Sexta-feira 15 de Novembro de 2024

José Manuel Constantino condecorado com Colar de Honra ao Mérito Desportivo pelo Governo

COP-CelebraçãoOlimpica_newJosé Manuel Constantino foi a figura mais em destaque, aliás como se esperava, no ponto mais alto da noite da Celebração Olímpica quando Pedro Duarte, Ministro dos Assuntos Parlamentares, anunciou a decisão do Governo de atribuir, a título póstumo, a mais alta condecoração governamental – o Colar de Honra ao Mérito Desportivo – a esta figura insigne do desporto português.

Distinção que foi recebida pela viúva e pelos filhos, respetivamente Manuela Araújo, Bruno e Pedro Constantino das mãos do Ministro que, na oportunidade, referiu que “deixo uma palavra de agradecimento, de reconhecimento, uma palavra especial aos atletas, a todos sem qualquer exceção, que nunca desistem de sonhar e nos ajudam a sonhar também. Sois uma inspiração para todo o País.”

Voltou a reafirmar “a aposta do Governo no desporto, que é também uma aposta na saúde e no combate às desigualdades. O desporto une a sociedade. Assumimos o compromisso de aumentar a prática desportiva. O desporto deve ser um desígnio do país. Mais desporto para todos.”

Aproveitou ainda para “dar os parabéns ao COP pelo que tem feito pelo desporto, pela sociedade portuguesa.”, tendo finalizado a intervenção com um longo elogio ao legado de José Manuel Constantino afirmando que “o seu trabalho de planeamento sábio levou a deixar uma marca impressiva em todas as organizações por que passou. Teve uma carreira verdadeiramente inspiradora. No COP deixou uma obra extraordinária, é uma personalidade de excelência a quem muito devemos.”

Bruno Constantino, um dos filhos, referiu que “é uma grande honra ver o meu pai ser congratulado com esta distinção. Ele nunca foi de muito de festejos, mas acredito que, neste momento, esteja a festejar de forma reservada. Para nós, família, foi uma honra ver o crescimento desta instituição e os resultados alcançados. Ele disse-me: ‘Bruno, nesta vida nada se consegue sozinho’, pois estes prémios e distinções também são responsabilidade vossa.”

A figura de José Manuel Constantino, presidente do COP falecido a 11 de agosto, foi transversal a toda a comunidade olímpica presente, tendo recebido uma sentida homenagem da vasta audiência em vários momentos, com destaque para a atribuição também da Ordem Olímpica Nacional, pelo COP.

A noite foi dos atletas da Equipa Portugal que contribuíram para os melhores resultados de sempre em Jogos Olímpicos, para além de personalidades e organizações que se distinguiram nas áreas da investigação científica e da Educação Olímpica, e foram premiados pelo COP.

Os distinguidos nesta gala, que teve lugar esta quinta-feira, foram os seguintes:

- Ordem Olímpica Nacional

JOSÉ MANUEL CONSTANTINO

José Manuel Constantino, falecido a 11 de agosto de 2024, data da Cerimónia de Encerramento dos Jogos Olímpicos Paris 2024, foi presidente do Comité Olímpico de Portugal entre 2013 e 2024, período em que a Equipa Portugal conseguiu os melhores resultados de sempre em Jogos Olímpicos, com a conquista de quatro medalhas em Tóquio 2020 e mais quatro em Paris 2024. Professor, autor, considerado um dos grandes pensadores do desporto português, José Manuel Constantino recebeu da Presidência da República a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da Ordem da Instituição Pública. Foi-lhe atribuído o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade do Porto, em 2016, e da Universidade de Lisboa, em 2023.

Recebeu a distinção a família de José Manuel Constantino.

A Ordem Olímpica Nacional destina-se a distinguir personalidades, de elevado nível e público reconhecimento, por serviços de extrema relevância prestados ao Movimento Olímpico.

São relevantes, para receber a Ordem Olímpica Nacional, os seguintes critérios: a) Ter obtido, ao longo da sua carreira, resultados excecionais a nível internacional; b) Ter participado, de modo relevante, na direção, organização e promoção do desporto, a nível nacional ou internacional, tendo granjeado respeito e admiração na comunidade; c) Ter atuado, de forma altruísta e extraordinária, em benefício do desporto português.

