Uma vez mais a falta de concentração e o abuso na posse individual da bola resultaram num resultado negativo para as aspirações do Sporting, que continua a afastar-se dos lugares da frente.Numa primeira parte mais ou menos “ensonada”, o Sporting só se pode queixar de si mesmo, apesar da maior posse de bola, de mais remates e de mais cantos, que não surtiram qualquer efeito.
Por isso é preciso justificar o porquê de, em trinta e seis minutos, os leões (como anunciaram nos écrans) terem tido quatro cantos contra dois e seis remates contra três do Paços e, nesse espaço de tempo, terem sofrido um golo (bem marcado). Como é possível? Porque a quantidade não corresponde à melhor qualidade mas, antes, a uma desconcentração que parece ter continuidade.
Outro factor é o das mexidas na equipa que, umas vezes, surtem efeito, outras não. Se Carrillo foi o herói contra o Schalke (não entrando no início do jogo), com Nani em plano elevado, contra o Paços entrou de início e pouco fez, tal como Nani ou, melhor, o ponta de lança do lado esquerdo só jogava, na maior parte das vezes, com ele próprio ou lateralizando a bola.
A equipa até começou bem com um remate de longe por parte de João Mário que obrigou Defendi a uma boa defesa. E foi só. Porque até ao golo do Paços nada se viu que indiciasse que os leões estavam a jogar para ganhar.
E aos 31’ o Paços marcou. Bem lançado pelo corredor central, com um passe de Minhoca, sem qualquer defesa do Sporting a tentar barrar o caminho, Hurtado descaiu um pouco para a direita e antes da linha de grande área desferiu um potente e colocado remate que Patrício não viu e quando reagiu já era tarde. Onde estavam os defesas (Jefferson e Sarr) nesse lado esquerdo do Sporting?
O Sporting tentou reagir mas até ao intervalo não conseguiu. Jefferson (36’) e Carrillo (43’) ainda remataram mas o guardião pacense resolveu sem problemas. Pelo meio, o Sporting teve ainda outra oportunidade, com três jogadores na área do Paços, mas nenhum se mexeu e a bola perdeu-se.
No segundo tempo, o técnico do Sporting fez entrar, de uma só vez, Montero e Carlos Mané, para dar consistência ao ataque, o que produziu efeitos três minutos depois (49’). Tendo captado a bola no centro do terreno, Montero seguiu em frente, desviou a bola de um defesa e, antes da grande área, desferiu um remate forte que Defendi não conseguiu defender porque a bola foi rápida e entrou quase junto ao poste.
Com mais atacantes, pensava-se que o Sporting iria carregar no “acelerador”. Mas foi sol de pouca dura. Aqui já os leões somavam dez remates contra cinco do Paços, só que apenas acertaram um (em dez) enquanto o Paços meteu um em cinco.
Apesar de ter sofrido o empate, nem por isso os visitantes baixaram os braços. Agarraram-se à “alma” e foram “secando” todas as tentativas sportinguistas, embora sem perder a embalagem para “chatear” Patrício, pese embora a supremacia estivesse do lado do Sporting, como lhe competia.
Nani (69’) marcou um livre que obrigou Defendi a esticar-se para defender para canto, do que nada resultou tendo, depois (72’), Jefferson rematado de longe, mais em jeito do que em força, mas levou a bola por cima da barra. E dois minutos depois o Paços ficou reduzido a dez unidades por expulsão (duplo amarelo) atribuído a Sérgio Oliveira, um dos esteios da defesa pacense.
O Sporting nem por isso aproveitou a oferta, tanto que Jefferson (75’), Nani (79’), Montero (81’) e Slimani (89’) não conseguiram marcar.
Foram 28.456 que estiveram em Alvalade a ver o jogo e, por certo, todos viram a incapacidade do Sporting resolver o jogo a seu favor. Os altos e baixos vão continuar enquanto a equipa não se estabilizar e jogar com todos e não apenas com alguns.
Maior “festival” foi para Bruno Esteves. Uma “sinfonia” de doze cartões amarelos dos quais, pelo menos, cinquenta por cento sem justificação. Se do ponto de vista técnico ainda esteve menos mal (retirando a dualidade de critério na marcação de faltas para uma e outra equipa, que se verificou algumas vezes) nos cartões foi uma lástima, ao ponto de, numa só vez, mostrar cartões a três jogadores em simultâneo por um pequeno “desaguisado”. Quanto aos foras de jogo – os sim e os não – a “culpa” é sempre dos assistentes Mário Dionísio e Rui Teixeira) e por vários motivos, um deles a falta de concentração e discernimento da visão da jogada.
Quanto aos jogadores, realce para Jefferson, João Mário, Adrien, Nani e Carlos Mané, mais Defendi, Minhoca, Jailson, Hurtado, Seri e Ricardo.
As equipas alinharam:
Sporting – Patrício; Cédric (Capel, 78’), Paulo Oliveira, Sarr e Jefferson; João Mário, William (Carlos Mané, 46’) e Adrien; Carrillo (Montero, 46’), Slimani e Nani.
Paços de Ferreira – Defendi; Jailson, Ricardo, Rafael e Helder Lopes; Sérgio Oliveira, Minhoca e Seri; Hurtado (Romeu, 78’), Bruno Moreira (Cícero, 64’) e Urreta (Vasco Rocha, 86’).
Disciplina: amarelos para Cédri (27’), João Mário (38’), Jefferson (45’), Sérgio Oliveira (62 e 74’ e expulsão), Paulo Oliveira (70’), Ricardo e Seri (77’), Carlos Mané (78’), Defendi (84’), Vasco Rocha (86’) e Romeu (90+1’).
Artur Madeira