Linhas orientadoras para treinadores e professores
“A saúde das crianças e dos jovens em primeiro lugar” é um dos slogans que engloba o caderno promovido pelo Plano Nacional de Ética no Desporto dirigido especialmente para os treinadores e professores, criando as respectivas linhas orientadoras e que esta quinta-feira foram apresentados precisamente aos que tem a missão de ajudar na educação e no treino dos nossos jovens.
Como disse o filósofo francês Albert Camus “foi no desporto que aprendi tudo o que sei sobre a ética” – frase que é replicada no referido caderno – é de esperar que, pela formação e pela profissão que escolheram, que os professores e os técnicos interiorizem o que Camus deixou para os futuros seguidores e podermos pensar que as nossas crianças comecem a entender o que a ética significa na valorização humana de cada cidadão.
E não só com palavras que, para os mais jovens, poderá ser mais difícil de compreender, mas com actos que, pelo seu valor moral, social, de cidadania, os levem a tentar perceber o que os rodeia no dia-a-dia, quer em tempo de aulas quer, abrindo caminhos para um futuro – que é já amanhã – em que se compreendam as decisões que venham a tomar quando chamados a desempenharem funções de grau mais elevado numa subida consentânea com cada patamar a que consigam chegar na vida.
Como se diz nos referidos cadernos, “a ética, enquanto sistema de valores, ajuda-nos a tomar consciência de que não podemos viver de qualquer maneira, que na vida não vale tudo e que os nossos comportamentos têm consequências nos outros e na sociedade que ajudamos a criar”.
Citando ainda o “porquê a ética no desporto?”, o documento distribuído aos técnicos e professores – foram muitos que estiveram na Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa – adianta que “a mesma visão deve ser aplicada à prática desportiva”, frisando que “os objectivos individuais ou a vitória não só não devem ser a única meta como também não podem ser conseguidos a qualquer preço devendo, para tal, implicar valores como o esforço, o respeito, a tolerância ou a justiça, valorizando desta maneira o contexto desportivo como impulsionador de valores éticos e deontológicos.”
Culminando este “porquê a ética no desporto?”, frisa-se que “a prática desportiva demonstra um capital único, o qual pode e deve ser aproveitado com vista ao seu desenvolvimento para fins educativos, uma vez que está vinculado a um conjunto alargado de valores que lhe são potencialmente associados”.
Menções que, ao longo dos anos, vem sendo divulgadas mas cujos resultados não tem sido tão positivos como se desejaria. Basta acompanhar, minimamente, o que alguma comunicação social “brota” para os leitores para perceber que de ética pouco tem resultado. Mas vale sempre a pena tentar. Julga-se que é o mote a renovar-se, desta vez com os sectores governamentais da Educação e do Desporto (representados na cerimónia de apresentação pelos respectivos Secretários de Estado) de mãos dadas, no que se pode entender como uma mais valia, salientando ainda outros parceiros, como o Instituto Luso-Ilírio para o Desenvolvimento Humano e o LED on Values.
Dentro do Compromisso com a Ética Desportiva, que muitas instituições, clubes e cidadãos – independentemente da função que desempenhem no desporto – têm vindo a subscrever, os dois cadernos ora publicados podem fazer a diferença no início do cimentar de um renovado paradigma ético, que se torna urgente reforçar junto da respectiva comunidade escolar e desportiva.
Que todos assumam o compromisso com alma, coração, esforço, espirito desportivo, fair play e, essencialmente, com profissionalismo, dentro de um contexto de compreensão, tolerância, flexibilidade, exigência, respeito, rigor e frontalidade.