A notícia quiçá mais recente e certamente “acutilante” vem do anúncio público, feita por um representante da Associação de Hotelaria, de que é necessário aumento o preço da célebre “bica” ou “cimbalino”, consoante estejamos instalados em Lisboa ou no Porto.
Na informação veiculada, refere-se que o preço não é revisto desde que entrou em vigor (Janeiro de 2002): quando do nascimento do euro, passados pouco mais de nove anos.
E só por graça é que este mesmo responsável se esquecer de acrescentar que, em 31 de Dezembro de 2001, a bica custava 50 escudos. Na “transformação” passou para 50 cêntimos que, como se sabe, corresponde a mais de cem escudos.
Durante estes nove anos, o preço da bica foi sempre superior ao valor real, já que os consequentes aumentos foram baixando a margem, como se tornou evidente. Mas a verdade é que levaram todo este tempo a vender muito acima do que devia. Nessa altura, quando colocaram o preço a 50 cêntimos, a referida Associação não tomou posição porquê? Provavelmente apenas por graça. Não por oportunismo! Não por “engano” da transposição escudo-euro!
Mas não foi só na bica que os portugueses sofreram. Por exemplo, nas sopas. Eram a 75 escudos e passaram para 75 cêntimos. Apenas o dobro. Também por graça, as sopas não integram a mesma Associação de Hotelaria? Talvez Não!
E tudo o resto que seguiu o mesmo raciocínio, em especial no que era (é) essencial para a vida das pessoas, como é o caso dos produtos alimentares?
O vício (e há quem beba uma bica e coma um pastel de bacalhau ou de nata como refeição do dia) é tanto que os portugueses não vão ligar. Se não, deixavam de beber. E faziam bem. Com todo este “stress” que cada um vai passando, com a crise que se vive, melhor seria prevenir os problemas cardíacos e deixar de pressionar o coração a aguentar tanta coisa, isto é, deixar de beber café!
Luís Direito