O braço de ferro que as Associações teimam em fazer ao Governo – que alterou, e bem, o Regime Jurídico das Federações – de forma a não o cumprir, porque as novas determinações exigem democraticidade, pode levar a que a Federação Portuguesa de Futebol seja sancionada com a retirada do estatuto de utilidade pública desportiva, competência que está atribuída a Laurentino Dias, secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
Numa “guerra” liderada pelo presidente da Associação de Coimbra, por curiosidade um membro de grande influência no PS (Partido do Governo), a situação agravou-se recentemente com o facto de o presidente da Assembleia-Geral federativa ter marcado eleições sem falar com os restantes corpos sociais, em princípio a direcção liderada por Gilberto Madail, que foi apanhado de surpresa. Ou talvez não…
Não aprovando os estatutos segundo o determinado no citado Regime e avançando para eleições antes de o fazer, a FPF corre o risco de se “queimar” e com isso ajudar a “queimar” o país.
Mas não é só a Associação de Futebol de Coimbra que está envolvida. Na prática, todas elas.
Desde o início do processo que fizeram “gala” em estar contra o governo e demonstrar a sua falta de democraticidade. Querem continuar a ser os “mandões” no futebol nacional.
No entanto, nos últimos tempos e face ao sonoro aviso dado por Laurentino Dias, ao suspender parte dos benefícios estatais, algumas das Associações está a “voltar o bico ao prego” e a colocar-se ao lado do governo, estando a nascer um movimento no sentido de, rapidamente, adequar os estatutos federativos à lei. Resta saber se vai a tempo de evitar as eleições em Fevereiro próximo.
Uma situação que, ao fim e ao cabo, é da culpa de Gilberto Madail e seus pares que, de acordo com a legislação em vigor, já podia ter o assunto resolvido, se utilizasse os poderes que estão legislados.
E é tão simples. As Associações têm apenas competências delegadas pela própria Federação pelo que, ao não cumpri-las, resta à Federação accionar os mecanismos legais e regulamentares para colocar as Associações em “sentido”.
Não o fez. Não é capaz de o fazer. Porque todos estão em jogo com todos e todos tem que beneficiar.
Os últimos dias deste ano e os primeiros de 2011 vão ser decisivos. Saberá o Futebol aproveitá-los?
Sérgio Luso