sofridos, onde o jovem (18 anos) Renato Sanches continua a dar cartas, mas muito impetuoso e, às vezes, pouco coordenado, o que advém da idade, salientando-.se ainda Lisandro Lopez, Eliseu, Pizzi, Jardel e Mitroglou, quando mais não fosse pelo golo obtido.
Nos espanhóis, referência para Oblak, Godin, Koke, Griezmann, Gabi, Saul, Carrasco e Vietto.
A equipa de arbitragem da Roménia, chefiada por Ovidiu Hategan (Octavian Sovre e Sebastian Gheorghe como assistentes) não teve trabalho de maior, porque atentos ao desenrolar de todo0s os lances, pautando-se como uma exibição positiva.
Constituição das equipas:
Benfica – Júlio César; André Almeida, Lisandro Lopez, Jardel e Eliseu; Fejsa e Renato Santos; Pizzi, Gaitán (Carcela, 75’) e Gonçalo Guedes (Mitroglou, 45’); Jonas (Raul Jimenez, 60’).
At. Madrid – Oblak; Juanfran, Savic, Godin e Filipe Luís; Saul e Gabi; Koke, Vietto (Fernando Torres, 62’), Griezmann (Giménez, 90+1’) e Carrasco (Óliver Torres, 72’).
Disciplina: Amarelo para Godin (67’), Saul (69’), Fejsa (76’) e Óliver Torres (88’).
Artur Madeira