Na Assembleia-geral de abertura da época, a Liga Portugal de Futebol Profissional fez aprovar algumas alterações ao estatuto, tendo como objectivo “adaptá-lo” à realidade da função que desempenha no âmbito desportivo nacional.
Uma das decisões teve a ver com a profissionalização das suas funções, definindo que todos os membros da Comissão Executiva passem a ter vencimento o que, na prática, vai afectar o respectivo presidente porquanto alguns dos outros elementos que agora compõem a comissão já venciam, casos da Directora-geral (Andreia Couto) quer do agora Director António Carlos.
Por isso, nada de anormal se passou neste campo e deu-se o passo que era importante até para impor mais responsabilidades aos seus membros. Resta saber é se os valores definidos se se justificam…ou se a crise virá depois.
Dependente apenas de patrocínios (o desporto profissional não tem – nem deve ter – benefícios de ordem mecenática), por certo que terá que haver uma grande elasticidade para angariar os fundos indispensáveis.
Neste âmbito, cabem ainda dois factores: a profissionalização da arbitragem e o valor dos prémios de jogo (e outras despesas) a pagar aos árbitros.
No primeiro caso, Fernando Gomes, o presidente da Liga, rematou com firmeza: não haverá profissionalização sem que o governo defina as regras. E fez muito bem.
Como se sabe, saiu recentemente legislação sobre a formação de agentes desportivos, o que obedece a determinados parâmetros.
É que criar uma carreira de árbitro profissional – porque única no panorama internacional no que respeita às regras das profissões – não será fácil ou não haverá condições para tal.
Basta uma questão nuclear: como se pode criar uma profissão deste tipo se aos 45 anos a carreira tem que acabar? O que fazer depois dos 45 anos? Requalificação para outras áreas? Reforma?
Na sequência, que tipo de quadro a desenvolver para os vencimentos (e demais regalias) a implementar?
Mas, por outro lado, se se concluir que se deve avançar, talvez seja bom para as entidades patronais onde os árbitros colaboram porque, dessa forma, deixarão de faltar para dirigirem os jogos, o que actualmente acontece. É que se somarmos o vencimento da empresa com o que recebem da arbitragem, poucas dúvidas haverá que os mais “consagrados” angariam, mensalmente, valores superiores a qualquer ministro (porque não primeiro-ministro) deste país.
De acordo com o que o “Record” avança na edição de 13 deste mês, cada árbitro irá receber 1.200 euros por dirigir um jogo quer da I Liga quer da Liga de Honra.
Do ponto de vista legal, para o caso não só em Portugal como no mundo, haverá muito pano para mangas. E interesses também. Que não vão parar, como é evidente.
Sérgio Luso
Foto: DR