 

Prémio Excelência Desportiva

IÚRI LEITÃO

Medalha de ouro – Ciclismo de Pista – Madison – Paris 2024

Medalha de prata– Ciclismo de Pista – Omnium – Paris 2024

“Parece tudo impossível. Depois de as coisas acontecerem parece fácil, mas não foi. A preparação para os Jogos Olímpicos é muito exigente. É preciso estar a 110%. E sem o Rui isto não seria possível”

RUI OLIVEIRA

Medalha de ouro – Ciclismo de Pista – Madison – Paris 2024

“Depois de três meses ainda parece um sonho, mas a verdade é que aconteceu, foi possível. Mas aconteceu também devido ao meu companheiro. Só tenho a agradecer por todo o apoio, foram incansáveis, estiveram lá sempre para nós.”

PEDRO PICHARDO

Medalha de prata – Atletismo – Triplo salto – Paris 2024

Jorge Vieira, presidente da FP Atletismo, recebeu o prémio

PATRÍCIA SAMPAIO

Medalha de bronze – Judo – -78kg – Paris 2024

“Naquele dia fiquei sem palavras, agora continuo sem palavras. Eu já tinha recebido este prémio da Juventude, mas sempre quis estar aqui a receber a versão adulta. Obrigada e que continue o show”.

O Prémio de Excelência Desportiva é concedido a: a) Medalhados olímpicos; b) Campeões do Mundo ou da Europa, absolutos ou equivalente, reconhecidos pela respetiva Federação Internacional; c) Atletas ou equipas que tenham atingido um nível de excelência em competições desportivas reconhecidas pela respetiva Federação Internacional.

Prémio Juventude

TAÍS PINA

1.º lugar no Grand Slam do Cazaquistão, de Judo

2.º lugar no Grand Slam de Antalya, de Judo

5.º lugar no Grand Slam de Paris, de Judo

17.º lugar nos Jogos Olímpicos Paris 2024, -70 kg

“Fico muito contente por receber este prémio, sinal de dedicação”

GABRIEL ALBUQUERQUE

5.º lugar em Paris 2024, melhor classificação da Ginástica portuguesa em Jogos Olímpicos.

“É uma honra receber este prémio. O meu objetivo com este prémio é motivar atletas a não desistirem dos seus sonhos”

O Prémio Juventude destina-se a premiar o atleta nacional masculino e a atleta nacional feminina, de escalões jovens, que mais se tenha distinguido no ano anterior pela obtenção de resultados de excelência em competições internacionais ao mais alto nível desportivo, sendo relevante o mérito do percurso académico.

Prémio Prestígio

TELMA MONTEIRO

Com uma medalha olímpica conquistada, cinco em campeonatos do Mundo, mais 15 em campeonatos da Europa e três em Jogos Europeus, para além das mais de duas dezenas ganhas no circuito mundial de Judo, Telma Monteiro tem uma carreira desportiva de 25 anos de excelência.

“É sempre muito especial por ser um prémio atribuído pelo COP, uma entidade que respeito muito. Tive muito boas ligações com o presidente José Manuel Constantino. Quero agradecer a quem me ajudou a ser a melhor versão de mim mesma, ao dr. Pereira de Castro, à Rita, aos meus colegas de treino”

O Prémio Prestígio visa homenagear agentes desportivos pela excelência, notabilidade e prestígio das suas carreiras, bem como outras pessoas ou entidades por feitos, contributos ou serviços prestados, de excecional valor e importância, em prol dos fins e atribuições do COP.

 

Prémio Mérito Desportivo

Em 2024, o Prémio Mérito Desportivo é atribuído aos treinadores dos medalhados olímpicos em Paris 2024:

GABRIEL MENDES (Ciclismo)

“É uma honra muito grande receber estre prémio. O Ciclismo de pista tem vindo a fazer um trabalho em crescendo, nos últimos 15 anos, que culminou na conquista da medalha de prata em Omnium e na medalha de ouro em Madison, nos Jogos Olímpicos. É uma marca indelével no desporto português.”

JORGE PICHARDO (Atletismo)

Domingos Castro, presidente eleito da FP Atletismo, recebeu o prémio.

