Segunda-feira 23 de Setembro de 2024

DOPAGEM – Argélia “salta” para a ribalta

fut_alger“Um dos mais infames marcos na história do Campeonato do Mundo de Futebol ocorreu na final da competição efectuada em Espanha, em 1982” – relata o jornalista Keir Radnedge, presidente da Comissão de Futebol da Associação Internacional de Imprensa Desportiva (AIPS) , em artigo publicado no site desta prestigiada associação de jornalistas de todo o mundo.

“Notícias publicadas na comunicação social em Argel têm divulgado que crianças, cujos pais foram jogadores da selecção nacional da Argélia no início de 1980 e que estiveram presentes nesse campeonato, nasceram deficientes, como foram os casos de (Mehdi Cerbah, Salah Larbés, Abdelkader Tlemcani, Mohamed Kaci Said, Djamel Menad e Mohamed Chaïb)”, de acordo com o citado jornalista, pressupondo que estariam dopados.

“Um dos jogadores, Mohamed Chaïb que tem três filhas com deficiência, tem sido citado como tendo dito: “Nós estamos, agora, a ter sérias dúvidas quanto ao efeito dos medicamentos que nos foram dados durante a nossa preparação para o referido Campeonato do Mundo. Havia um médico soviético com a equipe e agora queremos saber se os tais medicamentos nos foram dadas, supostamente para melhorar o desempenho” – declarou e concluiu afirmando que “queremos uma investigação sobre o que aconteceu, queremos a verdade.”

Chaib tem sido apoiado por Djamel Menad, que jogou integrou a equipa argelina no campeonato de 1986, no México, e que tem uma filha com deficiência grave. Disse que “desde que descobri que não era o único, comecei a fazer perguntas e isto tem acontecido a muitos de nós e não pode ser uma coincidência. “

Mohamed Saïd Kaci, pai de uma filha deficiente, acrescentou: “não posso dizer que éramos ratos num laboratório de algum cientista soviético do desporto mas a verdade é que não sabíamos o que estávamos a tomar. As perguntas continuarão até que uma investigação formal for realizada. “

Um ex-médico da equipa nacional argelina, Rachid Hanifi, que agora é presidente do Comité Olímpicos Nacional, disse “que teria sido perfeitamente possível os jogadores terem ingerido remédios sem perguntar ou saber o que elas continham.”

O seleccionador nacional, em 1982, era o russo Gennady Rogov.

Nascido em 1929, em Chelyabinsk, Rogov jogou para VVS Moscou e Lokomotiv onde, mais tarde, foi treinador. Ele também geriu a equipe nacional da República Centro Africana, bem como a Argélia, no campeonato do Mundo 1982 e, novamente, entre 1986 e 1988. Rogov, entretanto, morreu em Moscovo, com 67 anos, em 1996.

Ali Fergani, que capitaneou a Argélia na famosa vitória sobre a Alemanha Ocidental, disse que “O número de jogadores que teve filhos com deficiência é mínimo comparado com o número de jogadores de futebol que jogou pela Argélia na década de 1980. Entendo que não tomámos qualquer medicamentos para além de vitamina C. “

Khalef, outro membro do “staff” da selecção acrescentou que “os produtos dopantes não estavam disponíveis na Argélia. Tudo foi rigidamente controlado pelo centro nacional de medicina do desporto.”

Numa entrevista realizada pelo portal on-line Dzfoot, Sasha Tabarchouk, especialista soviética que trabalhou com o centro médico argelino de desportos na década de 1980, salientou que “Nós prescrevemos apenas comprimidos de vitaminas para os jogadores. Foi a federação que comprou tudo para os jogadores. “

Mais uma situação – que não se sabe se avançará até à descoberta da verdade – que vem à tona da água neste “oceano” de dopagem que continua a ser uma praga no desporto mundial

Esta quarta-feira foi conhecida mais uma suspensão definitiva, desta vez para o jamaicano Steve Mullings, o sexto homem mais veloz de todo o mundo (9,80 nos 100 metros, marca alcançada este ano).

Mullings (28 anos) foi suspenso uma primeira vez em 2004 (uso de testosterona acima dos valores normais) e, na segunda vez, em Junho deste ano, acusou o diurético “furosemida”, usado para “mascarar” situações de dopagem. O que levou agora à suspensão definitiva.

Pelo meio, Mullings foi campeão mundial na estafeta de 4×100 metros em 2009 .

Artur Madeira

 

 

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