A cada dia que passa – à medida que se aproxima a hora de conhecer a decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol sobre o que se terá passado no decorrer do estágio da selecção nacional de futebol na Covilhã, antes da ida para a África do Sul – são divulgadas várias hipóteses de sobre eventuais situações verificadas.
Não só a nível do que tem a ver com as acções de controlo de dopagem levada a efeito pela ADoP como, também, pelo ambiente (não positivo) que se terá vivido entre vários membros da comitiva, especialmente entre alguns jogadores e o seleccionador nacional.
A propósito, é caricato, no mínimo, que o “super” José Moutinho tenha vindo a público, recentemente (juntamente com Pepe, Deco e mesmo Ronaldo), afirmar que “já conhecia o ambiente que se vivia na selecção” – no que concerne à relação entre os vários elementos – que levaram à eliminação de Portugal nos oitavos-de-final. É incrível, porque não inacreditável, saber-se que, quiçá, Mourinho até sabia mais do que lá se passava do que o próprio Carlos Queiroz.
Mas passando ao que se refere à questão do controlo de dopagem, toda a gente fala e escrever para ver se acerta não só no que se passou (que integra o relatório que o CD está a analisar e que não é público) mas, em especial, que tipo de sanções poderão ser aplicadas a Carlos Queiroz.
De acordo com os procedimentos legais em vigor, os médicos que integraram a missão da ADoP, entenderam que havia lugar à realização de um relatório dando conhecimento de algumas anormalidades verificadas. Tudo normal.
De seguida, reportaram o assunto à entidade que os nomeou, a ADoP. Esta, por sua vez, deu conhecimento do assunto ao IDP (que tutela a ADoP), cujo Instituto, por seu lado, é tutelado pela Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto.
Assim sendo, o IDP terá reportado a Laurentino Dias a situação. Este, por seu lado, despachou o assunto para a FPF, a quem cabe, de acordo com a lei e os regulamentos (em especial o de Disciplina), aplicar as sanções previstas para as faltas descritas no citado relatório.
Fora disto, que são os procedimentos normais, a única falha foi de Laurentino Dias, a fazer fé no que veio na comunicação social, ao divulgar que o “assunto era grave”. O que deu azo a toda esta celeuma.
Apesar disso, o facto de, no meio disto, estar em jogo alguns milhões de euros. E por via disso, um certo “balancear” de posição entre os dirigentes federativos.
Qualquer que seja o desfecho nesta primeira fase, parece não haver dúvida que o processo ainda vai durar. É o desporto português no seu melhor. Como sempre!
Sérgio Luso
Foto: JCServ/JCMYRO