Sábado 24 de Novembro de 1330

Benfica a sofrer “à grande” embora dominasse

BenficaMoreirense_H0P6554LIGA NOS – Benfica, 3 – Moreirense, 2

Apesar de ter vencido por uma “unha negra”, embora dominador durante quase todo o jogo, foi mais um “susto” para o Benfica, por curiosidade muito parecido com o que aconteceu frente ao Estoril – em que resolveu jogo a seu favor nos minutos finais, deixando toda a família benfiquista com os “cabelos em pé”.

Se a intenção é essa – decidir o triunfo para o fim do jogo – é melhor que os associados e adeptos se adaptem a esta nova realidade, pelo menos para não sofrerem tanto, também mais uma vez por culpa própria.

Numa equipa em que tem maior posse de bola, superior a 70%, causa “engulhos” o facto de não conseguirem rematar à baliza, o que voltou a verificar-se frente ao Moreirense. Sabe-se que pode ser cedo para que a máquina esteja oleada à vontade de todos. Mas também se voltou a ver que a falta de motivação para “dar o litro”, muitos passes mal feitos, sem desmarcações coerentes com o fio de jogo e um certo individualismo de alguns (Gaitán resolver jogos, é verdade, mas voltou a ser egoísta numas vezes e trocar mal a bola noutras), é certo e sabido que a jogar assim não se vai a lado nenhum, a que se junta a antecipação, que foi a grande arma do Moreirense.

Por outro lado, a memória é curta e o cérebro de alguns não funciona como deve ser, porquanto toda a gente sabe que o Moreirense tem sido um osso duro de roer para qualquer dos grandes, como o fez agora na Luz, jogando em antecipação e cortando a linha de passe ou de infiltração, sem que isso se possa denominar de táctica do “autocarro”. E mesmo se o fosse, cada equipa é livre de utilizar a estratégia que melhor possa assentar nas qualidades de cada um e do todo quando em jogo.

Posto isto – que não deixa de ser importante analisar no balneário – viu-se que o Benfica entrou rápido, esteve muito mais tempo no meio campo do adversário, ganhou o primeiro canto mas jogadas para golo é que não saiu quase nada nos primeiros 45 minutos.

Precisamente porque o individualismo era mais forte e os passes errados e transviados eram muitos ou os defesas forasteiros resolviam a contento as situações, por acção, em cima, de uma linha médio-defensiva atenta, salvando-se os remates de Vitor Andrade (14’) e Gaitan (20’) mas ao lado da baliza.

Com isso não queria dizer que os visitantes não tentassem chegar à baliza benfiquista e até com mais perigo do que o próprio Benfica, quando Ernest (22’) só não se escapou por completo à defesa benfiquista (adiantada) porque Luisão fez falta, do que nada resultou, mas que foi o primeiro sinal de que o contra-ataque podia ter um pouco de “veneno”.

Daí que pudesse surgir algo que iria “cair” mal aos benfiquistas, aliás como aconteceu (28’), quando o Moreirense abre o activo com um golo obtido com a defesa benfiquista em contrapé, tendo Rafael Martins, ainda que pressionado por Evaldo, feito um remate forte, rasteira, com efeito especial, fazendo a bola passar perto das mãos (esticadas) de Júlio César e que foi direitinha para dentro da baliza. Um autêntico balde de água fria, quiçá oportuno face ao calor que se dez sentir durante todo o jogo.

O Benfica tentou reagir mas a verdade é que, continuando a dominar, nada conseguiu até se chegar ao intervalo (45+4’), com os homens de Moreira de Cónegos a, com dois remates a sério, fazerem um golo, uma percentagem de 50% de eficácia, mais a mais no Estádio da Luz.

Factos que levou Rui Vitória a modificar a equipa logo na entrada para a segunda parte, fazendo entrar Talisca e Guedes (saindo Pizzi e Vitor Andrade) que começaram a dar uma nova aragem ao onze benfiquista, estratégia que teve efeitos quase imediatos, dada a dinâmica imprimida.

