A verdade nua e crua é que o Benfica ganhou. Talvez ainda não saiba como e porquê. Mas também é verdade que o grande herói do jogo foi o guarda-redes dos madeirenses, Marcelo. Foram precisos 90 e mais seis minutos para á águia poder continuar a voar, a caminho do título, que hoje podia ter tido um percalço de grande monta. Mas Deus estava com Jesus.
Tal como aconteceu contra o Guimarães, o Benfica entrou disposto a marcar cedo e resolver o jogo o mais depressa possível, motivo pelo qual nos primeiros oito minutos beneficiou de três cantos (curiosamente todos marcados por Aimar, aliás como os restantes, cerca de uma dúzia, o que não se percebe) de que nada resultou, apesar da presença na área de Luisão por várias vezes.
Embora mantendo esta toada de maior posse de bola, o Benfica não conseguiu fazer golo, mas também muito por culpa do Marítimo, que fechou bem os caminhos para o golo, pelo menos enquanto pode e enquanto Marcelo defendeu tudo. Marítimo que não ficava na defesa e avançava sempre que podia, com Djalma e Baba a terem oportunidades para marcar.
Com zero-zero ao intervalo, o Benfica voltou a procurar o golo e Aimar, aos 46’, esteve à beira de o fazer, mas Marcelo estava lá.
Com contra-ataques “venenosos”, o Marítimo acabou por seu o primeiro a marcar, depois do Benfica ter tido várias oportunidades mas que não teve nem arte nem manha para o fazer, por um lado, e Marcelo estar na baliza, por outro.
Aos 75’, o Marítimo coloca-se em vencedor. Na marcação de um canto, Djalma sobe mais alto do que todos e cabeceia para o canto mais longe da baliza de Roberto (que estava junto ao primeiro poste), fazendo a bola bater no interior do poste e anichar-se na baliza.
O estremeção foi grande para os lados do Benfica. Mas insistiu. E ganhou. Cinco minutos depois, numa jogada pela esquerda do ataque, Coentrão centra largo, indo a bola chegar a Salvio, no lado oposto que, na passada, mandou para a baliza deserta já que Marcelo, desta vez, não chegou a tempo. Estava feito o empate.
Seguiram-se dez minutos com o Benfica a toda a pressão mas Marcelo continuava a não permitir veleidades ao Benfica já que impediu mais um golo a Cardozo que, de cabeça e no seguimento de um centro de Coentrão, obrigou o guarda-redes a mais uma defesa de excelência.
Nos 90+4, Cardozo faz falta sobre Marcelo e mete golo que o árbitro valida primeiro (juntamente com o árbitro auxiliar) e invalida depois de pressionado, mas o golo do triunfo do Benfica surgiu logo de seguida. Coentrão, instalado na grande área, colhe uma bola perdida pela defesa e remata certeiro, não valendo de nada o estiramento de Marcelo. Uma derrota imerecida do Marítimo.
O herói do jogo foi, sem dúvida, o guardião Marcelo, bem acompanhado por Robson, Baba, Djalma, Robson (Marítimo) e Fábio Coentrão, Luisão, Aimar e Cardozo (Benfica).
Uma nota final para tentar perceber porque é que a equipa de arbitragem permite que Jorge Jesus, amiúde, pressione o quarto árbitro e mesmo o árbitro auxiliar que está do seu lado, com perguntas e outras questões, como é visível em quase todos os jogos.
Quanto ao árbitro Vasco Santos, ficou patente a falta de experiência (estreou-se na I Liga). Não esteve mal no decorrer de parte do jogo, pese embora alguma dualidade de critério na mostragem dos amarelos mas fez bem em não marcar penalty contra o Marítimo porque a bola bateu no braço de Roberge e não o contrário. Mais complicados foram os erros do árbitro auxiliar do lado da tribuna de imprensa, sempre desatento e nunca em linha com o último jogador da defesa, como mandam as regras.
Sob a direcção de Vasco Santos, coadjuvado pelos assistentes Luís Ramos e Pais António (equipa do Porto), as equipas alinharam:
Benfica – Roberto; Maxi Pereira, Luisão, Jardel e Fábio Coentrão; Salvio, Javi Garcia (Carlos Martins, 85’) e Gaitán (Kardec, 72’); Saviola, Aimar (Jara, 68’) e Cardozo.
Marítimo – Marcelo; Ricardo Esteves, Robson, Roberge e Luciano Amaral; Rafael Miranda, Danilo Dias (Heldon, 62’) e Roberto Sousa; Djalma (Kléber, 85’), Baba e Sidnei (João Guilherme, 86’).
Amarelos para: Rafael Miranda (25’), Ricardo Esteves (40’), Pablo Aimar (57’), Roberge (63’), Luciano Amaral (82’) e Roberto (88’).
Artur Madeira