Este domingo marca o início da época oficial do Futebol, com a realização da Supertaça, que oporá as formações do Sporting e do Benfica, tendo como palco o Estádio do Algarve, ao que parece completamente esgotado.
Entretanto, o campeonato da II Liga começou a rolar na passada sexta-feira e no dia 14 será o Sporting (frente ao Tondela) a abrir a sessão.
E neste preâmbulo temporal, a ética parece ser, ainda antes dos jogos, o mal maior para muita gente que gira em torno do desporto, pelo menos pela leitura que se poderá fazer de alguns textos que vão sendo publicados enquanto noutros se apela e se refere à necessidade de sermos desportistas com verticalidade, fair play e ética.
Naquilo que foi possível verificar, a primeira nota é dada por Carlos Cardoso, presidente da Confederação do Desporto de Portugal, na sua crónica habitual em A Bola (5 de Agosto), que intitula a sua peça de “Ética precisa-se”, pelo facto de a estação alemã de televisão (ARD) e o semanário britânico “Sunday Times” terem trazido a lume um conjunto de dados sobre resultados suspeitos nas amostras recolhidas em campeonatos do mundo e jogos olímpicos, no que se refere ao atletismo, deixando uma crítica implícita pelo facto de, segundo os dois meios de comunicação social referidos, terem utilizado números que se supunham confidenciais, como acontece nestes casos.
Resta saber como esses dados foram conseguidos pelos jornalistas para se perceber o porquê. A Associação Europeia de Atletismo (EAA) foi a primeira a sair a terreiro sobre o assunto mas o comunicado subscrito pelo respectivo presidente, embora condene o facto, não se adiantou muito em comentários. Mas a Agência Mundial Antidopagem já abriu um inquérito, o que é bom.
Por parte da Federação Internacional, que controla este tipo de processos, não se viu um esclarecimento veemente sobre o assunto e, como se está na fase de campanha eleitoral (acto que está marcado para o mundial de Pequim, a partir do dia 20 deste mês), entendeu estar fechada na sua casa.
No dia a seguinte(6 deste mês), Jenny Candeias, antiga ginasta, técnica e juíza internacional, no mesmo jornal, como que pedia “Respeito” – é o título da peça – quanto às críticas pouco favoráveis que surgiram recentemente sobre a realização de uma priva de natação em águas abertas para Masters, cujo local não tinha as condições mínimas para se fazer a competição, o que levou o camponíssimo Bessone Basto a levantar o respectivo protesto.
No dia 7, duas situações em que, de alguma forma, a ética também sofreu alguns desaires.
Num lado, com Tomaz Morais, um excelente técnico, pedagogo e até há poucos dias DTN na Federação de Rugby, a “defender-se” do comportamento que a Direcção da Federação Portuguesa de Rugby teve, em especial por parte do presidente, que terá dito que a indicação dos técnicos para as selecções de sevens e de 15 – que não atingiram os objectivos propostos – foi feita pelo DTN, retorquindo o agora ex-DTN que sim, que propôs os melhores que havia no mercado e perante as condições que foram balizadas em termos financeiros.
Entende-se o “desabafo” de Tomaz Morais mas terá sido pouco cortês, eticamente, embora respondendo pela mesma forma.
Três situações em que, sendo fora do futebol, custam mais a “assumir”, face à qualidade dos dirigentes e todo o pessoal que desempenha funções nas referidas modalidades.
A quarta respeita ao futebol e, como não podia deixar de ser, ao Benfica-Sporting deste domingo.
Considerando-se como verdade – não foi desmentido até agora – Jorge Jesus referiu (Record, em 7 deste mês), que “o que vejo no Benfica foi tudo criado por mim”, quiçá à espera de uma resposta do colega Rui Vitória, que treina o Benfica. O que não se verificou.
Não estando em causa o que Jesus disse – terá as mais diversas razões para a afirmação feita – mas a questão é que, feita a dois dias do derby na Supertaça, muda de figura e configura uma forma de provocar o vizinho da segunda circular. Que desta vez ninguém respondeu por parte dos benfiquistas.
E ainda não se soube a reacção de Mourinho ao empate, em casa, frente ao modesto Swansea.
Por tudo isto, seria bom que ética e respeito estivessem de mãos dadas, porque há regras de convivência a cumprir.
E, acima de tudo, como se sabe, se o peixe morre pela boca, ao ser humano também pode acontecer o mesmo, quando não tem tento.
Esperemos que seja apenas uma crise “passageira” e que se pense antes de se falar, para bem do desporto e dos desportistas!
Haja Ética e Desportivismo!