Congresso do PSD
A criação do “estatuto de simpatizante”, que o Conselho Nacional do PSD tinha aprovado numa das suas últimas reuniões, foi chumbada pela maioria dos votos dos militantes delegados ao congresso, no decorrer deste sábado.
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Esta foi a derrota mais expressiva que Passos Coelho sofreu durante este Congresso, porquanto a autoria da proposta foi sua, aliás na sequência do que dissera ainda em campanha para a sua eleição como presidente do partido, já vão dois anos.
Segundo se crê, “simpatizantes” seriam todos aqueles que, há algum tempo, eram considerados “independentes” e que, com esse estatuto eram escolhidos para integrarem listas autárquicas e legislativas, à revelia dos militantes do partido, que sempre cumpriram as obrigações estatutárias, entre elas, colaborar em todas as campanhas, em acções de outra índole e pagamento de uma quota anual.
Os ditos “independentes”, como se sabe, não eram obrigados a nada. Só eram nomeados. E como a situação se tem agravado nos últimos tempos, em especial desde que Passos Coelho tomou conta do partido, os militantes nada mais fizeram, ao chumbarem a proposta, de “avisar” o líder de que isto tem que mudar.
Apesar do chumbo, de não fazer parte dos estatutos, é certo que Passos Coelho vai continuar a dar luz verde a nomeações de pessoas que nada tem a ver com o partido, pelo simples facto de que ele é que é o Primeiro-ministro. Mais nada. A partir daqui, os militantes continuam a verter “lágrimas” porque perderão no terreno.
A propósito, Virgínia Estorninho, uma das militantes mais qualificadas e antigas do partido, que tem sido autarca, congratulou-se com o chumbo daquelas duas propostas da direcção de Passos Coelho que, no final de Fevereiro, tinham sido aprovadas em Conselho Nacional. A este propósito, referiu que a sua intervenção no Congresso ajudou a travar a criação da figura do simpatizante e a possibilidade de haver primárias no partido.
Decidiram ainda os congressistas que a eleição dos órgãos nacionais do partido continua a ser feita em Congresso, reprovando uma proposta da JSD que numa primeira votação tinha sido aprovada.
Como se sabe, as regras existem, mas quem manda é o líder. O que não pode ser. Daí a decisão tomada.
Numa primeira votação, os congressistas aprovaram a eleição dos órgãos nacionais do partido de forma directa, deixando esta de ser feita em Congresso, como até agora.
Agastado com a votação, Passos Coelho puxou dos galões, qual general em parada, e subiu ao palco para alertar os delegados de que isso significava de perda de poderes para o Congresso.
Fernando Ruas, o presidente da mesa do Congresso, expediente neste tipo de situações, seguiu o alerta presidencial e tocou a rebate para a repetição da votação. Pouco tempo depois, a mesma proposta já não passou (262 votos contra, 250 a favor e 33 abstenções), no que terá sido negativo para a JSD, que a havia proposto.
Durante toda a tarde deste sábado o palco foi ocupado por vários oradores enquanto, nos bastidores, se “combatiam” os militantes com propostas de adesão a várias listas para os órgãos do partido, congresso que termina este domingo.