Sábado 23 de Novembro de 3467

Do pesadelo … à conquista da Taça

SportingBraga_H0P6070Taça de Portugal – Sporting, 2 – Sporting de Braga, 2 (3-1 g.p.)

Sob um critério largo – dir-se-á à internacional, do estreante em finais de Taça, Marco Ferreira – a primeira parte não podia começado da pior maneira para o Sporting e por culpa própria (por erros imperdoáveis), que originou dois golos e a expulsão de Cédric.

Pese embora tenha sido o Sporting a tentar criar perigo junto da baliza bracarense, foi o Braga que conseguiu “enervar” os leões com Pardo a ser apenas parado por Jefferson, a desviar para canto uma avançada perigosa, situação verificada dois minutos depois (10’) quando o mesmo Pardo ganhou um canto.

Sem conseguir chegar à baliza do guardião russo, com jogadas não acabadas da melhor forma pelos jogadores leoninos, que não criaram grande “nervosismo” na área contrária, porquanto Carrillo e Nani preferiam o individualismo e Slimani estava algo “abstracto“ perante o jogo.

Em mais um contra-ataque, o Braga (14’) ganhou uma grande penalidade (indiscutível) pela “falta de pernas” de Cédric que deixou Djavan fugir-lhe, entrou na grande área e só aí o defesa leonino atuou mas em falta. Grande penalidade e cartão vermelho para Cédric, sem quaisquer dúvidas.

Chamado a marcar, Éder não deu hipóteses a Patrício para brilhar e o golo foi efetivado.

A jogar com menos uma unidade, os leões começaram a sentir grandes dificuldades na estratégia a implementar, o que deu aso, nos dez minutos seguintes, a várias questiúnculas que podiam estragar a festa o, que na realidade, não se verificou para agrado de todos.

Mas a “fúria” bracarense ante a passividade dos leões mantinha-se e acabou por surgir (25’) o segundo golo para os arsenalistas, no seguimento não só de um ascendente numérico mas também em termos de jogo jogado.

Sempre na brecha, manobrando em todos os lados, Rafa tem uma arrancada firme, precisa e concisa que, aproveitando a passividade de Miguel Lopes (que tinha entrado, por troca por João Mário, para colmatar a expulsão de Cédric) para surgir isolado frente a Patrício e fazer um golo sem espinhas.

A perder por 2-0 com apenas 25’ de jogo, as nuvens negras pairaram sobre um Jamor esgotadíssimo (35.890 espetadores), muito mais verde do que vermelho e, com isso, o Sporting podia estar a caminho de um “pesadelo”, face à descrença que se via, situação que se foi mantendo, porquanto os leões não conseguiam “respirar” ante uma estratégia dir-se-ia quase perfeita do Sporting de Braga.

A espaços, o Sporting deu um ar da sua graça mas o individualismo de Nani, Carrillo e mesmo Slimani (desgarrados e não se entre-ajudando), o que não implicou uma dinâmica de ataque como se pretendia, naturalmente com cautela face ao contra-ataque “venenoso” que podia voltar a surgir por parte dos homens do Minho.

Para o segundo tempo, não sabia o que podia acontecer. Se os leões ainda acreditavam ou se o fundo era o destino, porquanto o Braga continuava a não deixar o Sporting descansar. Mas a intensidade vivida resultante da peleja começou a vir ao de cima e a partir dos 75’ o Sporting “notou” que os bracarenses estavam a entrar em “débito” físico, e que era possível continuar a lutar, apesar de alguma descrença.

Mas o primeiro golo surgiu logo depois. Num passe longo para detrás da defesa bracarense, Slimani adiantou-se, aproveitando um erro Alan e, frente a Kritciuk, rematou a contar, quando decorria o minuto 83’.

Este golo “tocou” bastante a formação de Sérgio Conceição – já de si em queda literal em termos físicos – o que foi bem aproveitado pelo Sporting que chegou ao empate aos 93’, por intermédio de Montero, enviando a bola para dentro da baliza bracarense depois de recuperar a bola proveniente de um ressalto da defesa do Braga. Depois foram três minutos “arrepiantes”, mas nada se passou.

Seguia-se o prolongamento. A qualidade física da maioria dos jogadores mantinha-se deficiente, pelo que os trinta minutos foram apenas de “sofrimento”, quer para jogadores quer, em especial para os afetos ao Sporting, que começaram a sair antes ainda do leões terem marcado o primeiro golo.

Nani, aos 7’ do prolongamento, esteve à beira de marcar, o mesmo sucedendo a Agra que, a cinco minutos do final, surgiu frente a Patrício que defendeu superiormente.

Depois destes atos heroicos, fica para a história desta Taça de Portugal o facto de o troféu ser decidido através das grandes penalidades, um facto senão inédito pouco se terá verificado.

E nas grandes penalidades a felicidade chegou para o Sporting, não em forma de milagre mas quase, como salientou várias vezes o técnico do Sporting, Marco Silva.

O Braga deu início às grandes penalidades com Alan a marcar, tendo Adrien empatado. Na segunda ronda, André Pinto atirou de forma a Patrício defender de forma superior e Nani marcou, colocando o Sporting na liderança. Na terceira, Eder mandou para fora e Slimani colocou o Sporting a ganhar por 3-1. Logo de seguida, Salvador Agra falhou e o Sporting ganhou a Taça de Portugal, fechando a época com um troféu que já “não via” há sete anos.

No acreditar esteve o ganhar. Mesmo que não fosse isso, a verdade é que ganha quem marca. O Braga teve a seu favor uma primeira parte com garra, com força de vontade, aproveitando até alguma inércia sportinguista. Teve contra a falta de força física a partir do meio da segunda parte, o que originou o empate do Sporting.

Depois, foi mais um pouco de felicidade para o lado dos leões. As equipas estão de parabéns, pelo denodo que demonstraram e pela ética e “fair play” que tiveram no que foi uma super-maratona.

Sob a direção do madeirense Marco Ferreira – que teve alguns problemas na parte inicial mas que recuperou bem – assistido por Tiago Trigo e Sérgio Serrão (sem problemas), as equipas alinharam:

Sporting – Patrício; Cédric (Miguel Lopes, 17’; depois Montero, 73’), Paulo Oliveira, Ewerton e Jefferson; João Mário, William Carvalho e Adrien; Carrillo (Carlos Mané, 53’), Slimani e Nani.

Sporting de Braga – Kritciuk; Baiano, Santos, André Pinto e Djavan (Sasso, 81’); Mauro, Ruben Micael (Alan, 6 e Luiz Carlos; Pardo (Salvador Agra, 74’), Eder e Rafa.

Disciplina: vermelho (directo) a Cédric (14’), amarelos para Baiano (22’), Luiz Carlos (48’), Eder (54’), Kritciuk (70’), Mauro (37’ e 115’), seguido de vermelho e Sasso (85’).

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