Ao assumir que a equipa não teve eficácia, Marco Silva, o técnico dos leões não disse tudo, sendo que o empate – e para o caso não importam as oportunidades criadas – surgiu de um duplo brinde (porque foram dois os jogadores que fizeram a oferta) da defesa da equipa da cruz de Cristo ao peito.Continua a existir, por parte dos jogadores de meio campo e linha avançada, o não saber qual a posição a tomar quando a equipa ataca; verifica-se também que o discernimento é diminuto (passes com muita força, para onde não está ninguém ou mesmo para onde estão as “figuras” principais, a maior parte das vezes “tapadas” ou com pouco espaço de manobra); a maturidade é pouca, o que advém de ser uma equipa mais jovem, embora haja muita qualidade e também se pode falar em alguma “displicência” em certas situações, o que não deve existir.
Não dúvida para ninguém que o Sporting foi quem mais pressionou, que deteve a bola em seu poder durante muito mais tempo, que criou muitas oportunidades – e podia ter criado mais – mas a tal eficácia de que fala (e com razão) Marco Silva, só deve servir para evitar que se repita muitas vezes.
Também é verdade que ainda estamos na quarta jornada e que nada está perdido, mas candeia que vai à frente alumia melhor. E o Sporting pode ficar a seis pontos do primeiro, o que é uma margem que causa preocupação de vários pontos de vista, em especial psicológico o que, aliás, Jefferson, ao ver o segundo amarelo por discutir com o árbitro, é uma nota a ter em conta.
O Sporting dominou sempre – ante um Belenenses que, jogando mais atrás, não se remeteu a uma defesa tipo “autocarro” e, com menos remates, fez perigar a baliza de Patrício, como resulta de ter marcado um golo (por deficit de actuação e concentração da defesa sportinguista), o que não se verificava há nove anos – e mais ainda quando, a partir do 61º minuto, fez entrar Capel e Mané para a linha da frente, precisamente para tentar colocar o resultado a seu favor. O que, por culpa dos jogadores, não deu resultado porque daí apenas saíram jogadas mais rápidas mas remates ao lado ou para o guarda-redes defender ou porque a defesa azul “sacudiu” a pressão.
Em linhas gerais, este foi o (pequeno) filme de um empate que o Sporting e os 34.980 assistentes não queriam ter visto.
A equipa do Restelo soube tornear as dificuldades, teve sorte e mérito (uma parte ainda grande por demérito dos leões), tanto que aos 12 minutos de jogo, Sturgeon, numa espécie de “chapéu” teve oportunidade de marcar mas a bola, caprichosamente, passou a poucos centímetros do poste, com Patrício a ver a bola a passar-lhe por cima.
Afinal, o que se verificou ao minuto 27, quando o Belenenses atacou pela esquerda, Miguel Rosa foi até quase à linha para centra, neste caso com muita força para o extremo oposto, onde surgiu Nelson a enviar a bola para o centro da área onde, sem nenhum defesa por perto, Deyverson tempo abrir o activo, ante também a passividade de Patrício.
A resposta do Sporting, em termos de golo, foi dada aos 34’, através de Carrillo, que se intrometeu num passe entre Gonçalo Brandão e Bruno China, que o atacante sportinguista aproveitou da melhor forma opara se isolar e empatar a partida, com Matt Jones a nada poder fazer, ele que foi o herói do jogo.
O trabalha de casa pode estar a ser muito bem feito por Marco Silva. Só que não tem visibilidade externa e, daí, os três empates já consentidos, sem tirar, como é evidente, o mérito às equipas que jogaram contra os leões, uma delas o campeão em título onde, aí, foram os leões que, na Luz, “secaram” os comandados de Jorge Jesus.
Em vésperas da primeira ronda da “Champions”, o efeito psicológico não foi o melhor. Como o Sporting costuma jogar melhor fora do que em Alvalade, fica a expectativa sobre o Maribor-Sporting, este mais a doer (especialmente em termos financeiros).
Do ponto de vista individual, Patrício, André Martins, William, Carrillo (o homem do golo), Esgaio e Nani sobressaíram mais, enquanto nos azuis todos ajudaram todos quase ao mesmo nível e contribuíram pela conquista de um ponto que pode valer ouro para o futuro (a auto-estima subiu), devendo-se destacar o último (ou o primeiro) que impediu mais golos para o Sporting, Matt Jones.
Cosme Machado (Braga) teve algumas falhas na marcação de faltas, no caso para os dois lados, sendo que no aspecto disciplinar abusou dos amarelos contra os visitantes, com o árbitro assistente (Alfredo Braga) a não comunicar ao árbitro a cotovelada que Jefferson aplicou em Sturgeon, sobre os 45’, mesmo nas suas “barbas”, numa dualidade que não devia existir. Melhor esteve o segundo assistente, Pedro Fernandes.
As equipas:
Sporting – Patrício; Esgaio, Maurício (Montero, 80’), Nabi Sarr e Jefferson; André Martins (Carlos Mané, 61’), William e Adrien; Carrillo (Capel, 61’), Slimani e Nani.
Belenenses – Matt Jones; Palmeira, João Meira, Gonçalo Brandão e Filipe Ferreira; Nelson (Tiago Silva, 78’), Bruno China e Pelé; Sturgeon (Fredy, 57’), Deyverson (Mailó, 90+4’) e Miguel Rosa.
Cartões amarelos: João Meira (7’), Matt Jones (23’), Maurício (30’), Miguel Rosa (43’), Jefferson (80’ e 90+2’) que viu o vermelho de seguida, enquanto Nani também foi amarelado aos 89’.
Artur Madeira