Custa a crer que o Sporting tenha protagonizado uma exibição abaixo da média (apesar de ter maior tempo de posse de bola – 67% contra 33%), raramente encontrando o caminho para a baliza dos moscovitas, acabando por perder a invencibilidade, na sua própria casa, depois de longo tempo sempre em vantagem.Talvez o “nervoso” dos sportinguistas tivesse começado por ter de defrontar uma equipa vestida tal e qual como a selecção portuguesa (camisola e meias vermelhas e calções verdes), o que pode ter “baralhado os espíritos”.
O jogo começou com o Sporting a tentar tomar a dianteira – no jogo e no marcador – mas depressa se viu que as linhas atrasadas da formação russa não vinham dispostos a dar “abébias”, fossem elas quais fossem, aos avançados do Sporting que, por seu lado, também não encontraram “expediente” para criar vantagens e oportunidades de golo.
Aos 5’ saiu o primeiro remate dos pés de Adrien mas a bola foi à figura do guardião Guilherme, tendo os forasteiros respondido (12’) com um golo obtido por Samedov num rápido contra-ataque, num encontro de dois para dois, ganhar a bola, rematar para defesa incompleta de Rui Patrício, que Samedov aproveitou para, junto ao poste mais longe, para abrir o activo.
Se o ambiente já era tenso para os leões, começou a ficar pior porque passou-se uma fase em que o individualismo se sobrepôs ao colectivo e não houve objectividade para tentar dar a volta ao resultado. Que, aliás, se manteve até aos primeiros 45 minutos, sem que houvesse jogadas de perigo eminente para alguns. Isso também porque os homens de Moscovo não permitiram, com um sistema defensivo formado praticamente por oito a dez jogadores, conforme as situações, sem os leões tivessem capacidade para criar ”corredores” para chegar à baliza do brasileiro Guilherme.
Não contando com Carrillo por motivos sabidos, e com Slimani no banco, Jorge Jesus recorreu ao trio Gelson, Montero e Gutierrez – que esteve muito apagado durante toda a primeira parte, também por força da marcação dos jogadores do Lokomotiv, que não davam espaço para que o Sporting se mexesse à vontade.
No que foi a principal oportunidade criada ao longo de todo o jogo – aos cinco minutos da segunda parte – o Sporting conseguiu empatar com um golo de Montero, com um remete fortíssimo e muito melhor colocado, que levou a bola ao fundo da baliza de Guilherme.
O empate, que parecia ser o tónico que os leões precisavam, acabou por não passar disso mesmo, sem ter qualquer retorno específico, a não ser, cinco minutos depois (55’), o segundo golo para os visitantes, novamente por Samedov.
Num centro da direita do ataque dos russos, a bola passa por perto de Rui Patrício que preferiu não sair, porquanto apenas tinha dois colegas por perto e a baliza podia ficar “descoberta” de mais, o que aconteceu porque Tobias também falhou a marcação, deixando Samedov fazer o segundo golo com grande à-vontade.
Gutierrez ainda reagiu (59’) ao fazer um bom remate para uma grande defesa de Guilherme, no que foi o princípio do fim. Isto é, foi o Lokomotiv que voltou a marcar (64’), desta vez por intermédio de Niasse, que tanto porfiou que … marcou. E embora com mais vinte e cinco minutos para jogar, percebeu-se que o leão deixou de ter garra e passou a um leão “tenrinho” para uns musculados russos.
Dir-se-á que foi um dia mau para o Sporting (até pela receita, dado que apenas estiveram presentes 25.400 pessoas, tendo perdido os 14 milhões por não terem chegado à Champions League) que pode ter influência para o futuro, quer nesta Europa League quer até na Liga NOS, que parece ser o único objectivo para ganhar na presente temporada, face ao que Jorge Jesus referiu nestes últimos dias, para “sacudir” a pressão.
Um resultado que talvez peque por exagerado mas, na realidade, os russos foram os únicos que fizeram por ganhar e, em três jogadas de contra-a-ataque, levaram a melhor sem grandes dificuldades.
No Sporting, saliente-se a actuação de Jefferson, Montero (pelo golo), João Pereira, Adrien, Carlos Mané e Gelson, enquanto nos visitantes se destacaram Guilherme, Manuel Fernandes, Maicon, Corluka, Samedov, Niasse e Tasarov
O árbitro austríaco, Robert Schorgenhofer, bem como os assistentes Roland Brandner e Matthias
Constituição das equipas:
Sporting – Rui Patrício; João Pereira, Paulo Oliveira, Tobias e Jefferson; Carlos Mané (Ruiz, 62’), Aquilan e Adrien; Gelson, Montero (Slimani, 62’) e Gutierrez.
Lokomotiv Moscovo – Guilherme; Shishkin, Corluka, Pejcinovic e Denisov; N’Dinga e Tasarov (Mikhalik, 85’); Samedov, Manuel Fernandes (Kolomeytsev, 80’), Niasse e Maicon (Grigoryev, 81’).
Disciplina: amarelo para Tobias (30’), Denisov (62’), Tarasov (75’), Guilherme (90+2’) e Gutierrez (90+3’).
Artur Madeira