Nico Gaitán foi o melhor do jogo e disso não há dúvida. Foi o maestro que comandou um quinteto (Jonas, Mitroglou, Talisca e Gonçalo Guedes) a caminho da meia dúzia de golos que infligiu a um Belenenses feito de “pastéis” engolidos à primeira dentada.Na verdade, ser goleado – e não se precisa adiantar muito sobre justeza do acesso à fase de grupos da Liga Europa, porque souberam-no merecer – desta forma é como sofrer uma “humilhação” do tamanho do mundo, não tanto pela derrota (que seria o resultado mais esperado mas nunca desta forma, que nem “um dia mau” podia justificar. E soma quatro jogos sem ganhar, tendo apenas três pontos correspondentes a outros tantos empates.
Quase sempre remetido à defesa, pela impetuosidade do referido quinteto – Gaitan foi excelso – os rapazes de Belém nem conseguiram defender, tantas foram as “anormalidades” cometidas, para além de algum abuso no jogo individual, como o caso de Carlos Martins, que deixaram o guardião Ventura (com culpas em três golos) perfeitamente “esfrangalhado”.
Esta é a apreciação que se pode fazer de um Belenenses que nem teve base e muito menos o topo da pirâmide. Perfeitamente à “deriva”, por si próprio e por culpa de um Gaitan endiabrado que fazia tudo e até meteu um golo, dando de bandeja a maior parte dos outros para Jonas e Mitroglou (dois cada) brilharem, o que também aproveitou Talisca para fazer, quiçá, o melhor golo da noite.
Com o motor “Gaitan” a funcionar em pleno foi só “escorregar” a bola por aí abaixo (ou acima, dependendo de cada baliza) para dará marcar ou fazer o gosto ao pé, como aconteceu.
Também é verdade que o primeiro golo encarnado nasceu muito cedo (5’) e o segundo chegou aos 17’, o que terá “matado” logo o jogo. Daí que se possa afirmar que o jogo valeu pelos seis golos marcados, um resultado pouco comum em qualquer país nos tempos que correm, mas sob a alta liderança (com batuta) de um Gaitán que, “aliviado” por ter resolvido a situação contratual com o Benfica, esteve muito mais “fresco” de cabeça e numa noite perfeita.
Na história do resultado, Mitroglou abriu o activo aos cinco minutos, com um belo golo de cabeça a dar a melhor resposta a um centro largo feito por Gonçalo Guedes e depois de deixar pregado ao chão o defesa central Tonel, mas ainda com culpa de Ventura, que devia ter saído (e não foi)
Mantendo a “pressão” o Benfica chegou ao 2-0, com Jonas a dar o melhor seguimento a um centro/cruzamento de Gaitán, que captou a bola, colocou-a a jeito e rematou para o fundo da baliza de um Ventura mais ou menos “aterrorizado”.
A cinco (40’) minutos do final do primeiro tempo, foi Jonas a bisar – chegando ao 3-0 – dominando a bola no lado contrário da grande área no seguimento de um pontapé de canto, ajeitou e “afagou” a “redondinha” para rematar ante a “pasmaceira” da defesa azul e branca do Restelo.
No tempo complementar tudo na mesma, apesar de se terem feito algumas substituições para cada lado.
O Benfica continuou dominador e Mitroglou (52’) aproveitou para fazer o segundo da sua conta, sacando a bola numa “brecha” aberta na defensiva azul e branca, que permitiu a Mitroglou (52’), estando sozinho – por ingenuidade de Amorim – empurrar a bola para dentro da baliza de Ventura, colocando o resultado em 4-0.
Oito minutos depois – a confirmar a “derrocada” dos “pastéis” – Gaitán, depois de um “slalon” que começou no seu meio campo, foi por aí afora, colocou em Jonas, que a devolveu, de calcanhar, para a frente, isolando Gaitán para fazer um golo (o quinto do jogo) de belo efeito, ante um já irreconhecível Belenenses. Gaitán que, pouco depois foi substituído, e saiu sob uma chuva de forte aplauso.
Ainda assim, os homens de Sá Pinto tentavam remar contra a maré mas nada havia a fazer, tendo o perigo rondado a baliza do Benfica apenas por uma vez, que obrigou Júlio César a esticar-se para defender, ainda que sem a segurar, mas sem grande perigo.
Dois minutos depois – em dez minutos o Benfica meteu três golos, aproveitando a queda no “abismo” dos de Belém – chegou o 6-0, com Talisca a fazer um potente remate de longe, enviando a bola com efeito, levando a bola a contornar Ventura e anichar-se na rede. Um golo de belo efeito.
Um péssimo ensaio para o primeiro jogo na Liga Europa, por parte do Belenenses mas um brilhante ensaio geral para o Benfica para a Liga dos Campeões, restando saber o que se passará nos jogos da semana que se avizinha.
O “bando” dos cinco que “deram cabo” do Belenenses esteve mesmo endiabrado e se Gaitán foi o maestro, como se referiu, Jonas, Mitroglou, Talisca e Eliseu contribuíram imenso para a excelente “música” tocada, onde couberam ainda Nelson Semedo e Júlio César.
No “Restelo” é difícil saber-se quem terá sido o melhor dado que quase todos foram medíocres.
Salientemos, no entanto, Miguel Rosa, Sturgeon, Geraldes, Kuca, Luís Leal e Carlos Martins pelo esforço demonstrado.
Nem Bruno Paixão (Setúbal) nem os assistentes António Godinho e Rodrigo Pereira tiveram quaisquer problemas – acrescente-se que os assistentes estiveram muito bem no assinalar das faltas e foras de jogo que se verificaram – pelo que fizeram um bom trabalho.
Por último, a saliência para a preseça na Luz de 42.454 espectadores, o que é excelente.
Constituição das equipas:
Benfica – Júlio César; Nelson Semedo, Luisão, Jardel e Eliseu; Gonçalo Guedes, Samaris, Talisca e Gaitán (N. Santos, 71’); Jonas (Pizzi, 77’) e Mitroglou (Raul, 65’).
Belenenses – Ventura; Geraldes, Tonel, Gonçalo Brandão e João Amorim; Miguel Rosa, Carlos Martins (Camará, 60’) e Ruben Pinto (André Sousa, 71’); Kuca (Luís leal, 45’), R. Dias e Sturgeon.
Disciplina: amarelo para Camará (69’) e Luisão (85’)
Artur Madeira