“O Futuro de Portugal no contexto do Euro” foi a temática escolhida para a estreia na Casa das Artes em Arcos de Valdevez do ciclo de “Conferências Por Vez”.
{jathumbnail off}A iniciativa que o município local pretende levar a cabo trimestralmente com objetivo de trazer a lume temas da atualidade, cuja envolvência e interesse abarquem uma franja dilatada da comunidade.
O Eng. Mira Amaral foi o convidado escolhido para esta abertura e avançou com vários cenários possíveis para Portugal e alertou para o facto das medidas de austeridade apresentadas pelo Governo serem “peanuts”, comparado com a possibilidade de se voltar ao escudo. “O poder de compra vai ser muito inferior com o escudo do que com o euro devido à desvalorização da moeda”, disse.
Francisco de Araújo, presidente da autarquia, justificando o convite realizado a Mira Amaral e explicando o propósito destas conferências avançou que “para o efeito deseja-se a participação, de personalidades que pelo seu conhecimento, experiência e reconhecimento público assegurem a qualidade das comunicações a efetuar, despertando o interesse dos meios políticos, económicos, sociais e culturais da nossa sociedade, tendo em atenção os temas em debate, sendo, por isso, uma honra iniciar este ciclo de conferências com o Eng.º Mira Amaral”.
Adiantou ainda que existe uma preocupação com o “futuro coletivo, pelo que desejamos pensar no presente a melhor forma de agir e decidir, assim como questionarmo-nos sobre as nossas dúvidas e incertezas quanto ao futuro”.
Esta primeira conferência não poderia ter decorrido da melhor forma, já que Mira Amaral, fazendo jus ao dom da palavra que o assiste, explicou de forma breve e clara as diferentes fases de constituição da União Europeia e expôs algumas razões que estão a levar alguns dos países membros a pedir ajuda externa, caso de Portugal.
Mediante o cenário de crise que assombra a Europa, e debruçando-se mais especificamente no caso português, avançou que com a entrada na União europeia e a criação da moeda única “gastamos mais do que devíamos e agora estamos a fazer uma aterragem dramática. Não tínhamos salários reais em relação à produtividade existente. As medidas de austeridade implementadas pelo atual Governo são “peanuts” em relação à possibilidade de se voltar ao escudo, pois concretizando-se este cenário o poder de compra cairá drasticamente”.
Mira Amaral deixou em aberto três cenários para a zona euro:
1 – A Alemanha “farta-se” e sai do euro. Se tal acontecesse, levaria com ela países como a Holanda, a Finlândia e a Áustria. Fariam um novo euro.
2 – Na sequência dos dramáticos ajustamentos, há pulsões populistas e nós, gregos ou espanhóis queremos sair do euro, julgando que nos safamos com a desvalorização. A zona euro reconstitui-se à volta da velha zona marco (Alemanha+Benelux), talvez com a França e novos aderentes. Será um euro mais germanizado, sem o “Med Club”.
3 – Refundação do euro com avanços no federalismo económico, fiscal e orçamental (o que nos imporá um grande rigor nas finanças publicas) e mecanismos de gestão de crises com cláusulas de reestruturação de dívidas públicas.
Estas foram visões que geraram um debate com os presentes.As conferencias ficarão registadas num volume que compile as quatro intervenções anuais distribuídas trimestralmente, permitindo, deste modo, uma perpetuação e uma memória efetiva dos temas e das personagens que os abordam.