O empate conseguido pelos canarinhos em Alvalade foi um grande resultado para a equipa da linha, ante um Sporting que mantém o estilo “profile”, isto é, fazendo tudo para não … fazer nada.
Sem táctica, sem velocidade, sem discernimento nos momentos cruciais, custa “ver” este Sporting, perdendo pontos ante pontos e sentir a “descrença” de uma massa associativa que sofre mas diz sempre presente. E desta vez chegaram aos 35.003.
Em termos de jogo jogado, o sistema continua a ser o mesmo: bola para a trás e para a frente, de lado a lado, mas pouco levada para a zona da baliza adversária onde se decidem os jogos. E isso só pode acontecer desde que haja concentração e não displicência, que haja visão de jogo, de campo e do local onde se encontram os jogadores.
É que ter a bola durante mais tempo não é sinónimo de supremacia, de golos.
E foi isso que se verificou ao longo dos primeiros 45 minutos, não percebendo até a táctica empregue para um jogo em casa. Jogar com um 4x1x3x2 significa o quê? Este Sporting deve fazer um jogo apoiado, com todos os sectores a funcionar mais ou menos em termos de harmónio. Carrillo já se viu, corre, até demais. Funciona tanto como médio ofensivo como defensivo. Wolkswinkel quase faz o mesmo e se quer a bola tem que a vir buscar atrás. Mas também não dá confiança para quem diz querer marcar 30 golos.
Com o um solto – faz de médio defensivo ou ofensivo? – fica-se na dúvida como funciona. Um 4x3x3 é o que melhor de coaduna com esta equipa, tanto mais que o apoio intersectorial é mais abrangente e, acertando os pormenores, talvez provoque resultados positivos.
Por seu lado, o Estoril, sempre que pode, chegava à frente sem que alguém fizesse frente na zona de meio campo, evitando o seu avanço. E foi assim que surgiu uma primeira oportunidade, com Luís Leal a cair dentro da área, depois do encosto de um defesa dos leões, ficando-se na dúvida se seria grande penalidade ou não.
Mas foi de grande penalidade, essa sim sem dúvidas, que o Estoril chegou ao golo, quando decorria o minuto 44’ do tempo inicial. Mesmo a calhar. Luís Leal, de novo, foi carregado por Cédric e o árbitro não fez mais do que assinalar. Chamado a marcar o central Vitória atirou com a bola para dentro da baliza de Patrício, que não adivinhou que a bola foi dirigida para o local onde se encontrava.
No seguindo tempo, o Sporting tentou dar a volta ao resultado, imprimindo mais velocidade, mas com os mesmos problemas de serem os jogadores a correr e não a bola.
Atentos e tentando aguentar a vantagem até ao máximo – sem meter nenhum autocarro na defesa – os jogadores do Estoril exploravam todas as fraquezas dos leões. E foi assim que nasceu o segundo golo, aos 58’.
Numa jogada engendrada por Gerso, que levou a bola até à entrada da grande área do Sporting – os defesas tinham ficado lá atrás – onde a endossou para Luís Leal para este, já acossado por Ínsua, rematar para um golo sem “espinhas”.
A partir daí surgiu uma maior pressão por parte do Sporting, como seria de esperar, tanto mais que aproveito o facto de, aos 60’, o Estoril ter passado a jogar com dez jogadores por duplo amarelo mostrado a Gonçalo, um dos esteios da defesa canarinha.
Contra dez, viu-se o Sporting a forçar, com um remate de Izmailov (67’) a proporcionar excelente defesa de Vagner, como prenúncio do primeiro golo dos leões (75’), curiosamente marcado pelo defesa Anderson ao desviar a bola paras dentro da baliza após uma cabeçada de Viola.
O Sporting continuou a pressionar e, aos 84’ chega ao empate. Um remate, feito de fora da grande área por André Martins encontra Wolfswinkel isolado frente a Vagner e, num pequeno desvio, a bola guinou para dentro da baliza. Um 2-2 que era lisonjeiro para o Sporting. E que foi, porque nada de especial se verificou nos seis minutos do prolongamento, apesar dos leões terem tentado mudar o rumo do resultado. À quinta jornada, apenas uma vitória. Não são precisos comentários.
No Sporting, a mediania, mais para baixo do que para cima, foi a tónica, enquanto no Estoril a grande vitória foi a da táctica, cumprida à risca, com relevo para Vagner, Jefferson, Luís Leal e Gerso (em especial), Vitória, Eduardo e Licá.
O algarvio Nuno Almeida andou um pouco à deriva mas nos pontos-chave não se “engasgou”, pelo que fez um trabalho positivo, pese embora uma ou outra falha que não influíram no resultado, bem ajudado pelos auxiliares Pais António e Nuno Vicente.
As equipas alinharam:
Sporting – Patrício; Cédric, Xandão (André Martins, 59’), Rojo e Insúa; Rinaudo; Carrillo (Betinho, 74’), Viola e Capel (Jeffrén, 59’); Izmailov e Wolfswinkel.
Estoril – Vagner; Anderson, S. Vitória, Nascimento e Jefferson; D. Amado, C. Eduardo (Evandro, 78’) e Gonçalo; Gerso (B. Miguel, 80’), Luís Leal e Licá (Elizeu, 63’).
Cartões amarelos: Cédric (44’), Rojo (90’), Rinaudo (90+1’); Licá (15’), Gonçalo (52’), Anderson (88’) e Evando (90+3’). Gonçalo levou segundo amarelo (60’) e viu o vermelho.
Artur Madeira