Se ontem Francis Obikwelu estivera excelente pela forma como venceu a meia-final, hoje esteve soberbo, não só por conquistar a medalha de ouro ante dois concorrentes de maior peso, pelo menos neste ano, como também bater o ser próprio recorde dos 60 metro ao correr em 6,53. Simplesmente Brilhante. O Hino nacional voltou a tocar.
Uma vez mais, a alegria esteve estampada na face deste jovem de 32 anos, que continua a melhorar dia a dia e pode chegar a mais uma surpresa nos 100 metros do mundial de Daegu, em Agosto. Uma vez mais, acreditamos que muitos portugueses sentisse – e tivessem – os olhos húmidos ao observar este atleta extraordinário que, nascendo na Nigéria, deste os 16 anos que está em Portugal e é português de fibra.
Uma partida excelente, um acelerar muito bem ritmado e um final cheio de pujança confirmaram uma vitória e um recorde inesperado mas justificado por uma confiança que muito poucos conseguem.
Naide Gomes, que liderou o comprimento nos primeiros quatro ensaios, viu-se ultrapassada no penúltimo ensaio (6,80 pela atleta russa Klishina) e não conseguiu dar a volta no último, apesar de ter arriscado. O deixar o comando deixou-a de “restos” em termos psicológicos, como foi possível observar, e não foi capaz de chegar a um ouro que seria merecido. Ficou com a prata (a 6,79) e também esteve excelente. Embora com marcas inferiores ao que já fez, mas que também se justificam pelas leões que tem tido ultimamente. No mundial da Coreia poderá ser diferente.
Terminado mais um europeu de pista coberta, que decorreu em Paris (França), a representação lusa foi positiva, em especial pelas duas medalhas alcançadas e também por alguns finalistas, como foram os casos de Rui Silva, Sara Moreira e Marco Fortes, cinco atletas de luxo do atletismo internacional.
Em termos de pontuação para cada atleta português, não há dúvida que o 10 vai para Francis, seguindo-se Naide (9), Marco Fortes (7), Arnaldo Abrantes, Rui Silva, Sara Moreira (6), Sónia Tavares (5), Patrícia Lopes (4), Rasul Dabó e Marcos Chuva (3), Eleonor Tavares (2) e Hélio Gomes (1).
Na classificação oficial de medalhas, Portugal obteve o 9º lugar (uma de ouro e uma de prata), enquanto a Espanha foi 8ª. (1-2-1), com a Rússia a ser a mais rica (6-3-6), seguida da França (5-4-2) e da Alemanha (3-4-3) e G. Bretanha (2-5-1), num total de 21 países medalhados.
O facto mais negativo desta missão a Paris foi a não inscrição, por erro federativo, de Sara Moreira nos 3.000 metros, um assunto que devia ser esclarecido publicamente mas que, como tem sido norma nesta Federação (veja-se o recente caso de dopagem positivo do lançador João Almeida que só foi conhecido em Portugal por intermédio da Federação Internacional de Atletismo) ficará entre portas. A democracia é só para outros. Apesar dos pregões que se fazem em sentido contrário.