MARCO MORAIS (Judo)

Sérgio Pina, presidente da FP Judo, recebeu o prémio, por Marco Morais estar no Europeu de sub-23, na Polónia.

O Prémio de Mérito Desportivo é concedido às pessoas, nacionais ou estrangeiras, que tenham prestado relevantes serviços ao Movimento Olímpico.

São considerados como critérios para a atribuição do Prémio de Mérito Desportivo ações ou serviços com relevância, entre outros, nos seguintes domínios: a) Educação pelo Desporto; b) Desenvolvimento através do Desporto; c) A Mulher e o Desporto; d) Paz através do Desporto; e) Desporto e Ambiente; f) Desporto e Cultura; g) Desenvolvimento Desportivo.

Prémio Ética Desportiva

IÚRI LEITÃO

Iúri Leitão recebeu este prémio em 2024 por, na prova de omnium masculino dos Jogos Olímpicos Paris 2024, ter decidido esperar quando o francês Benjamin Thomas liderava, para saber se o adversário estava bem, em vez de aproveitar a oportunidade e tentar chegar à vantagem que lhe poderia dar o 1º lugar.

“Numa situação como aquela os nossos instintos veem ao de cima, mas acabei por não ter escolha. Olhando para trás, foi o mais correto”.

O Prémio de Ética Desportiva destina-se a premiar ações relevantes em prol dos princípios e valores da ética no desporto, suscetíveis de constituir exemplos virtuosos e pedagógicos.

Prémio Investigação Científica

LUÍS BETTENCOURT SARDINHA

O Professor Doutor Luís Bettencourt Sardinha, atual Presidente da Faculdade de Motricidade Humana, dedicou a sua vida profissional ao estudo de diversos domínios de investigação do desporto e do exercício físico, tendo ainda exercido o cargo de Presidente do Instituto do Desporto de Portugal, entre outras funções de relevância fora do meio académico. Tem mais de 400 artigos científicos publicados.

“Sinto-me muito feliz e agradeço à Comissão Executiva do COP por esta distinção. Depois de uma carreira de atleta, treinador, dirigente, dediquei parte da minha vida aquela que tem sido a formação de muitos estudantes, contribuindo para o progresso social do desporto e o desenvolvimento económico do País. Tenho de agradecer aos estudantes que alimentaram as minhas ambições, alguns deles nesta sala. Gostaria também de referir alguém que me ajudou no início, que está ausente, mas presente nesta sala, o José Manuel Constantino.”

O Prémio de Investigação Científica visa reconhecer investigadores, a título pessoal ou coletivamente, que tenham tido carreiras de excelência ou prestado contributos científicos de extraordinário valor nos diversos domínios das ciências do desporto e em outras áreas científicas tendo o desporto por objeto de estudo.

Prémio Educação Olímpica

PROGRAMA OEIRAS EDUCA +

Através do Programa OEIRAS EDUCA+ foram realizadas no ano letivo 2023/2024 três atividades do Programa de Educação Olímpica do COP em estabelecimentos de ensino no Concelho de Oeiras e realizadas 17 Visitas de Estudo à sede do COP. O total de participantes nestas visitas alcançou os 415 visitantes.

Carla Rocha, vereadora da CM Oeiras, recebeu a distinção.

“É uma honra dupla estar aqui a representar o meu Município e estar com as pessoas do professor José Manuel Constantino.”

Sobre o Programa Oeiras Educa+: “Nós chamámos os miúdos e um, com onze anos, olha para um atleta olímpico e diz: ‘Será que ele é de carne e osso, vou tocar-lhe. Não consegui. Mas se ele conseguiu ser olímpico eu também vou conseguir.’”

O Prémio de Educação Olímpica destina-se a reconhecer um exemplo de boas práticas em cada ano pelo trabalho desenvolvido no âmbito da Educação Olímpica. Podem receber o Prémio de Educação Olímpica: a) Estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, e entidades desportivas, que se encontrem integrados na rede do Programa de Educação Olímpica do COP; b) Outras entidades que tenham contribuído para a implementação de projetos e atividades de promoção de Educação Olímpica.

