Nesta segunda-feira, Manuel Sérgio, o pedagogo e filosófico – entre outros “galardões” que detinha – subiu ao céu estrelado, no que foi o último movimento, ainda que não sentido, a caminho do paraíso que o espera no reino das figuras mais gradas do desporto português. E não só.
Numa carreira de 91 anos, desde que nasceu e até partir para o Além, Manuel Sérgio foi cativando tudo e todos à sua volta, primeiro para convencer de que a educação física não podia ser vista apenas dentro desse prisma, enquanto movimento que tinha um sentido mais adiantado no tempo, o que provocou o corte epistemológico que redundou na Motricidade.
O que criou também algum “frenesim” na altura, mas que, pouco a pouco, essa Motricidade se foi cimentando, a bem da Academia, tendo conquistado o direito de integrar o universo superior das Faculdades, no que foi uma vitória assaz importante para o desenvolvimento de uma nova – ou renovada, no conceito e no contexto – Motricidade Humana!
Persistente e resiliente, não descansou enquanto isso não fosse concretizado, partindo, de seguida, para uma outra área em que, superando-se, o ser humano, podia aliar-se – se ainda não o estivesse associado – ao espírito, entrando no antro do catolicismo para caminhar para uma transcendência, mentalmente preparada para esse efeito.
Estudou, pesquisou e recolheu os dados suficientes para que até os mais incrédulos percebessem onde se tinha chegado.
E foi nesse contexto que Manuel Sérgio chegou onde chegou.
Disse-nos adeus. Um pouco a frio. Mas nós, que o acompanhámos ao longo de muitos anos, ficamos satisfeitos pelo que fez. Soube ser e fazer o bem pelo bem. Com movimento.
“A saúde não depende só de exercício físico; depende de um exercício físico onde há valores, ou eu sou tanto, tão bom do ponto de vista físico, como do ponto de vista moral. Tudo isso tem a ver com o desporto, tudo isso tem a ver com a vida toda!”
Obrigado, Professor Manuel Sérgio!
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo”! Fernando Pessoa. E continuamos a sonhar porque “tudo vale a pena se a alma não é pequena”!