A Académica desceu ao palco do desporto nacional – espera-se que pela última vez – para de lá regressar com uma vitória justa porque foi a melhor equipa em campo, quer em estratégia, movimentação e domínio.
Uma vez mais, o Sporting não acertou em quase nada. Nem mesmo teve a sorte que acompanhou a equipa nos últimos jogos, quer nacionais quer internacionais, quando se pode verificar que de jogo colectivo pouco existia. Com tantas estrelas, cada uma a jogar para si própria, o resultado está à vista.
Mais grave: a falta de ética e de espírito desportivo – com João Pereira a ser a outra estrela principal – marcou uma equipa que não merecia. Será que o “black out” fez mal? Parece que sim. Fechando-se em si próprio mas não conseguindo defender-se de outras questões internas, Sá Pinto não merecia.
Quanto ao jogo, ficou decidido aos quatro minutos de jogo. Numa altura em que tudo estava frio – até chovia de vez em quando – a Académica apontou o norte para sul e desceu tão rapidamente que o Sporting quase não deu por isso, quando a bola é jogada no lado direito do seu ataque, de repente segue para a esquerda, onde é devolvida para o mesmo lado, um pouco mais adiantada e na direcção de Marinho que, aproveitando a paragem de toda a defesa sportinguista, incluindo Patrício, cabeceou sem apelo nem agravo para o fundo da baliza.
Aproveitando esta sinergia, os estudantes voltaram a atacar dois minutos depois e Edinho esteve perto de marcar. Não o fez porque Rui Patrício resolveu a situação.
O Sporting mantinha a pecha de não atacar com a bola a passar de um para o outro e preferia o jogo individual. Quando isso acontece, os contactos são amiúde e as faltas podem acontecer. Só que Paulo Batista entendeu dar mais liberdade e não atendeu às quedas “provocadas” apenas para falta.
Capel e João Pereira eram os mais “afoitos” a pedir falta – não “querendo” jogar a bola – e isso só criou problemas aos leões, com Pereira a suportar mais um amarelo por “mau feitio”.
Daí que, em jogo jogado, o Sporting não soube aproveitar e a Académica, sem se remeter à defesa, avançava sempre que podia e com perigo.
A dois minutos do intervalo, Onyewu, no seguimento de um canto, foi à pequena área e cabeceou bem mas à figura de Ricardo, que defendeu.
No segundo tempo, foi a Académica que voltou a criar perigo logo no primeiro minuto, com Edinho a isolar-se e a rematar para defesa de Patrício, embora sem a segurar, perdendo-se a recarga. Situação semelhante e com o mesmo protagonista que se passou a logo a seguir mas também sem efeitos práticos.
Capel dá início a um período de “forcing”, seguido depois por Onyewu e Wolfswinkel que não conseguem marcar, num período em que o Sporting teve a maior posse de bola mas que nada aconteceu.
Aos 82’ Schaars, na marcação de um livre directo, obrigou Ricardo a uma grande defesa, mas o Sporting nem de bola parada conseguia marcar. Aconteceu aos 84’, quando Polga marca um livre, com pouca força e com a bola a chegar ás mãos de Ricardo sem problemas.
Com seis minutos de tempo de compensação, coube a Jeffren, por duas vezes (90+3’ e 90+5’), criar oportunidade para marcar mas em nenhuma conseguiu chegar ao golo. E o jogo terminou com o triunfo da Académica. Com toda justiça.
O Sporting tudo perdeu. Até a entrada directa na fase de grupos da Liga Europa. Algo terá de mudar em Alvalade. Sob pena de piorar o que está mau.
Ricardo, Adrien, Marinho, Abdoulaye, Diogo Valente, Edinho e Cedric foram os melhores numa equipa muito coesa e trabalhadora, enquanto no Sporting Rui Patrício, Onyewu, Capel e João Pereira, mais pelo esforço do que pela exibição, se destacaram.
Paulo Batista soube tornear algumas dificuldades criadas, em especial pelos jogadores do Sporting e não teve influência no resultado, que está certo. E foi bem ajudado pelos auxiliares José Ramalho e Hernâni Fernandes.
As equipas alinharam do seguinte modo:
Académica – Ricardo; Cedric, João Real, Abdoulaye e Hélder Cabral; Adrien, Diogo Melo (Danilo, 79’) e David Simão (Flávio, 70’); Marinho (Rui Miguel, 88’), Edinho e Diogo Valente.
Sporting – Rui Patrício; João Pereira, Onyewu, Polga e Insúa (André Martins, 70’); Matias Fernandez (Jeffren, 77’), Elias (Izmailov, 46’) e Schaars; Carrillo, Wolfswinkel e Capel.
Cartões amarelos para Diogo Melo (22’), Cedric (32’), João Pereira (34’), Elias (44’), Insúa (45+1’), Wolfswinkel (69’), Schaars (73’) e Marinho (90’).
Artur Madeira