Chegando ao intervalo a vencer por 3-0 e atingindo os 4-0 aos 67 minutos, alguém esperaria que o Benfica viesse a sofrer três golos e tivesse que acabar o jogo com calafrios? É evidente que nem o mais pessimista ou derrotista pensaria em tal coisa.
Se revermos a estatística no final da primeira parte, a posse de bola era de 50% para cada equipa. Isto demonstra que nem uma nem outra tiveram ascendente. Então como se explica os três golos do Benfica?
Primeiro porque derivaram, todos, de contra-ataques feitos quase a régua e esquadro, isto é, com as medidas todas certas para com o caminho da baliza. A maior arma foi a rapidez, usada contra a lentidão da recuperação dos defesas franceses, quer permitiram a deslocação dos médios avançados para ataques que foram mortíferos.
Mas também é evidente que houve mérito do Benfica, com base numa endiabrada dupla formada por Carlos Martins e Fábio Coentrão, que “deram cabo” do adversário. Mas os visitantes também foram mansinhos. Lentidão, passes e mais passes (o Lyon ganhou em passes certeiros e não certeiros), futebol muito rendilhado e “miudinho”. A uma boa técnica tem que corresponder uma boa condição física e maior dinamismo, quer a avançar quer a defender. Daí a diferença de quatro golos.
O primeiro foi marcado por Kardec (20’), dando o melhor seguimento a um livre marcado por Carlos Martins; o segundo por Coentrão (32’) com um excelente remate sem deixar a bola tocar no chão na sequência de um passe largo de Carlos Martins; o terceiro (42’) por Javi Garcia, que desviou a bola para dentro da baliza no seguimento de um canto marcado por Carlos Martins; o quarto (67’) por Coentrão, lançado por Carlos Martins e apanhando a defesa toda fora do sítio.
A surpresa começou a acontecer aos 73’ quando Gourcuff chegou aos 4-1, limitando-se a empurrar para a baliza de Roberto, sem culpa para este, aproveitando as duas substituições feitas pelo Benfica, que não funcionaram nessa altura. Estavam “frios”.
Filipe Menezes entrou a seguir e o Benfica parece ter ficado mais frio ainda. Daí que o 4-2 surgiu por Gomis, isolado frente a Roberto.
A partir daqui notou-se que o Benfica tinha deixado a “prise” no balneário e passou a andar sem segunda e, por vezes, em primeira, o que o Lyon aproveitou mas sem mudar grande coisa de ritmo: passe mais passe, em progressão lenta, mas somando metros que o Benfica foi perdendo (assim como quase toda a dinâmica). Daí o 4-3 por Lovren, já em cima dos 94 minutos (acrescentado pelo árbitro).
Um jogo a duas velocidades para o Benfica, que fez jus ao triunfo, tendo de contar apenas consigo próprio para seguir em frente, isto é, somar os seis pontos que ainda faltam.
Como se referiu, Coentrão e Carlos Martins foram os “maiores”, embora também se tivessem destacado Kardec, Javi Garcia, David Luiz e Luisão. “Desaparecido” voltou a estar César Peixoto. Do lado do Lyon, destaque para Lloris, Lovren, Gourcuff, Bastos e Gomis.
Claude Puel, o árbitro escocês, não teve influência no resultado, esteve bem nos capítulos técnico e disciplinar, embora Carlos Martins tivesse ficado à beira de um amarelo, por estar constantemente a reclamar.
As equipas alinharam:
Benfica – Roberto; Maxi Pereira, Luisão, David Luiz e César Peixoto; Carlos Martins (Felipe Menezes, 74’), Javi Garcia e Fábio Coentrão; Saviola (Franco Jara, 70’), Salvio e Kardec (Weldon, 71’).
Olympique Lyonnais – Lloris; Rèvellière, Cris, Diakhaté (Gomis, 58’) e Lovren; Pjanic (Makoun, 70’), Gonalons e Gourcuff; Bastos, Briand e Pied (Lacazette, 70’).
Cartões amarelos para Luisão (23’), Saviola (59’), Roberto (90+1) e Lovren (23’).
Artur Madeira