Jogos Olímpicos
Em entrevista exclusiva ao jornalista italiano Giani Merlo, Thomas Bach, o novo presidente do Comité Olímpico Internacional, referiu que os Jogos de 2020 poderão ter mais modalidades sem que isso aumente o número de participantes.
Para Bach, apenas “dois limites são insuperáveis: o número de atletas presentes e o número mínimo exigido de infra-estruturas desportivas para as várias competições”, tendo concluído que “tudo o resto está em análise”.
Em função desta resposta, Giani Merlo – que é o presidente da AIPS, Associação Internacional de Jornalistas do Desporto – questionou se, apesar das citadas imposições, continuará a haver apenas 28 modalidades em actividade.
Bach, calmo, sereno e atento, respondeu que “Temos 28 modalidades (ou federações) e talvez não tenhamos de cancelar disciplinas para manter o número de atletas fixos. Por isso estamos a analisar a hipótese de reduzir as quotas para cada país”.
Salientou que “temos de esclarecer muito bem o conceito para podermos agir em conformidade”. Adiantou que “podemos ir a 29 ou 30, ou mesmo 26 e 27, assim como a Carta Olímpica também pode ser alterada”, tendo concluído que vai implementar contactos com vários parceiros para se chegar a uma conclusão.
Abordando as Olimpíadas de Inverno do futuro, sendo que havia a possibilidade de um conflito com a FIFA se o Campeonato do Mundo de 2022, no Qatar, foi disputado em Janeiro daquele ano, Bach respondeu que “conhece bem Blatter, que me disse que o evento está previsto para Novembro de 2022, não havendo conflito porque as olimpíadas de inverso serão em Janeiro. Até é uma boa ideia”.
Sobre a dopagem, Bach salientou que “só disse que é preciso proteger os atletas honestos. Com Sochi à vista, vamos aumentar o número de controlos de surpresa em 57%, ou seja, vamos passar de 800 para mais de 1200. No entanto, até lá, os comités nacionais também devem actuar em paridade, para evitar casos desagradáveis nos Jogos. Se um atleta tiver resultados positivos, os outros atletas (inocentes) na mesma selecção também serão contaminados. Temos que defendê-los. Todos devemos trabalhar nesse sentido porque devemos combater doping e a manipulação de resultados, através da construção de uma frente unida. “
Outra questão colocada por Giani Merlo foi sobre a estratégia a implementar para com aos jovens, tendo Bach salientado que “no próximo ano haverá a segunda edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjin (China) e devemos explorar esse evento para atrair a atenção dos jovens que não fazem parte do sistema desportivo”, tendo explicado que “não devemos limitarmo-nos a enviar mensagens para aqueles que já fazem desporto, mas sim convencer os outros milhões que poderiam seguir-nos na internet, mas na verdade, não fazem qualquer desporto.”
E reforçou com a afirmação de que “temos que trabalhar com a UNESCO para apresentar currículos desportivos nas escolas. Temos que desenvolver um plano de longo prazo de educação sobre o desporto. É um compromisso enorme e não podemos perder mais tempo, porque a contribuição da escola é essencial. “
Na resposta dada sobre a independência do Comité Olímpico Internacional, Bach referiu que a “nossa independência deve ser clara, como reiterei no discurso feito na ONU. O desporto tem que ser neutro. No entanto, é óbvio que todas as decisões que tomamos têm uma valência política, mas é importante que este permaneça dentro da esfera de nossa autonomia e independência, que são protegidos pela boa governação. Devemos respeitar os princípios de nossa Carta”.
Artur Madeira (c/AIPS)