Com duas claras perdidas, uma para cada lado, não dando a glória desejada por cada equipa, a verdade é que a honra foi salva porque não houve casos de flagrante contrário às regras e regulamentos e, em especial, ao fair play e à ética.
E quando assim é, quando não há golos, os pontos são menos e o trabalho tem que ser mais. E o Sporting, neste campo, foi o mais ”prejudicado”. Até por culpa própria porque não soube aproveitar o seu maior domínio sobre a bola. E para justificar ainda mais o empate, o resultado dos cartões amarelos foi de 4-4.
O primeiro tempo foi jogado a um ritmo mais elevado do que o normal neste tipo de jogos – mais calculistas do que outra coisa – com a bola a rolar mais do que os jogadores, o que foi bom, se bem que sem gerar as oportunidades que se poderiam esperar.
O Sporting procurou, neste período inicial, muito mais o golo do que o Porto mercê de uma maior e melhor atitude perante o jogo global, teve uma supremacia na posse de bola – embora com pouca diferença – que podia ter marcado o jogo não fosse uma excelente defesa de Helton a um remate de Polga, no seguimento de um canto (27’).
Idêntica situação tinha acontecido a favor do Porto quando (12’) Rui Patrício desviou, instintivamente, uma bola a poucos centímetros do chão, que se perdeu para o lado contrário. Aconteceu na sequência de um pontapé de canto marcado por João Moutinho.(???)
Os despiques “pessoais”, jogada a jogada, não provocaram quaisquer actos de animosidade, o que ajudou Pedro Proença, que se sentiu “quente” entre os jogadores e que facilitou o seu trabalho, pese embora uma outra decisão errada. Como a não marcação de um fora de jogo a Djalma (35’).
O que não se percebeu foi a “burrice” de Carrillo, em cima dos 45’, ter lavado com um amarelo (escusado) por ter afastado a bola do local, mesmo na cara de Proença. Isto não é o “recreio” das crianças!
No segundo tempo, o Porto esteve à beira de marcar. Alguma confusão na área do Sporting, Hulk aproveitou para chutar com força em direcção a Patrício, que deu o corpo à bola e safou o perigo.
O Porto aproveitou alguma a apatia do Sporting e instalou-se no médio campo, procurando chegar-se à frente, mas não conseguiu concretizar, numa altura em a objectividade e clarividência (70’) sportinguista era já menor.
Daí o surgir a bola dentro da baliza de Patrício (72’), depois de um “chapéu” esplêndido de Hulk, que havia recebido a bola dos pés de João Pereira, depois de um despique deste com João Moutinho. O árbitro auxiliar nada assinalou – e pareceu que bem – e foi Proença que, muito tarde em relação ao lance, decidiu que eras fora-de-jogo. Fica a dúvida se a bola, no tal despique, bateu em último lugar em Moutinho (e assim justifica-se o fora-de-jogo) ou não bateu. Mas quem mandou foi Proença.
O Sporting ainda tenta ir para a frente, faz um “forcing” final e o golo esteve à vista (82’). Numa rápida incursão pela esquerda, a bola vai a Matias que centra para a pequena área, onde Wolfswinkel, primeiro, e Izmailov, depois, não acertam na bola, que se perdeu. A clarividência estava por “baixo”.
O Sporting, pode dizer-se, perdeu uma boa oportunidade de diminuir a vantagem. É verdade que também não perdeu terreno. Mas seis pontos são obra.
O Porto acabou por merecer o resultado mas, mais do que isso, foi a forma ética e de fair play com que o jogo terminou. Sem crises, sem nervos, tudo calmo. Muito bom de ver para todos os desportistas, que enchiam por completo o Alvalade XXI, que albergou 48.855 espectadores.
Patrício, Polga, Onyewu, Capel, João Pereira e Insúa sobressaíram no Sporting, enquanto no Porto Helton, Maicon, Álvaro Pereira, Hulk, Djalma, Fernando e Otamendi estiveram acima dos restantes.
Sob a direcção de Pedro Proença – que teve uma actuação à altura, pese embora algumas dúvidas que deixou no ar e uma ou outra falta por marcar ou marcada a mais – coadjuvado pelos assistentes Tiago Trigo e Ricardo Santos, as equipas alinharam:
Sporting – Patrício; João Pereira, Onyewu, Polga e Insúa; Elias, Renato Neto (Matias, 52’) e Schaars; Carrillo (Izmailov, 61’, que acabou novamente lesionado), Wolfswinkel e Capel (Evaldo, 67’);
F. C. Porto – Helton; Maicon, Rolando, Otamendi e Álvaro Pereira; Belluschi (Defour, 67’), Fernando e João Moutinho; Djalma (James Rodriguez, 58’), Hulk e Cristian Rodriguez (Kleber, 76’).
Cartões amarelos para Elias (2’), João Moutinho (28’), Otamendi (36’), Carrillo (45+1’), Polga (46’), Fernando (62’), Hulk (66’) e Schars (84’).
Artur Madeira