O IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, No dia 17 de fevereiro, pelas 13h24m, ocorreu um sismo de magnitude 4.7 (Escala de Richter), com epicentro a cerca de 14 quilómetros a oeste–sudoeste de Seixal, o qual foi registado nas estações da rede sísmica do continente. Há registo de duas réplicas com magnitudes 2.4 e 1.7, respetivamente às 10h36 e às 11h34, no dia 18 de fevereiro.
De acordo com os inquéritos recebidos, relativos aos concelhos de Almada, Seixal, Sesimbra, e Lisboa,
este sismo terá sido sentido com a intensidade máxima V (escala de Mercalli 56), enquanto a réplica
de magnitude 2.4 terá sido sentida com intensidade máxima III. Esta informação continuará a ser
atualizada, recorrendo aos inquéritos que vierem a ser recebidos e conforme levantamento macrossísmico a realizar no terreno na região afetada.
A geologia e as estruturas geológicas da região grande Lisboa, incluindo a zona submersa, é complexa.
Em traços gerais, trata-se duma área com terrenos de rochas sedimentares do Jurássico e do Cretácico
(145 a 92 milhões de anos) aos quais se sobrepôs o evento vulcânico que originou o Complexo
Magmático de Sintra e o Complexo Vulcânico de Lisboa, estes com cerca de 90 milhões de anos. No
Cenozóico depositou-se o complexo sedimentar continental do Paleogénico (50 a 30 milhões de anos)
e os sedimentos essencialmente marinhos do Miocénico (25 a 10 milhões de anos). O complexo
sedimentar de idade Pliocénica e Quaternária (5 a 0 milhões de anos) é essencialmente continental,
arenoso-cascalhento, com unidades marinhas pouco profundas, fluviais e dunares.
As serras de Sintra e de Arrábida, assim como outras menores na região de Lisboa são resultantes da tectónica compressiva, que afetou a toda a Península Ibérica, com expressão notável nas cordilheiras dos Pirinéus, Sistema Central e Bética.
Na área onde ocorreu o sismo de 17 de fevereiro (M 4.7), estudos identificaram a presença de
numerosas falhas, em particular perto do litoral da Fonte da Telha, na Península de Setúbal (Cabral et
al., 1984).
Nesta zona, do ponto de vista estrutural, e enquanto resultado da mencionada tectónica
compressiva, distinguem-se duas grandes unidades que são a “Cadeia da Arrábida” a sul, e o “Sinclinal
de Albufeira”, a norte. A hipótese mais consensual é que o sismo de 17 de fevereiro resultou de uma
falha formada paralelamente à estrutura da “Cadeia da Arrábida” o que é compatível com o
mecanismo focal obtido para o evento sísmico (ver a figura). Outras hipóteses relativas à origem deste
sismo estão, contudo, em análise.
Referências selcionadas:
Terrinha, P., Duarte, H., Brito, P., Noiva, J., Ribeiro, C., Omira, R., Baptista, M.A., Miranda, M.,
Magalhães, V., & Roque, C. e Tagusdelta cruise team (2019). The Tagus River delta landslide, off
Lisbon, Portugal. Implications for Marine geo-hazards. Marine Geology, 416, 105983.
https://doi.org/10.1016/j.margeo.2019.105983.
Cabral, J., Dias, R. P., & Brum, A. (1984). Estudo de falhas afectando formações plio-quaternárias na
zona da Fonte da Telha (Península de Setúbal). Comunicações dos Serviços Geológicos de
Portugal, 70(1), 83-91.