Tão depressa os portugueses não vão esquecer este resultado frente à Bósnia, porque mais um caso raro de “goleada”, mas que ficou associado a mais uma passagem (a sexta, quinta consecutiva) para a fase final de um europeu. O que se saúda. Da Bósnia até Lisboa, uma diferença quase abismal.
Com um golo madrugador de Cristiano Ronaldo (sete minutos), Portugal começou da melhor maneira o caminho para estar presente na fase final do Europeu’2012. Isto depois de, dois minutos antes, ter tido uma oportunidade que não aproveitou.
Jogando com calma, com troca de bola sem a perder, a equipa nacional manteve uma toada ofensiva, não deixando a Bósnia chegar-se à grande área. Coube a Fábio Coentrão a primeira investida que podia ter dado golo. Subiu pela esquerda, centrou a bola largo onde Ronaldo rematou mas as defesa afastar para trás, onde surgiu Meireles a rematar mas ao lado.
Logo de seguida, o golo. Livre frontal (7’), barreira formada e Ronaldo, com mestria, a levar a bola, em arco e sesgada, para o poste mais longe, sem hipótese para o guardião bósnio, apesar do esforço dispendido.
Depois de um quarto de hora de bola lá – bola cá, sem jogadas de perigo, a formação nacional voltou a avançar no terreno e aos 24’ chegou o 2-0. Recebendo a bola praticamente só, Nani aplicou um “petardo” com o pé direito que levou a bola a entrar como um foguete na baliza bósnia.
O jogo voltou a amornar e os bósnios foram-se chegando à frente, com Dzeko a enviar a bola à trave da baliza de Patrício, mas fê-lo em falta sobre o guardião luso.
Pouco depois, na resposta de Portugal, a bola é lançada para a área onde surge Postiga que, acossado por um defesa, surge no chão, pedindo grande penalidade. Valeu-lhe um cartão amarelo.
Logo de seguida (37’), João Moutinho desmarca-se na grande área bósnia, domina um defesa mas descai demasiado para a direita e perdeu oportunidade de rematar.
Na resposta, Misimovic surge a rematar mas a bola foi à figura de Patrício.
Insistiu a Bósnia e, ao saltar com Dzeko, Fábio Coentrão desvia a bola com a mão (cartão amarelo), o que originou a grande penalidade que o mesmo jogador transformou (40’), enganando Patrício, no primeiro golo da Bósnia.
Ronaldo, na marcação de um livre quase frontal (tal como no primeiro golo que marcou), desta vez não acertou na baliza e o intervalo chegou, não sem que Rahimic visse um cartão amarelo.
No segundo tempo, os bósnios pareciam estar dispostos a recuperar a pequena diferença e lançaram-se para a frente. Sem resultados práticos, porque a defesa portuguesa estava atenta.
Aos 53’, Ronaldo é lançado pela esquerda – parecendo em posição de fora de jogo – contorna dois defesas e o guarda-redes, rematando, cruzado, para o fundo da baliza. Estava feito o 3-1 e Portugal talvez pudesse “descansar”. Até porque os bósnios recuaram um pouco de seguida.
Aos 61’ Coentrão, de cabeça, quase marcava a centro de João Pereira mas foram os visitantes que, aproveitando uma substituição, colocaram a bola em movimento e chegou ao capitão Spahic que, só na pequena área, rematou para o fundo da baliza. Não “estava” lá ninguém. Nem os defesas centrais, nem o esquerdo nem Patrício. E este 3-2 podia trazer problemas.
Mas a entrada de Ruben Micael veio dar a tónica para a mudança, mais ou menos radical, que se passou de seguida.
Aos 72’, Ruben capta a bola e avança pela zona central do meio campo adversário. Na passada, toca para o pé esquerdo de Postiga que, sem marcação, fez um remate potente e directo ao fundo da baliza. O 4-2 estava cumprido. Com justiça.
Mais sete minutos (79’)e com a Bósnia a já não dar acordo de si, Portugal chega ao 5-2. Com direito a hino cantado pelos cerca de 50 mil espectadores presentes. Livre pouco descaído pela direita do ataque de Portugal com Ronaldo e Veloso preparados para marcar. Quando se esperava que fosse o número 7 a rematar, Veloso engana toda a gente e rematou para golo com toda a gente a ver a bola passar. Magnífico.
E aos 81’ Portugal fixa o resultado em 6-2. Uma goleada inesperada mas justíssima.
Mais uma avançada pela esquerda, com a bola a seguir de Ronaldo para Coentrão que, com precisão, centra para Postiga que, em dia sim, voltou a marcar e a fixar o resultado final.
Um jogo a não esquecer, completamente diferente do que se verificou na Bósnia. E com ele a obtenção do passaporte para a fase final. Boa viagem e bom resultado!
Na equipa Portuguesa, Coentrão foi a estrela maior, porque dele partiram as principais jogadas para golo (para além de defender bem), muito bem acompanhado por Bruno Alves, João Moutinho e Ronaldo, bem complementados por Nani e Postiga, estes a marcar nas oportunidades que tiveram.
Do lado bósnio, relevo para Spahic, Misimovic, Begovic e Dzeko, que não fizeram mais porque Portugal não deixou.
O árbitro alemão Wolfgang Stark errou nalguns julgamentos, o principal ao não marcar (59’) uma grande penalidade contra a Bósnia.
As equipas as alinharam:
Portugal – Rui Patrício; João Pereira, Pepe, Bruno Alves e Fábio Coentrão; João Moutinho, Raul Meireles (Ruben Micael, 63’) e Veloso; Cristiano Ronaldo, Postiga (Carlos Martins, 83’) e Nani (Quaresma, 82’).
Bósnia-Herzegovina – Begovic; Zahirovic, Spahic, Jahic e Papac; Pjanic (Besic, 64’), Rahimic (Maletic, 55’) e Medunjaniv; Misimovic, Dzeko e Lulic.
Artur Madeira