Terça-feira 23 de Novembro de 0144

Europeu de Barcelona: Ainda se ouvem palmas mas já começou a “cantiga” sobre “o que o país deve fazer…

NaideGomesBarcelona3Conquistar uma medalha no último dia de uma competição que durou quase uma semana, sem dúvida que é sempre mais marcante, porque prolonga o eco dos aplausos recebidos por quem as alcança e até do país que representa. O que é positivo a todos os títulos, ainda mais se em vez de uma se ganham quatro. Como se verificou com Portugal.

E os primeiros comentários que se ouviram dos responsáveis foram que Portugal “colocou 50% dos 42 atletas que estiveram em Barcelona até ao 16º lugar”, segundo o DTN José Barros, o que terá levado o presidente da Federação, Fernando Mota, a salientar, à chegada a Lisboa, “o que é que o país pode ou deve fazer pelo atletismo português, face a estes êxitos alcançados”.

Considerando os resultados obtidos dentro deste âmbito, a verdade é nua e crua. Mas se dissermos que, em termos técnicos, só três atletas portugueses (incluindo os medalhados) ou bateram recordes nacionais (Patrícia Mamona e a equipa de 4×100, excelente marca) ou fizeram o seu melhor resultado da época (Naide Gomes e Sara Moreira), facilmente se deduz que tecnicamente o resultado é negativo. E também para a grande maioria de todos os países, pese embora as menos boas condições climatéricas mas apenas em provas longas.

Mais um dado a acrescentar: depois da queda do Muro de Berlim (e este facto valerá por dezenas de anos), surgiram novos países que obrigaram outros a não ter a totalidade do pódio, casos da Rússia e RDA que, por norma “açambarcavam” quase tudo.

Ainda bem que houve mudanças mas, mesmo assim, não devemos embandeirar em arco só porque conquistamos quatro medalhas.

Com estas quatro, Portugal chega às 224 desde a sua história de conquista, que começou em 1976, no mundial de corta-mato, com Lopes a servir o ouro logo em estreia. Uma lista digna de registo nestes 34 anos passados.

Neste balanço rápido, também se deve colocar em equação o facto de, no âmbito do atletismo, se deixar de fazer prognósticos sobre quantas medalhas se podem ganhar. De forma oficial, ninguém o referiu publicamente antes. Apenas a Comunicação Social, com relevo para o “Record”, o fez. Apontou cinco candidatos ao pódio e acertou em três. As outras duas foram finalistas. Dos finalistas (até ao 8º) apontou oito e acertou três, tendo um deles sido medalhado. Como não houve perspectivas oficiais, tudo é bom.

Mas veja-se o caso da Grã-Bretanha. No início, apontou para 15 medalhas. Resultado? 19. Muito positivo. Ter medo para quê? Por causa da bronca de Pequim?

Em termos globais, foram alcançados oito recordes dos campeonatos, o mais saliente o dos 3.000 metros-obstáculos, que tinha 20 anos e pertencia à lenda italiana Francesco Panetta, salientando-se ainda que apenas foram melhorados duas dezenas de todos os países presentes.

Em termos colectivos (países), a Rússia (262) voltou a vencer, enquanto a França foi segundo (183) e Grã-Bretanha terceira (167). Portugal ocupou um excelente 10º lugar (45 pontos) entre 33 países pontuados.

Ponto final por agora. É que a “guerra” das medalhas estará de volta em Dezembro próximo, quando do europeu de corta-mato. Até lá, vamos ver se alguém (de monta) se transfere de clube, para se preparar o ataque aos títulos nacionais de 2011.

 

 

 

 

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