Pelo que não foi novidade o Benfica ter começado a “bombardear” a área adversária, quer por Talisca. Jonas e até Mitroglou que, na primeira parte, esteve praticamente apagado.

Mesmo assim, não havia golos e os 43.417 espectadores presentes podiam concluir, a vinte minutos dos noventa, que a “vitória” podia estar a ficar longe do horizonte.

A entrada (72’) de Raul Jimenez foi a última carta do técnico benfiquista. Um Ás. “Facturou” logo de seguida, ao empatar a partida (74’), dando o melhor seguimento (uma cabeçada com conta., peso e medida) a um centro de Gaitán e a bola a entrar clom toda a força na baliza de um Stefanovic que, ao não fechar o ângulo (avançando um metro e poder tentar socar a bola), preferiu ficar em cima da linha e não pode fazer nada.

Estre golo, na hora “H”, deu maior ânimo e, dois minutos depois (76’), Samaris colocou o Benfica na posição de vencedor, ao aproveitar um passe atrasado e fuzilar a baliza de forma certeira, com alguma culpa de Stefanovic.

Mas se muitos esperavam que o caminho para o triunfo estava aberto, Cardozo (que havia entrado aos 63’) fez o favor de chegar ao empate (2-2) aos 83’, com um remate feito no meio de muitas pernas, ficando a dúvida se estaria ou não fora de jogo quando rematou. Mas a verdade é que o árbitro confirmou o golo, aliás aceite pelos jogadores do Benfica, que não contestaram fosse o fosse. E o caldo “entornou-se”.

Por pouco tempo, felizmente para o Benfica. Não estando em causa a superioridade dos encarnados, a verdade é que alguma inércia, falta de motivação e individualismo, eram os motivos porque a formação de Rui Vitória não conseguia resolver o assunto, ao contrário dos comandados de Miguel Leal, que se “desunhavam” para não perder.

A salvação chegou com um golo de Jonas – o melhor marcador da equipa na época passada – que dominou a bola vinda de Gaitán e rematou à, meia volta, para dentro da baliza, fixando o resultado final. Ganha quem marca. Está tudo dito, mesmo que não tivesse tido os tais 75% de bola que, para o deve e haver final, algumas vezes não conta nada. Como se ia verificando neste jogo.

Destaque para Luisão, Samaris, Nico Gaitan, Jonas, Eliseu, Raul e Nelson Semedo no Benfica, enquanto no Moreirense Stefanovic foi grande, como Cardozo e Rafael Martins, bem como Danielson, Vitor Gomes, Iuri Medeiros e João Palhinha.

Jorge Ferreira (Braga), o juiz do encontro, só pecou por ter estorvado, pelo menos por duas vezes, as jogadas ao ver a bola bater no seu corpo – o que denuncia falta de sentido táctico dentro do campo em relação ao eixo que a bola levar – dado que em termos disciplinares e técnicos não se vislumbraram erros crassos. Os árbitros assistentes Inácio Pereira e Jorge Oliveira) também não tiveram interferência no trabalho global da equipa, que foi positivo.

Constituição das equipas:

Benfica – Júlio César; Nelson Semedo, Luisão, Lisandro Lopez e Eliseu (Raul Jimenez, 72’); Vítor Andrade (Guedes, 45’), Samaris e Gaitán; Pizzi (Talisca, 45’), Mitroglou e Jonas.

Moreirense – Stefanovic; Sagna, André Micael, Danielson e Evaldo; João Palhinha, Vítor Gomes e Filipe Gonçalves (Alan Schons, 80’); Iuri Medeiros (Cardozo, 63’), Rafael Martins (Boateng, 69’) e Ernest.

Disciplina: amarelo para Pizzi (39’), Ernest (41’), Filipe Gonçalves (49’), Cardozo (90’) e Boateng (90+1’)

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