Outrora paladino de acções de grande vulto, em variadas áreas sócio-desportivas, de há uns tempos a esta parte o Sporting tem entrado em campos que são inconstitucionais.
Quando Rogério Alves – isto falando nos anos mais próximos de um passando recente – assumia a função de presidente da Assembleia-geral, verificou-se que, em algumas reuniões magnas onde era necessário votar, as urnas tinham duas indicações: uma “votos a favor”; outra “votos contra”.
Outra ainda: tem-se verificado que são funcionários do clube que “fiscalizam” as votações e fazem as contagens, o que levou a que vários sócios, mais do que uma vez, por motivos que podem ser ou não óbvios mas que deixam dúvidas naturais, a questionar o líder. É que quem paga … manda!
Justificou, uma vez, Rogério Alves que “era para que a contagem dos votos não demorasse muito tempo”.
“Forçado” por vários sócios, a verdade é que, numa reunião posterior (quiçá por a massa associada presente não ser muito elevada), Rogério Alves não colocou esta medida em prova.
O que voltou agora – como aconteceu na passada quarta-feira – pela mão de Dias Ferreira.
O que quer isto dizer? Simplesmente a falta de democracia que passou a existir no clube.
Uma vez mais, a ausência de democracia regressou a existir e as urnas passaram a ter os “votos contra” e os “votos a favor”, no caso específico para se votar o relatório e contas de 2009/2010.
Esta situação é uma afronta às leis e liberdades definidas pela Constituição Portuguesa e um ataque (feroz – ou não se falasse de leões) para todos os portugueses, em especial os associados do clube de José Alvalade.
Nenhum associado levantou, desta vez, a questão da inconstitucionalidade da medida. Apesar de a maioria estar contra a actual gestão, como ficou provado com mais de 40 % de votos contra (contra os tais 25 % que votaram contra estes dirigentes quando da eleição, há um ano), a verdade é que a maioria advém da votação dos sócios mais antigos – que tem um peso substantivo e que garante, quase sempre, a vitória” dos que estão.
Para além desta anomalia, que uma previdência cautelar tornaria nulos os efeitos das decisões tomadas se alguém avançasse para o efeito (o que custaria dinheiro e os associados estão a ficar sem dinheiro, porque no clube têm que pagar tudo, até um bocadinho de atenção, outras foram acontecendo.
Fica José Bettencourt muito “enxofrado” quando os sócios fazem perguntas. Motivo pelo qual, por norma, não responde e muito menos activa qualquer coisa. Com o pedido de auditoria às contas responde que estão e são auditadas de acordo com a lei; com a venda dos direitos televisivos até 2018, para além do seu mandato, que termina em 2012, não explica suficientemente; a mudança da reunião para o “multiusos” levou a que cerca de um terço dos presentes (cerca de 800) tivesse que assistir em pé. Não se faz! Os sócios do Sporting merecem mais.
Mas é isto que lhe dão. Saber gerir, minimamente bem, é responder concreta e objectivamente às questões colocadas. Aqui não são os resultados dos jogos que estão em jogo, são os direitos dos sócios.
Se juntarmos a isto os “pecados” que vem cometendo desde o início do seu mandato (casos de Paulo Bento forever, falhanço de Villas-Boas, Carlos Carvalhal, Ricardo Sá Pinto), o que os sócios questionam é até quando isto se irá verificar. Antes ou depois do “dilúvio”?