Sábado 24 de Novembro de 0197

E os heróis são…os quatro mosqueteiros

CPP_RGB_VERT_PT8JP2012 – Portugueses e encerramento

Mas…com José Macedo à cabeça, porque valeu por dois (conquistou duas medalhas – uma de prata e outra de bronze) no que foi bem acompanhado por Armando Costa e Luís Silva (Boccia – BC3) e Lenine Cunha, o homem do atletismo que também chegou ao bronze.

Mas se isto é positivo, dentro da comitiva nacional fizeram-se as contas em, relação a 2008 (Pequim) e o pecúlio em Londres teve menos duas unidades (medalhas), o que torna a positividade desta presença não tão boa, face às expectativas que existiam, pese embora não escritas (para evitar o que se passou com o Judo nos Jogos Olímpicos) e também porque era um ano de transição em função da criação do Comité Paralímpico de Portugal, pela primeira vez responsável por mais esta participação.

Mas já lá vamos.

E, antes de mais, registe-se que neste último dia dos jogos estiveram em priva três atletas lusos, todos na maratona (T11/T13). O melhor foi Gabriel Macchi, com um excelente 6º lugar a 2.40.13, seguindo-se, em 8º, Joaquim Machado, com 2.43.17. Jorge Pina teve azar, porque foi desqualificado.

Quanto ao balanço directo, em função dos resultados obtidos e para além das três medalhas conquistadas, o que é muito importante, Portugal conseguiu ainda mais 14 finalistas em três modalidades: 7 em Atletismo, 3 na Boccia e 4 na Natação. No total, são 17 finalistas. Excelente!

Mas num balanço geral, muito linear e simples, sem dúvida que estes jogos foram os maiores e os melhores de toda a história deste evento, com Londres – e todos os britânicos e não só – a dar largas à alegria pela satisfação de passarem a constituir um marco difícil de igualar, pelo menos em resultados técnicos, face ás condições climatéricas que se fizeram sentir, no que poderá ser bem diferente na cidade do Rio de Janeiro, em 2016.

Dos recordes do mundo batidos, sobre os quais quase se perde a conta, às melhores marcas europeias, de área (os quatro continentes), dos vários dos cerca de 200 países presentes através dos mais de 4.200 atletas participantes, também não há dúvida que este tema muito será debatido ao longo dos próximos quatro anos.

Um triunfo a toda a largura dos britânicos, que encontraram no antigo campeão olímpico Sebastian Coe o líder de uma organização quase sem falhas. E na altura do adeus, Coe referiu-se, com extraordinário ênfase, aos milhares de voluntários, de vários países, pelo esforço tido – tal como nos Jogos Olímpicos – para que o êxito fosse o resultado que se viu ao longo de muitos dias, de sol a sol quando não entravam pela noite dentro em função do volumoso número de provas em simultâneo. Brilhante.

Isto depois de mais um espectáculo final com música, animação, multicolorido, cheio de ritmo e, em especial, muito jovem. A que se juntaram os efeitos feéricos que se podiam ver nas próprias bancadas, através de efeitos especiais que são, cada vez mais, o nosso futuro.

Mas um futuro que encerra muito mais do que foi visto.

Provou-se agora, se é era preciso, que este movimento de massas de gente solidária, entrou definitivamente no gigantismo de uns Jogos Olímpicos. Imparável.

Quer isto dizer que o “querer” ganhar vai ter muito mais força. Os atletas mais cotados, vão querer continuar a dominar; outros vão querer chegar lá a cima mais depressa. O material técnico para algumas das deficiências vai ser melhorado de forma significativa, os atletas vão passar a treinar mais se querem lá chegar. Aliás como se viu em Londres.

A partir daí, poder-se-á pensar tudo o que se quiser. Os atletas portugueses já o sentiram em Londres. E “denunciaram-no”. “Temos de trabalhar mais, temos de ter instalações disponíveis para treinar a qualquer hora, temos de ter as facilidades indispensáveis para isso. Se não for assim, não vamos a lado nenhum”.

Este sábado, Firmino Baptista, depois de bater o recorde nacional dos 100 metros e ter chegado às meias-finais, foi um dos que deu o alerta.

Mas a coordenadora técnica da equipa portuguesa de boccia, Helena Bastos adiantou ainda que “em Portugal, a modalidade não pode continuar a viver só do voluntarismo”. Salientou que “nas anteriores edições, Portugal arrecadou 22 medalhas no boccia e sai de Londres com duas medalhas, ou seja, menos três do que as conseguidas em Pequim2008.”

Frisou que “estávamos habituados a ter muitas medalhas, mas não temos condições de trabalho como têm os outros países” e que “estes não foram os resultados que queria, mas os que temia”, tendo considerado ainda que “que o decréscimo no número de medalhas conquistadas é também uma lição porque, provavelmente temos de aprender alguma coisa e às tantas organizarmo-nos de uma maneira”.

Helena Bastos elogiou o “empenho de todos os atletas portugueses, que fazem muito com as condições que têm, não se podendo comparar, por exemplo, com os que, noutros países, estiveram mais de um ano a viver em centros de treino”.

Mais achegas, por certo, vão chegar.

Mas, para já, ficam as três medalhas conquistadas – passando a ser de 88 (25 de ouro, 30 de prata e 33 de bronze) – o que é um excelente pecúlio para os momentos de crise que, por certo, vão anos de mais em relação ao que é preciso fazer em muitas áreas prioritárias para a vida de todos os portugueses.

 

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