Sábado 23 de Novembro de 2024

Delio Fernandez novo Camisola Amarela

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Nuno Veiga

Dando corpo e alma ao espírito e esforço feito no último quilómetro nesta segunda etapa, esta sexta-feira concretizada entre Macedo de Cavaleiros e Montalegre, o espanhol (mais um) Delio Fernandez (W52) venceu uma das etapas mais difíceis da prova, provocando a mudança de líder na geral.

Com o final na Serra do Larouco (a 1.525 metros de altitude), Fernandez “encheu” o peito de ar e e ”estoirou” com toda a gente a cerca de um quilómetro da chegada, quando contra-atacou e viu ser coroado o seu esforço.

Natural da Galiza, Fernandez mostrou como se “sobe” e levou o seu compatriota e companheiro de equipa na W52-Quinta da Lixa, Gustavo Veloso, que foi terceiro (a seis segundos), a saltar para o comando da classificação geral.

No segundo local mais elevado de Portugal continental, alheio à força do vento que soprava, Veloso vestiu a Camisola Amarela repetindo o que fizera em Montalegre, no ano passado, quando venceu a Volta com a liderança conquistada no Larouco.

O anterior comandante, o belga Gaetan Bille (Verandas Willems Cycling Team), ainda deu luta para manter a liderança até aos últimos três quilómetros, mas como o próprio antecipou não conseguiu acompanhar o ritmo na derradeira fase e chegou ao fim mais de dois minutos depois do vencedor afundando-se na tabela.

Fernández, agora vice-líder na classificação geral a três segundos, revelou a sensação do dever cumprido, assim como José Gonçalves (Caja Rural-Seguros RGA), segundo nesta etapa, que alcançou a terceira posição da classificação geral e permitiu-lhe vestir a Camisola Vermelha Banco BIC, pela melhor regularidade nas duas etapas em linha que a Volta teve até agora. Após a conclusão da primeira etapa de montanha desta edição, há sete portugueses entre os dez melhores classificados.

Pela manhã, o sol espreitava envergonhado em Macedo de Cavaleiros, cidade que deu a partida aos 175,6 quilómetros da segunda etapa. Focado em manter a liderança na Montanha, Bruno Silva não quis esperar e com apenas quatro quilómetros de prova escapou do grande grupo.

O português da LA Alumínios-Antarte foi novamente protagonista no grupo de cinco homens que estiveram em fuga mais de 160 quilómetros, vencendo três das quatros contagens de montanha do dia e manteve a Camisola Azul Fundação do Desporto.

Anulados os fugitivos a 12 quilómetros da meta foi um pelotão compacto que atacou a subida à Serra do Larouco. A chuva que ainda caiu durante a etapa fez lembrar a intempérie do ano passado, em Montalegre, mas no fim foi o sol que brilhou, juntamente com o vendaval galego.

Que o ciclismo é espectáculo, não há quem negue. Seja pela entrega ao esforço, pelos excessos ao sprint ou pelas dificuldades que só a montanha  consegue  revelar.

É em altitude que se vivem as grandes emoções de uma modalidade como esta. Só a montanha tem autoridade para definir favoritos. A história da Volta a Portugal demonstra essa importância. Em 1971, a Torre, no alto da Serra da Estrela, surgiu no mapa da prova e, em 1978, foi a vez da sempre mítica Senhora da Graça, em pleno Monte Farinha, em Mondim de Basto, “entrar em cena”. Tanto uma como a outra são, nos dias de hoje, palco de um espectáculo que não é só ciclismo. A festa do povo divide protagonismo com o esforço depositado pelos corredores em cada palmo de asfalto.

Em 2014 a Volta conheceu a Serra do Larouco. A chuva, o vento e o nevoeiro quiseram estragar o início deste romance, numa etapa verdadeira épica a provar que, no fim de contas, é também por isso que a Montanha é especial. O ciclismo ganha com ela!

Na versão júnior, o alto da Serra do Larouco assistiu ao final da segunda etapa da 10ª Volta a Portugal de Juniores. João Almeida (Sicasal-Liberty Seguros-Bombarralense) venceu isolado a tirada de 77,6 quilómetros que começou em Boticas. O colega de equipa, Tiago Antunes, chegou no terceiro lugar e assumiu o comando da classificação geral individual. Esta competição para jovens conclui-se com uma etapa de 102,7 quilómetros que vai ligar Ribeira de Pena a Fafe.

Neste sábado, depois do Larouco, é a vez da Serra do Barroso se mostrar na Volta. Boticas dará início (12h55) a uma etapa de 172,2 quilómetros que vai levar a caravana até Fafe. A “Sala de Visitas do Minho” servirá de palco privilegiado para os sprinters.

Veremos se, depois da montanha desta sexta-feira, como vão reagir os ciclistas a uma teoricamente mais rápida.

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