Sexta-feira 22 de Novembro de 2024

Desporto para o Desenvolvimento Obstáculos à igualdade de género

LeilaMMota

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Leila Marques Mota, presidente da Comissão das Mulheres do Desporto, grupo de consulta e acção criada no seio do Comité Olímpico de Portugal, foi a palestrante que, na Universidade Lusófona, abordou o tema em título, no âmbito do Ciclo de Conferências promovido, em parceria, pelo COP, pela Universidade Lusófona e pelo Comité Paralímpico de Portugal.

Conhecida como Leila Marques (nome de solteira e de atleta), a ex-nadadora paralímpica esteve em quatro edições Jogos Paralímpicos (1996 em Atlanta; 2000 em Sydney; 2004 em Atenas e 2008 em Pequim), tendo como melhor resultado um 5º lugar nos 100 metros bruços, precisamente no berço dos Jogos (Atenas), acrescentando outro quinto posto mas na estafeta de 4×50 metros livres.

Leila começou por salientar que este novo projecto está em fase de prospecção e análise, dado pouco existir sobre o assunto, pelo que tem sido um trabalho árduo em articulação com as Federações Desportivas que integram o Comité Olímpico, mas frisando desde o início da sua intervenção que “o desporto elimina os obstáculos”.

Passou em revista um conjunto de melhorias que o desporto proporciona, dando exemplos como a auto-estima, a capacitação, o respeito e a perseverança, tendo frisado que o número de mulheres a praticar desporto está em crescendo embora não permitindo a Portugal sair da cauda da Europa no que respeita ao desporto federado, o que classificou com um problema de ordem cultural.

Falando nas diferenças entre sexos, referiu que, para além da questão cultural, outros vectores correspondem às questões de ordem social, histórica, da produção e da reprodução, papéis que cabem ao homem e à mulher, culminando por dizer que é preciso “desconstruir as ideias e reconstruir a igualdade”.

Depois de passar em revista vários quadros estatísticos em relação ao número de mulheres e homens que praticam desporto e que se encontram federados, quer como atletas, árbitros/juízes, treinadores e dirigentes, referiu-se ao papel da média, porquanto, por norma, “perpetuam e acentuam as diferenças, o que não é positivo e cria esta assimetria no desporto”.

Frisou ainda que as mulheres têm grandes dificuldades em escolher o que fazer em determinados momentos da vida, sendo mais comum o adiamento da maternidade por causa das competições.

Neste ponto, que é conhecido por técnicos, dirigentes e de outras companheiras da vida desportiva, sabe-se que algumas não conseguem gerar a maternidade e chegar a mães, como também desejariam para além dos títulos ou medalhas que alcançaram, não porque não o tentem fazer mas porque o organismo já não tem “qualidade” para responder a um desafio desse tipo, face às enormes cargas emocionais e físicas suportadas ao longo de dez e mais anos a alto nível.

Culminou por divulgar que, neste quadro temporal de 2014/2020, os objectivos são reduzir o estereótipo que tem “vigorado” de há muitos anos a esta parte e aumentar o mediatismo do desporto feminino em 30%, desmistificando a questão do género no desporto.

O que passa pela mudança do actual comportamento das federações desportivas, estando a iniciar-se a criação de um conjunto de documentos orientadores (através da publicação de textos sobre o assunto), aguardando com expectativa os resultados do Congresso Mulheres e Desporto que o Comité Olímpico de Portugal irá realizar em Loulé, em Outubro ou Novembro deste ano, e onde estarão presentes figuras gradas, nacionais e estrangeiras, ligadas a este fenómeno da igualdade de género no desporto.

Pela amostra dada por Leila Marques Mota, por certo que há matéria de sobra para ser analisada e, daí, sair um programa para um futuro mais risonho para os homens e as mulheres desportistas, logo, para Portugal.

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