A Cidade do Futebol foi palco do lançamento do novo Guia de Acessibilidades da UEFA, que inclui diretrizes recomendadas pelo organismo de forma que clubes e federações possam facilitar o acolhimento de pessoas com necessidades especiais.
Este evento, de acordo com a informação veiculada pela FPF, reuniu vários representantes de clubes nacionais e também de federações europeias, incluiu um painel de discussão, composto pelos oradores João Becker, líder de Acessibilidade do Manchester City FC, Rita Ferro Rodrigues, do Departamento de Responsabilidade Social da FPF, Presilia Mpanu-Mpanu, especialista em Sustentabilidade Social e Ambiental e Michael Rice, Coordenador de Operações da AccessibAll.
Antes, Michele Uva, Diretor de Responsabilidade Social da UEFA, explicou o objetivo do novo Guia, tendo referido que “é extenso, compreensivo e respeitoso e nele reside a chave que rege o futebol em que mais devemos acreditar”, revelando ainda que “se encontra traduzido para 12 línguas, para ser “partilhado e disseminado” por todas as federações membro do organismo que tutela o futebol europeu”.
Em entrevista aos jornalistas, no final do evento, Michele Uva foi claro quanto aos objetivos da UEFA ao afirmar que “queremos ser um exemplo para a sociedade civil, mais do que para outros desportos. Somos uma grande ‘montra’ no mundo, com milhões e milhões de adeptos veem os jogos, e nosso trabalho nesta área. Precisamos de ensinar pelo exemplo, de agir e ter ações concretas, melhorando todos os dias”.
O dirigente da UEFA reconheceu que o caminho, iniciado há 13 anos, com o primeiro guia, “é longo”, mas assegurou que “há um grande empenho de todos, nomeadamente de federações e clubes, em incluir todos no mundo do futebol”. “Estamos a trabalhar com a Associação Europeia de Clubes (ECA) para, junto dos clubes, perceber e ajudar a melhorar as acessibilidades aos recintos, perceber o que se pode melhorar ao nível de infraestruturas, mas também dos recursos humanos de cada clube”, adiantou também.
Uva destacou a necessidade de “inspirar e acelerar o processo de tornar o futebol acessível a todos”, lembrando que os “clubes, que todas as semanas jogam e acolhem milhares e milhares de pessoas nos seus recintos, têm um papel fundamental no processo”. “As pessoas com deficiência sentem-se parte deste mundo, desta paixão que é o futebol, temos de fazer este trabalho juntos”, justificou.
O diretor de Responsabilidade Social da UEFA deixou ainda elogios ao trabalho realizado pela FPF nesta área: “A FPF é um líder europeu na matéria. Tem feito um trabalho fantástico em matéria de acessibilidades, tem estado sempre na linha da frente. É também por isso, para expressar gratidão que hoje, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, estamos aqui”.
Sara Holmgren, Especialista em Sustentabilidade Social e Ambiental da UEFA, falou da importância de “uma colaboração interdepartamental, entre marketing, equipas de operações, transportes, entre outros”. “Deve haver organização nesses aspetos, na colaboração e abordagem ao tema”, frisou a dirigente da UEFA.
O secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, marcou presença e destacou que Portugal “tem sido um exemplo” e as “regras de acessibilidades estão definidas na lei”.
“O futebol pode também ser uma referência para outras modalidades, é preciso agradecer à UEFA este trabalho tão importante para a família do desporto”, salientou ainda Pedro Dias.
A FPF tem atualmente uma política de inclusão que promove a acessibilidade aos recintos de pessoas com deficiência e neurodivergência. Ao abrigo dessa política, a FPF disponibiliza, entre outras facilidades, percursos e lugares acessíveis, comentários audi descritivos para pessoas cegas ou com baixa visão, língua gestual para pessoas surdas, em alguns momentos dos jogos.
Para pessoas neurodivergentes, o organismo cria em cada jogo, junto a uma bancada específica, um espaço com uma atmosfera mais clama e tranquila, com o objetivo de criar áreas de descanso e relaxamento.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) existem no mundo cerca de 1,3 mil milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representam 16% da população mundial.