ATLETISMO – Pista coberta
Pela primeira vez na sua carreira e aos 27 anos, Sara Moreira tornou-se campeã europeia em pista coberta, este domingo, ao vencer os 3.000 metros com um à-vontade de grande estrela.
O ouro – mais ou menos negado há dois anos por erro de inscrição – chegou com alguma “facilidade” uma vez que finalizou com mais de cinquenta metros de avanço do trio que discutiu as duas medalhas ainda em disputa, se bem que seja uma vitória justíssima pelo que tem feito ao longo da sua carreira.
O tempo de 8.58,50 registado no final ficou algo longe do que tinha feito esta época (8.52,48) mas a forma como geriu a corrida, com grande inteligência, suplantou tudo e todos e, quiçá, ela própria.
Foi mais uma medalha para Portugal mas, acima de tudo, uma enorme e inolvidável proeza cometida por uma rapariga simpática, amável, plena de pujança, uma atleta de eleição que esta segunda-feira chegará ao Porto onde já se advinha a festa que vai ser. E merece-a por inteiro.
A alemã Corinna Harrer e a irlandesa Fionnuala Britton conquistaram as medalhas de prata e bronze, respectivamente com 9.00,50 e 9.00,54. Foi uma questão de “peitos”.
Recorde-se que, antes de Sara, apenas Fernanda Ribeiro (1994 e 1996) tinha conquistado o título de campeã europeia de pista coberta.
Em declarações à RTP (que transmitiu em directo o evento), Sara salientou que “o início da prova foi lento, mas depois consegui passar para a frente e o meu último quilómetro foi muito forte. Só quando cortei a meta é que festejei e me apercebi que, finalmente, era campeã da Europa e ganhara o ouro”, Quanto ao futuro, a nova campeã europeia adiantou que “o melhor ainda está para vir porque tenho uma carreira pela frente. Sei que o Mundial e o Europeu não são iguais e tenho os pés bem assentes na terra. É preciso trabalhar muito para lá chegar”.
É caso para rematar: a sorte dá muito trabalho!
O meio fundista Hélio Gomes também esteve em plano de evidência ao obter um excelente 6º lugar na final dos 1.500 metros com um novo recorde pessoal a 3.39,46. O novo campeão europeu foi o francês M. Mekhissi-Benabbad, com 3.37,17.
Tiago Marto completou o Heptatlo com um total de 5.680 pontos (algo longe dos 5.805 que levou para Gotemburgo), que correspondeu ao 10º lugar entre os 14 que chegaram ao fim, relevando-se o seu esforço hercúleo ao longo de todo este domingo, onde terminou com 8,23 nos 60 metros barreiras, 4,70 no salto à vara e 2.48,97 nos 1.000 metros.
Patrícia Mamona foi a outra finalista portuguesa em actividade neste último dia que, afinal, não acabou bem para ela. Foi 8ª, com apenas 13,72 (depois do recorde nacional, na véspera, a 13,99).
Em termos de medalhas, o triunfo foi para a Rússia, com 14 (4-7-3), com a G. Bretanha com 8 (4-3-1) e França, com 9 (4-2-3). Sara Moreira levou Portugal ao 13º entre os 19 países coroados.
Na pontuação, onde a Rússia também venceu com 145 pontos, a G. Bretanha foi 2º (99) e a França em 3º (90).Portugal ficou em 18º (16 pontos) entre 27 países pontuados.
Os campeões europeus deste domingo foram os seguintes (relevo especial para o terceiro titulo consecutivo do varista francês Renaud Lavillenie):
Feminino – Triplo: Olha Saladuha (Ucrânia), 14,88; Pesdo: Christina Schwanittz (Alemanha), 19,25; 400: Perri Shakes-Dayton (G. Bretanha), 50,85; 800 m: Nataliya Leou (Ucrânia), 2.00,26; Altura: Ruth Beitia (Espanha), 1,99; 60 m: Tezdzhan Naimova (Bulgária), 7,10; 4×400 m: G. Bretanha, 3.27,56 no único recorde do campeonato.
Masculino – 800 m: Adam Kszczot (Polónia), 1.48,69; 400 m: Pavel Maslak (Checoslováquia), 45,66; Vara: Renaud Lavillenie (França), 6,01; Comprimento: Aleksandr Menkov (Russia), 8,31; Heptatlo: Eelco Sintnicolaas (Holanda), 6.372; 4×400 – G. Bretanha, 3.05,78.