Se bem que o triunfo do Sporting seja justo, não é menos verdade que os últimos catorze minutos criaram um ambiente confrangedor do ponto de vista ético e desportivo. Foram precisos apenas cinco minutos para uma “trovoada” devastadora do ponto de vista ético e desportivo, muito por culpa de André Santos e, em especial, João Pereira.
Do ponto de vista futebolístico, o jogo foi pobre. Embora se apresentasse num 4x2x4, o Sporting continua a demonstrar que para atacar e marcar golos não é preciso apenas correr sem nexo, em jogadas mais individualistas. Daí que este esquema nunca funcionou.
Entretanto, algo semelhante ao que aconteceu contra a Académica, logrou, em apenas vinte minutos, construir um 2-0 que seria o garante do triunfo. Mas para isso teria que jogar da mesma forma no segundo tempo. O que não se verificou.
No seguimento de um pontapé de canto (20’), marcado muito rapidamente por Matiaa Fernandez, Postiga saltou melhor e mais rápido que toda a defesa algarvia e fez um golo de belo efeito, com Ventura a ficar surpreendido com a rapidez do lance.
Dez minutos depois, Rui Patrício foi obrigado a esmerar-se para defender um forte remate de Kadi, que leva o selo de golo.
E mais dez minutos o Sporting chegou ao 2-0. Postiga lança a bola em profundidade para dentro da grande área do Portimonense, onde surge, muito rápido, João Pereira a enviar a bola para o fundo da baliza. Na prática, foram estes os lances de maior perigo no decorrer da primeira parte.
Na segunda metade, Evanildo começou por obrigar Ventura a uma excelente defesa mas foi Valdés, que entretanto entrara em jogo (substituindo Djaló, lesionado), que enviou a bola à barra, com o guarda-redes batido.
Aos 67’ chegou o 2-1. Pires, que também tinha entrado há poucos minutos, desmarca-se dentro da grande área do Sporting e deu seguimento a um passe milimétrico enviando a bola para o fundo da baliza.
Com o Portimonense a tentar chegar ao empate (ainda falta cerca de meia hora), eis que André Santos empurra o avançado algarvio pelas costas e, dado que já tinha um amarelo,
Foi mais cedo para as cabinas. Antes de fazer a falta, nítida, devia pensar. Não pensou e…
Com dez jogadores aos 80’, o Sporting permitiu que o Portimonense crescesse no ataque, criando alguns calafrios na defesa sportinguista, eis que João Pereira, num despique com Soares, vê o árbitro marcar-lhe falta, o que não gostou e chamou nomes a Duarte Gomes. Expulsão directa. Outra coisa não seria de esperar. Não tendo conseguido refrear os ânimos, podia ter criado problemas ao Sporting, por faltavam ainda oito minutos para o jogo acabar.
Os jogadores profissionais, independentemente do árbitro errar ou não na apreciação que faz do lance, não podem ter este comportamento. João Pereira jogou até muito bem, foi o grande motor do Sporting pelo lado direito, mas não pode exceder-se desta maneira.
Esta situação originou o confrangedor ambiente que se seguiu e a polícia de choque entrou também em campo, embora nada mais se passasse.
Neste espaço de tempo, o Portimonense esteve à beira do empate, não conseguido porque Rui Patrício (90+2’) salvou a situação socando a bola por cima da baliza.
De registar uma assistência recorde (31.311 espectadores) em relação ao jogo com a Académica, ainda que ajudados por um conjunto de instituições que foram convidadas para o efeito, em homenagem às mães, com as bancadas repletas de jovens.
No Sporting referência especial para João Pereira, pelo que jogou e pela asneira que fez, Postiga, Evaldo, Rui Patrício e Matias Fernandez.
No Portimonense, saliência para Ventura, Lito, Candeias, Pires e Hélder Castro.
Duarte Gomes não teve influência no resultado, pese uma ou outra decisão menos certa, actuando em conformidade em função dos impropérios dos jogadores, em especial de João Pereira. Os auxiliares Venâncio Tomé e Pedro Garcia, quase não se deram por eles.
As equipas alinharam:
Sporting – Rui Patrício; João Pereira, Carriço, Torsiglieri e Evaldo; André Santos e Zapater; Izmailov (Saleiro, 75’), Postiga, Matias Fernandez (Vukcevic, 72’) e Djaló (Valdês, 61’)
Portimonense – Ventura; Ricardo Pessoa, André Pinto, Ruben Fernandes e Ricardo Nascimento; Soares, Hélder Castro e Elias (Pires, 45’); Lito (Mourad, 71’), Kadi (Evanildo, 60’) e Candeias.
Cartões: Amarelo para Izmailov (final do jogo), Saleiro (85’), André Santos (46 e 80’, seguido de vermelho), Ruben Fernandes (44’) e Evanildo (60’). Vermelho directo para João Pereira (84’)
Artur Madeira
