Na verdade, foi uma questão de tempo até o Benfica começar a desenhar um triunfo que acabou por ser justo, dado que “mandou” em todo o jogo, pese emoira as dificuldades que encontrou no lado azul do Restelo, muito fechado sobre a sua baliza e que não permitia grande desenvoltura por parte dos jogadores benfiquistas.Mas não foi só isso. O Benfica também teve culpa porquanto não soube encontrar o caminho para a baliza belenense face a um jogo não de equipa mas de “estrelas”, que só fizeram o que queriam e não pensaram no colectivo. E se é verdade que um qualquer jogador pode fazer, em determinando momento, a diferença, o que aconteceu foi que não surgiu nenhum dado que, individualmente, ninguém conseguiu.
Os azuis fecharam, até ao primeiro deslize (que deu o primeiro golo do Benfica), muito bem os corredores de acesso à baliza de Jones e apenas contra-atacavam amiúde, o que se confirmou no final da primeira parte, quando as estatísticas diziam que o Benfica tinha 68% de posse de bola contra 32% do Belenenses, e que os encarnados tinham feito sete remates à baliza de Matt Jones contra dois dos azuis. Tudo certo. Mas em futebol o que contam são os golos. E isso o Benfica não cumpriu.
Gaitán voltou a ser um homem influente na equipa benfiquista, com realce para a segunda parte, não o sendo na primeira porque se queria impor individualmente. Mas não só. Talisca, Sálvio e Enzo também “aderiram” a esse sistema.
O primeiro remate a sério do Benfica foi feito por Gaitán aos dez minutos (chuto ao lado), seguindo-se Talisca (17’) que obrigou Jones a uma excelente defesa, ripostando os azuis com um remate da autoria de Tiago Caeiro (19’), que obrigou Júlio César a uma também excelente defesa.
Num lançamento de linha lateral (22’), Maxi colocou a bola na cabeça de Luisão, que fez um pequeno desvio mas não suficiente para a bola se dirigir para a baliza (o que seria golo), ripostando o Belém (34’) com um bom remate de Fredy mas às malhas laterais.
O Benfica beneficiou de um livre directo, a 27 metros da baliza de Jones, que Talisca marcou para a barreira, retornando o Benfica a fazer perigo aos 42’, quando o guardião Jones chocou com um seu colega de equipa e podia ter dado golo, se não fosse o alívio rápido da defesa. E o intervalo chegou com o empate verificado na época na anterior a “pairar” no ar
No segundo tempo, o Benfica manteve a toada mas o Belenenses começou a chegar-se mais à frente, o que provou uma maior velocidade na transicção da bola. Ainda assim (48’), Jones foi obrigado a fazer uma excelente intervenção. Aos 55’, num centro largo por parte de Gaitán, a bola sobrevoa a pequena área e Jones viu-se em apuros ao socar a bola para perto, valendo à defesa o seu afastamento definitivo da linha de perigo.
Em três minutos, o Benfica forçou a nota, por intermédio de Salvio e Gaitán, com o primeiro a atirar à figura de Jones e o segundo a rematar ao lado do poste. Foi o toque para anunciar que o golo estava eminente.
E assim foi. Aos 64’, Lima – que entrara para a segunda parte – surgiu isolado a um metro da linha de golo e meteu a bola na baliza, depois de um centro de Jardel e de um toque de Jonas para o avançado brasileiro, que não perdoou, inaugurando o marcador.
O Belenenses acusou o golo e Salvio, de longe, rematou à figura de Jones. Mas o “golpe” fatal chegou logo a seguir. Num lance de ombro a ombro, Salvio cai para lá da linha final e o árbitro indicou a marca da grande penalidade. Não nos pareceu haver um movimento mais duro do defesa mas … manda quem pode. Chamado a cobre a falta máxima, Enzo Perez rematou forte, junto ao poste direito do guarda-redes e fez o 2-0. Que acabou com o Belenenses e com o jogo, pelo menos em termos de se saber que o vencedor estava encontrado.
Com a quebra anímica, os azuis deixaram de ter acção forte e foi ainda o Benfica que chegou ao 3-0 (82’), com um golo alcançado por Salvio, que deu seguimento a um passe vindo de Gaitan, que fez um excelente trabalho, o que foi rejubilado pelos 46.611 espectadores presentes, uma excelente moldura humana.
E o comando da Liga foi mantido, o que é um excelente “handicap” para o Porto-Benfica da próxima jornada.
Destaque para Júlio César, Luisão, Gaitán, Jonas, Lima e Enzo Perez, enquanto nos azuis o destaque vai para o guardião Matt Jones (que não podia aguentar com tudo), muito a par de Tiago Caeiro, João Afonso, Fredy, Gonçalo Brandão, Bruno China e Palmeira.
Manuel Oliveira (Porto), dirigiu o jogo sem grandes problemas, a não ser a grande penalidade a favor do Benfica que não nos pareceu ser plausível, acompanhado pelos assistentes Alexandre Freitas e Tiago Costa que estiveram bem, muito embora com falhas na indicação a quem pertencia a bola quando ela saía do campo. Ficavam à espera que o árbitro indicasse.
As equipas:
Benfica – Júlio César; Máxi Pereira (Benito, 85’), Luisão, Jardel e André Almeida; Salvio, Samaris e Gaitán; Talisca (Lima, 45’), Enzo Perez (Pizzi, 80’) e Jonas.
Belenenses – Matt Jones; Palmeira, João Afonso, Gonçalo Brandão e Nélson; Pelé, Fábio Nunes (Tiago Silva, 79’) e Bruno China (Dantas, 67’); Abel Camará, Tiago Caeiro (Sturgeon, 51’) e Fredy.
Cartões amarelos: Tiago Caeiro (36’), André Almeida (48’) e Júlio César (55’)
Artur Madeira