Estudo SPLISS
A presença, por motivos profissionais, de um cientista português na República Checa, há cerca de dois anos, levou a que Portugal possa apresentar o “estado actual do desporto em Portugal” num fórum internacional que se reputa de grande importância para o futuro e que terá lugar em Setembro próximo, na Dinamarca.
Pedro Guedes de Carvalho, professor da Universidade da Beira Interior (UBI – Covilhã), deslocou-se àquele país no âmbito das suas funções de investigação nesta instituição e teve conhecimento do projecto SPLISS – Sports Policy factors Leading to International Sporting Sucess”, que trata do estudo da competitividade das nações no desporto de Elite.
Admirado com o que se passou na sala onde tomou conhecimento deste projecto, tratou de dar conhecimento à Faculdade onde desempenha funções que, por estudar uma questão que era novidade para Portugal, foi logo acolhida e passada a palavra à Secretaria de Estado do Desporto e Juventude, que aceitou a parceria.
Daí que, em poucos meses, Pedro Carvalho e um aluno a fazer mestrado – Rui Canelas – trataram de coligir uma série de dados, recolhidos no Comité Olímpico de Portugal, no IPDJ e nas federações (25 de 30 responderam) e apresentaram esta quarta-feira o que vai ser a apresentação portuguesa na Dinamarca.
Os dados estão a ser trabalhados e só estarão prontos no final de Junho ou mesmo Julho, a tempo de integrarem o estudo global que, este ano, está a ser elaborado por 22 países, não só da Europa (projecto inicial) como também o Brasil, Austrália e os estados Unidos.
Nove são os factores em equação, desde os financeiros aos dos treinadores, passando pelas infra-estruturas, medalhas conquistadas, o apoio na carreira e pós-carreira de cada atleta, número de atletas federados nas modalidades olímpicas e outros, que levarão a que Portugal saiba o que tem e o que ainda pode fazer ou modificar, ficando também a conhecer os parâmetros que se encontrarão em relação aos outros países que estão neste projecto, pese embora as comparações que se possam fazer não sejam as mais fiáveis, face a cambiantes variadas.
Um primeiro dado divulgado em relação a infra-estruturas refere-se a Vila Real (Trás-os-Montes), o distrito que mais gastou em equipamentos variados, na ordem do dobro da maioria dos outros, com alguns provavelmente fora de uso por falta de gente para os ocupar. Outro dado divulgado, respeita a uma Freguesia que, veja-se só, construiu três piscinas para uma população de cerca de 4.000 pessoas, a maioria com idade sénior, na expectativa de atrair jovens viverem na zona. Que desperdício! Mas há mais casos semelhantes, especialmente em relação a pavilhões desportivos e pistas de atletismo.
Outro facto ainda importante dado a conhecer foi a ausência de resposta ao questionário por parte da Federação de Atletismo, a que mais interessava para este estudo porque a que mais medalhas tem arrecadado ao longo dos anos. Presente, Fernando Mota, presidente federativo, justificou a falta de resposta por o questionário não se apresentar convenientemente estruturado e com questões que levantavam dúvidas de interpretação. Garantiu que iria fazer a entrega com rapidez.
Uma primeira conclusão foi imediatamente definida: a falta de articulação entre o Governo e as Autarquias no que concerne, em especial, à questão das infra-estruturas.
Deixa que Alexandre Mestre, secretário de Estado do Desporto e Juventude, aproveitou para divulgar que “isto vai ser muito importante para, finalmente, chegarmos à Carta Desportiva Nacional, aprovada em 1990 e ainda não completa até hoje”.
Congratulando-se com a iniciativa, para a qual, referiu, “proporcionará meios para se desenvolver o melhor trabalho possível”, Alexandre Mestre salientou ainda que “a curto prazo vão ser inauguradas as instalações do Museu Nacional do Desporto e da Biblioteca do Desporto”, duas outras situações bloqueadas há mais de uma dezena de anos.