Analisando a notícia da viagem da principal equipa de futebol do Benfica – que luta tenazmente para não descolar do actual guia, o F. C. Porto, que soma 7 pontos de vantagem – para jogar a uma quarta-feira (dia 11), depressa se concluiu que não será o aspecto desportivo o mais importante.
Sobre esta área, Rui Santos teve oportunidade, no ”Record” do dia 28 deste mês de Outubro, dissecar ou tentar perceber qual será a vantagem desportiva para o Benfica, em vésperas do jogo com o F. C. Porto, obrigando os jogadores a duas viagens de 8 horas cada (no mínimo).
Rui Santos foi mais longe ao escrever que “diz-se à boca pequena que são importantes interesses de Luís Filipe Vieira em Angola. Poderão sê-lo com toda a legitimidade. Diz-se também que interesses angolanos em Portugal podem ter passagem pelo Benfica”. E a verdade é que até ao momento ainda nada foi esclarecido sobre os objectivos extra-desportivos, atendendo a que desportivos não serão por certo, apesar de o clube da Luz poder receber um milhão de euros pela presença, o que é excelente para as finanças benfiquistas, se bem que possa “empenhar” o título de campeão nacional, que manterá as portas abertas à Champions League.
Como se sabe, a crise em Portugal veio para ficar. Durante dois anos (2011 e 2012), no mínimo, a situação no país não dará muitos lucros aos empresários, dependendo do seu quadrante de actividade, salvo os banqueiros, que “vivem à grande” à custa de todos os portugueses.
Assim sendo, a viragem para o estrangeiro é o único caminho. Exportando o quê? Tudo o que seja mais ou menos rentável.
Sabe-se que Angola é um país em franco progresso e que a saúde financeira é muito boa, o que permite (por via do petróleo e não só) um desenvolvimento muito rápido de estruturas e infra-estruturas para o que é preciso mão de obra qualificada que, essencialmente, fale português em vastos sectores, por permitir uma maior celeridade na comunicação.
Vem isto a propósito de um estudo divulgado pela Associação Industrial Portuguesa (AIP) em que a província do Huambo tem todas as condições para ser uma plataforma logística em Angola, dada a sua centralidade, com base no reinício da actividade do Caminho-de-ferro de Benguela.
Isto, sendo verdade, apenas o é de agora porque o caminho-de-ferro vai voltar a rodar.
Se bem nos recordamos, antes da independência esta zona (Huambo, Benguela, Huíla e províncias raianas) já era o centro logístico de Angola. Daí que, encontrado o caminho da paz, o único caminho a trilhar seria o de retomar o tempo perdido, reconstruir tudo de raiz e avançar rumo a um futuro cada vez mais risonho para os angolanos.
Estará o Benfica (ou Luís Filipe Vieira) dentro deste “comboio” de interesses?
O que, mais tarde ou mais cedo, virá à tona. Neste momento e porque o “silêncio é a alma do negócio”, é tudo “top secret”!