Bem o pode dizer – e disse – José Gonçalves que, num sprint final de grande pujança, acreditando na fé, primeiro, de que queria ganhar uma etapa, segundo, porque gostaria que fosse em Santa Luzia (Viana do Castelo) precisamente onde terminou a5ª etapa, esta segunda-feira.
Em mais uma corrida disputada até ao milímetro final – aos três primeiros foi atribuído o mesmo tempo – sem dúvida que Gonçalves puxou toda a sua fé “para cima” e, lá no alto, Santa Luzia “benzeu” o português que representa a equipa espanhola do Caja Rural-Seguros RGA, que o levou ao segundo lugar da classificação por pontos (61), apenas a 8 do líder, Gustavo Veloso, enquanto subiu ao 17º da geral, a 2.24 do mesmo Gustavo Veloso.
Gustavo Veloso (W52-Quinta da Lixa) continua a ser o camisola amarela. Ao terminar pelo segundo dia consecutivo, na terceira posição, atrás do companheiro de equipa Delio Fernández, com o mesmo tempo do vencedor e bonificando quatro segundos reforçou um pouco mais a liderança. “O importante é estar o mais à frente possível. Sou como uma formiguinha, vou conquistando segundo a segundo, mas ainda não estou tranquilo. Tenho fortes adversários”, explicou o galego que já perdeu uma Volta por apenas quatro segundos em 2013.
Para além de comandar a classificação geral, Veloso assume agora a liderança na classificação dos pontos, simbolizada pela camisola vermelha Banco BIC e é também o líder do Prémio Kombinado KIA, fruto das posições cimeiras em que se encontra. Embora não tenha vencido nenhum dos dois Prémios de Montanha nesta etapa, Bruno Silva (LA Alumínios-Antarte) continua a ser o portador da camisola azul Fundação do Desporto. O russo Aleksey Rybalkin (Lokosphinkx) é o jovem melhor classificado, camisola branca RTP.
É raro acontecer o último a terminar a etapa tem honras de destaque mas este sexto dia de competição foi diferente. José Gonçalves triunfou mas o destino, ou as circunstâncias da corrida, fizeram com que o irmão gémeo, Domingos Gonçalves (Efapel), fosse o último a chegar a Viana do Castelo. Coisas de … família!
A etapa desta segunda-feira
Depois do verdadeiro e emocionante espectáculo da chegada a Braga, no ano passado, a “Cidade dos Arcebispos” serviu de palco de partida da quinta etapa. Agosto sentiu-se ao longo de toda a tirada. Milhares de adeptos, muitos deles emigrantes a passarem férias, aplaudiram os homens do asfalto. A competição teve também neste dia direito a visitas especiais. À partida, André Cardoso, que corre na formação estrangeira Team Cannondale-Garmin e foi segundo classificado na Volta em 2011, fez questão de desejar boa sorte aos companheiros.
Em dia de romaria ao Santuário de Santa Luzia, em Viana do Castelo, houve 11 “peregrinos” que quiseram animar a tirada. Neste grupo de fugitivos, para além de equipas estrangeiras, estiveram representados cinco conjuntos portugueses. A única equipa sem qualquer representante na fuga foi exactamente a equipa do líder, a W52-Quinta da Lixa, que tratou da perseguição.
Ao fim de 100 quilómetros juntos, Alberto Gallego (Rádio Popular-Boavista) decidiu atacar e o resto do grupo ainda lutou para não ser alcançado. A resistência dos últimos, onde estava o corredor axadrezado, prémio combatividade, durou até faltarem dois quilómetros para a chegada.
Como se referiu José Gonçalves (CJR) ganhou com 4.09.07, tendo Delio Fernandez e Gustavo Veloso (W52) ocupado as posições seguintes, com o mesmo tempo do vencedor, enquanto Jóni Brandão foi 4º (a dois segundos) e Alejandro Marques 5º (com mais três),ambos da EFAPEL.
Na geral, Gustavo Veloso tem 15 segundos de vantagem sobre Delio (W52) e 41 sobre Jóni Brandão (EFP), 52 sobre Amaro Antunes (LAA) e 1.02 sobre Alejandro Marque (EFAPEL). Nas equipas, a W52 continua líder (69h.33m.01s), com a LA a 2.10, a Rádio Popular-Boavista a 2.51, a Louletano-Ray Just a 3.18 e a EFAPEL a 4.33.
O momento do dia foi caracterizado pelo facto de a partida da etapa, em Braga, ter ficado marcada pela homenagem a João Peixoto Alves, vencedor da Volta há 50 anos pelo Benfica. A freguesia de Soutelo é a terra natal deste homem que protagonizou uma carreira profissional curta, de 1960 a 1967, tendo abandonado a competição aos 26 anos, ainda assim com tempo suficiente para pedalar em 171 provas, entre elas a Volta a França do Futuro de 1963 onde conseguiu um 7º lugar na geral e a vice-liderança na Montanha.
De baixa estatura, Peixoto Alves ficou conhecido no mundo velocipédico pelo “Fiat 500”. Considerado um dos embaixadores do ciclismo benfiquista, esta glória do mundo das duas rodas a pedal, dá nome ao Circuito da Palmeira/Prémio Peixoto Alves, prova organizada para a categoria de Juniores.
Esta terça-feira, o dia é dedicado à sexta etapa, com partida em Furadouro (Ovar) às 13h20 e a chegada em Oliveira de Azeméis depois de percorridos 155,3 km.
O regresso de Ovar à Volta é uma das novidades desta edição sendo a praia do Furadouro o cenário de partida da etapa que antecede o dia de descanso. Aumentada em pouco mais de dois quilómetros relativamente à distância inicial devido a obras no percurso, a etapa vai permitir aos sprinters assumirem o protagonismo com a chegada na longa Avenida D. Maria I.