Quinta-feira 21 de Novembro de 2024

Triatlo – Atletas “arrasam” Federação

FederacaoPortuguesaTriatloNa sequência da conferência de imprensa que esta quarta-feira promoveram em Caxias, um grupo de atletas (internacionais) do Triatlo que se encontram instalados nos Centros de Alto Rendimento do Jamor e de Montemor-o-Velho, fizeram chegar à nossa redacção um longo comunicado bramando contra várias atitudes, segundo eles, tomadas pela Federação da modalidade.

Os atletas que subscrevem o comunicado são João Silva, João Pereira, Miguel Arraiolos, Pedro Mendes, Ana Ramos, Melanie Santos, Francisco Machado, Rafael Domingos, Luís Pedro, João Serrano, João Ferreira, Nuno Nogueira, Gil Maia (atleta de selecção nacional) e Tiago Maia (atleta de selecção nacional).
Começando por “entendem ser sua obrigação tornar pública posição, sobre os acontecimentos que nortearam a presente época desportiva, manifestando o seu frontal e total repúdio pela orientação seguida, no seio da Federação de Triatlo, no que ao alto rendimento diz respeito”, os atletas referem vários pontos que se resumem:
1.Consideram que a gravidade e penosidade que resulta para os próprios e para a modalidade, da actuação dos dirigentes da Federação, relativamente ao alto rendimento impõe que tornem pública a sua posição, desde logo, porque todos os factos constantes do presente comunicado foram, previamente e reiteradamente, comunicados à federação;
2.Os atletas não podem, e recusam-se a fazê-lo, sob pena de serem acusados de hipocrisia, deixar de manifestar a sua profunda decepção e estranheza pela insensibilidade manifestada, quer pelo Sr. Presidente e directores da Federação, quer pelo ex-Director Técnico Nacional, Sr. Hugo Ribeiro;
3.Esclarecemos, desde já, que entendemos fazer o presente alerta porque atingimos um limite em que sentimos que se encontra seriamente comprometido o nosso futuro desportivo. Levámos, até ao limite, a nossa capacidade de sofrer em silêncio e suportar todas as adversidades que nos impuseram;
4.Porque o relacionamento entre os atletas e a FTP foi pautado, sistematicamente, ao longo de toda a época, por comportamentos estranhos, inadequados e anómalos por parte da F.T.P., importa referir os seguintes factos:
- No início da presente época os atletas João Silva e João Pereira foram abordados, directamente, por um dirigente da Federação, com propostas de bolsas monetárias em troca da não filiação no clube que actualmente representam;
- O atleta João Silva foi impedido de se candidatar a delegado da assembleia-geral da F.T.P., em representação dos atletas de alto rendimento, com o falso argumento de inicialmente não estar devidamente filiado e, posteriormente, de não ser atleta de alto rendimento.
- A FTP contratou para DTN e seleccionador nacional e treinador, um vice-presidente da própria Federação, sem habilitações para o cargo;
d) O ex-DTN e Seleccionador Nacional, convocou reuniões, com os atletas dos CAR, no local onde se disputavam provas do campeonato nacional de triatlo, e espaço dos clubes, determinando tácticas da prova, com vista a influenciar a classificação final, na tentativa de beneficiar os atletas do CAR em detrimento dos atletas não residentes;
- A Federação procedeu ao afastamento, inexplicável, da equipa médica, fisioterapia e psicologia.
f) Durante a época, verificou-se um descontrolo absoluto na tomada de decisões da Federação e da DTN;
- O ex-DTN enviou planeamentos de treino a atletas lesionados, ignorando a sua situação clínica;
- O ex-DTN enviou planeamentos de treino, desfasados no tempo;
- A FTP procedeu ao repentino encerramento do CAR de Montemor-o-Velho, em Maio, sem comunicar previamente aos atletas, pais e funcionários do mesmo, chegando a verificar-se a falta de comida e água no CAR;
- A FTP, numa atitude claramente discriminatória e persecutória, sem apresentar motivos de ordem disciplinar, desportiva ou comportamental, excluiu do CAR o atleta, Luís Pedro Ferreira, atleta com contrato de alto rendimento e esperança olímpica.
- O estágio de altitude realizado nos Pirenéus, em França, em Maio foi efectuado sem qualquer acompanhamento na sua fase crítica, realizado por José Estrangeiro e João Pereira, que conduziram, a viatura da FTP a partir de Portugal, num total de 1250km cada viagem.
- Os atletas (João Silva, João Pereira, Francisco Machado, entre outros) que manifestaram expressamente a sua pretensão de terem um enquadramento técnico diferente do ex-DTN, foram sujeitos a pressões, represálias e chantagens inadmissíveis e intoleráveis;
- Quando o Sr. Presidente da FTP foi informado da intenção do atleta olímpico, João Silva, mudar de treinador, foi-lhe de imediato comunicado que lhe seria negado o treino em grupo, a permanência no CAR e respectivas valências;
- O atleta João Silva, na sequência da sua pretensão de mudar de treinador, foi ostensivamente marginalizado na etapa do campeonato do mundo de Kitzbuhel;
- A FTP procedeu a participação de atletas em provas do campeonato do mundo, sem qualquer acompanhamento técnico. Como é exemplo, a participação do atleta João Pereira na etapa de Hamburgo.
- A FTP procedeu a comunicados oficiais em que, ostensivamente, faltou à verdade.
- Ao longo da época assistimos, frequentemente, ao incumprimento grosseiro e injustificável, dos critérios de selecção definidos pela própria FTP;
- A F.T.P. comunicou, publicamente, o afastamento do DTN invocando que iria, após a finalíssima de Londres, ouvir, entre outros, os atletas e apresentar a nova estrutura técnica da FTP. Até à presente data nenhum atleta foi ouvido e nenhuma solução apresentada.
5. Em múltiplas reuniões realizadas com elementos da Direcção da FTP, onde foram expostos os assuntos atrás enunciados foram prometidas alterações funcionais e metodológicas, sem que as mesmas alguma vez viessem a ocorrer;
6. Os atletas reiteram que apenas pretendem treinar e prepararem-se, da melhor forma e nas condições que forem possíveis, compreendendo o ambiente de grandes constrangimentos financeiros que o País atravessa;
7. Por tudo o que foi exposto, solicitámos o apoio e a intervenção, dentro das respectivas áreas de competências e responsabilidade, ao Sr. Presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Sr. Presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Sr. Presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, bem como ao Srs. Presidentes da Assembleia Geral e da Direção da Federação de Triatlo de Portugal.
8. Uma nota final para agradecer aos pais, clubes e amigos que, perante o desânimo e sofrimento, nos apoiaram, incondicionalmente, durante esta época desportiva e sem os quais seria difícil ultrapassar tantos obstáculos.
Numa “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão” – diz o popular provérbio. Será mesmo assim?
Depois de milhões de euros gastos no complexo de Montemor-o-Velho, que foi qualificado pelas instâncias internacionais como o melhor do mundo na altura da sua entrada em funcionamento, vai tudo opara o “lixo”? Que ética existe?

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