Quarta-feira 30 de Outubro de 2024

País olimpicamente irreal

ambicao_olimpicaFesta de “despedida” vale milhão de euros!

Vai ser uma grande festa, multicor, multicultural, multidesportiva, completamente gratuita para todos os que consigam arranjar bilhete e provavelmente muitas surpresas, para fazer subir o “ego” dos olímpicos e paralímpicos que irão estar em Londres em simbiose com a população portuguesa.

A “grande” festa está marcada para a noite deste domingo, no Pavilhão Atlântico (Expo) – e não na praça do Comércio como inicialmente foi divulgado – e deverá reunir grande parte dos atletas já apurados para Londres.

Sem se questionar a realização de um evento deste tipo, embora com outra denominação – não se percebe como se faz uma festa de despedida do nível (financeiro) que está previsto – o que causa grandes “arrepios” é o facto de a dita “festa de despedida” pode custar dois milhões de euros.

Para um país que está em crise – com milhares de pessoas a passarem fome e desempregados – parece não restarem dúvidas que a sua implementação é de difícil justificação, facto que facilmente poderá ser constatável. Isso também porque é uma empresa privada que vai receber o elevado valor referido (ou menos se acaso houver patrocinadores).

Regressando ao dia 16 de Março deste ano, quando Rio Maior foi palco privilegiado para a apresentação desta “mega” festa, designada como “Ambição Olímpica”, nada foi divulgado sobre os valores envolvidos neste projecto.

Apenas era conhecido que Rio Maior, Caldas da Rainha, Montemor-o-Velho e Anadia eram as cidades que apoiavam, em parceria com o Jamor, complexo desportivo sob a responsabilidade da administração pública portuguesa, dados projectados através da Ambição Olímpica – marca registada para o efeito.

Nesse comunicado, refere-se que “o conceito da Ambição Olímpica inspira-se na Missão Olímpica e vai gerar uma onda de apoio aos atletas olímpicos através de acções de comunicação”, adiantando ainda o “press release” que “os grandes objectivos desta iniciativa, que tem lugar durante os próximos quatro meses, passam por enfatizar o Espírito Olímpico e divulgar os princípios da Carta Olímpica”.

O comunicado é datado de 16 de Março (véspera da conferência de imprensa) e até agora muito poucos deram conta do que foi feito nos referidos quatro meses. Terá havido algo, em todo o país, relacionado com isto?

A 10 de Maio passado (estão a passados mais dois meses), Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal, deu uma entrevista ao Jornal “A Bola” onde salientou que “o projecto está orçado entre l,5 e dois milhões de euros e achei excessivo”, sendo que um milhão e duzentos mil euros correspondiam ao valor a suportar, em partes iguais (300 mil euros), pelas quatro edilidades indicadas, como é divulgado em “A Bola” de 10 de Maio.

Pelo que Vicente Moura frisou que “não sei onde as autarquias vão buscar as verbas”, acrescentando que “gasta quem pode, tem e quer. O COP não tem, não pode e não quer.”

Nessa altura, a Identidade Nacional, empresa que criou a “Ambição Olímpica”, na mesma peça, salientou que “se não reunirmos os patrocínios, poderá não se realizar!”

Com o anúncio da realização da festa, esta está garantida. Sem efeito ficaram os desfiles de atletas por cada uma das áreas de cada autarquia. Que não tinham (não tem) dinheiro para cumprir as suas missões de apoio à população, face aos cortes financeiros que tem vindo a sofrer. Porque nada se soube!

E fica Vicente Moura, como referiu a “A Bola” de 10 de Maio, à espera de receber “os cinco por cento sobre os lucros, se existirem”. E nós a ver a festa (que a RTP transmite em directo a partir das 20 horas de domingo) de despedida! Talvez fosse mais curial homenagear após o regresso a Portugal, então sim com o reconhecimento da Nação pelo desempenho que todos tiveram oportunidade de conseguir, independentemente da conquista de medalhas ou não.

 

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