O Marítimo jogou aberto, é verdade – como Jesus vaticinou – e só pecou por não ter força na altura do remate, que foram muito poucos em relação aos contra-ataques produzidos, o que redundou num zero, contra a vontade do técnico Pedro Martins, já que sem remates não há golos e lá se foi a ambição. Resultado; manteve-se a tradição e entrou-se em mais um ano (23) sem ganhar na Luz.
Por seu lado, o Benfica fez o que tinha a fazer. Mas com muita calma – perante os 20.804 espectadores – a ponto de poder criar algum “stress” aos associados ante a ausência de golos, até porque das oportunidades criadas, ainda assim poucas (apenas dez remates feitos na primeira parte, aliás a única que valeu como jogo), apenas surgiu um golo, de belo efeito mas o guardião maritimista podia ter feito mais.
Os factos de maior “frisson” aconteceram aos 11 e 12 minutos de jogo.
No primeiro caso, quando Kardec, colocado no centro da área e no seguimento de um canto, cabeceou forte mas à figura de Peçanha. No segundo, no lado contrário, Luciano surgiu isolado à frente de Moreira e “entregou-lhe” a bola, com a baliza escancarada.
Com um jogo jogado com vantagem mínima para o Benfica (51-49%), o primeiro golo aconteceu aos 24’, quando Salvio, depois de receber a bola e entrar na grande área, tirou um adversário do caminho e rematou, sesgado, com a bola a ser minimamente desviada (com a mão direita) pelo guardião e entrar na baliza.
Depois de João Ferreira, o árbitro, ter perdoado um canto ao Benfica (David Luiz, em choque com Moreira, desviou a bola para canto e o árbitro marcou pontapé de baliza; pior se marcou alguma falta por carga ao guarda-redes, dentro da pequena área, uma vez que o próprio colega que caiu sobre ele). Fica a dúvida.
E aos 38 ‘ surge o segundo golo, por Saviola. Na marcação do livre, sobre a esquerda do ataque da sua equipa, Carlos Martins remata forte, Peçanha defende para a direita, a bola é rematada para o lado contrário por Kardec e Saviola, só frente à baliza, ao segundo poste, empurra a bola para dentro.
Apesar de ter feito mais remates, ter mais cantos, a manutenção dos 51-49%, a verdade é que o Benfica soube chegar a um resultado alargado com o aproveitamento das oportunidades e o seu quê de felicidade mais do que a exibição, algo descolorida.
Na segunda parte, com as substituições, o jogo baixou ainda mais de nível, sendo apenas de realçar três jogadas de perigo.
Aos 71’ Sidney remata forte para Moreira defender e largar logo de seguida, tendo valido a intervenção de David Luiz e, aos 81, foi a vez de Jara se isolar e ficar diante de Peçanha, acabando por se atrapalhar no momento crucial e ficar sem a bola. A terceira situação, aos 87’, Heldon, que havia entrado, na marcação de um livre obriga a uma boa atenção de Moreira para agarrar a bola.
O Marítimo só se pode queixar de si mesmo – teve a bola muito tempo e criou algumas situações que podiam ter dado golo – se bem que o 2-0 também se possa considerar pesado.
Relevo para as prestações de Moreira, Carlos Martins e Kardek (pelo golo e pouco mais), tendo Salvio e Gaitán sido os melhores dos benfiquistas. No Marítimo, saliência para Djalma, Robson e Sidney (os melhores), Peçanha, Baba, Roberge e Luciano Amaral.
João Ferreira não teve problemas de maior, mas a lei do fora-de-jogo continua a não ser cumprida conforma a lei: uns não marcados outros tardiamente, quer por um (Pais António) quer pelo outro (Valter Pereira) árbitro assistente.
As equipas alinharam:
Benfica – Moreira; Maxi Pereira, Sidnei, David Luiz e Fábio Faria (César Peixoto, aos 45’); Salvio, Airton e Gaitán; Saviola, Carlos Martins (Ruben Amorim, aos 69’) e Kardec (Jara, aos 73’).
Maritimo – Peçanha; Ricardo Esteves, Robson, Roberge e Luciano; Rafael Miranda e Sidney (Alonso, aos 73’); Marquinho (Heldon, aos 73’), Tchô (Cherrad, aos 52’), Baba e Djalma.
Cartões amarelos para César Peixoto (65’) e Cherrad (68’)