No início, João Paulo Almeida, diretor-geral do COP, subiu ao palco do SUD Hall Lisboa para evocar a memória de José Manuel Constantino, lendo alguns dos pensamentos que deixou como legado: “o desporto não é um fim em si mesmo, mas um meio de partilha e realização de valores universais. Não se mede apenas por medalhas, mas pelo impacto que deixa na vida de cada um na construção de uma sociedade melhor.”

“Ele vale mais do que aquilo que custa. Sem renunciar à sua matriz elementar – a competição e a superação – aqueles que o servem têm o dever moral de abraçar um compromisso inalienável com a educação e o desenvolvimento humano”

“Por isso, o Comité Olímpico de Portugal é, antes de tudo, um guardião destes princípios e, em cada circunstância da sua ação, um defensor intransigente dos valores que devem reger o desporto: a Ética, o Respeito, o Fair Play.”

Diana Gomes, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), centrou-se igualmente no falecido presidente do COP, na altura em que se referiu ao momento de celebração pelos resultados alcançados em 2024. “Quando verifico que esta parte de sucesso é avassaladora em relação ao resto, dou por mim à procura do principal responsável deste todo. E dou pela sua falta. Mas só física. Porque José Manuel Constantino está bem presente na substância deste rumo sustentado. A ele quero agradecer todo o apoio prestado à Comissão de Atletas Olímpicos, todo o incentivo, o que me levou a dedicar-me em pleno, praticamente sem restrição de tempo, por aquilo que antes de mais considero uma missão.”

Artur Lopes, presidente do COP, teve uma “saudação calorosa” aos atletas, afirmando que “a sua coragem, perseverança e espírito de superação, aliados ao talento que demonstraram, são motivo de imenso orgulho para o nosso País. Cada um de vocês representa a excelência do desporto português com a responsabilidade de contribuir para que, a cada dia, o nosso país seja mais respeitado internacionalmente”, tendo acrescentado, “mas também teve palavras de reconhecimento para treinadores, árbitros, juízes, dirigentes e funcionários e colaboradores do COP, cujos esforços incansáveis muitas vezes ficam nos bastidores, mas são absolutamente fundamentais para o nosso sucesso coletivo.”

Focando-se no papel desempenhado por José Manuel Constantino, de quem foi vice-presidente na Comissão Executiva do COP, entre 2013 e 2024, Artur Lopes salientou que “a sua partida deixou-nos a todos com um grande vazio, mas o seu legado permanece vivo e continuará a inspirar-nos por muitas gerações. Durante o tempo em que esteve à frente do COP, José Manuel Constantino foi um líder visionário, sempre atento às necessidades dos atletas e das instituições que compõem o nosso movimento desportivo. Sob a sua liderança, o Comité Olímpico de Portugal foi mais do que uma instituição administrativa ou suprafederativa – tornou-se um símbolo de ética, de compromisso com o desporto e de uma ação concreta em prol do desenvolvimento de Portugal no contexto desportivo mundial.”

Perante o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, e o secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, o presidente do COP voltou a reclamar para o desporto o estatuto que ainda não lhe foi reconhecido na sociedade portuguesa, frisando que “é importante lembrar que os feitos de Paris 2024 não são apenas vitórias individuais, mas vitórias do desporto português como um todo. Estes resultados têm um impacto profundo na forma como o mundo vê o nosso país e reforçam a importância do COP e das suas políticas no apoio ao desenvolvimento desportivo.”

Situação que obriga a encontrar soluções, segundo Artur Lopes, referindo que “o desporto em Portugal precisa de mais apoio, de mais investimento, de mais estrutura, de melhores políticas. Devemos olhar para o futuro com uma visão clara e definida. O COP não pode ser uma instituição isolada, por vezes a pregar no deserto. Entendo esta instituição como um pilar de um sistema desportivo mais amplo e mais forte, que envolva as universidades, os clubes, as escolas, parceiros empresariais e da sociedade civil e, claro, os órgãos governamentais. O futuro do desporto em Portugal depende de uma colaboração eficaz entre o COP e todos os atores sociais que acreditam no potencial transformador do desporto.”

Artur Lopes aproveitou para formular questões para os responsáveis políticos portugueses responderem, como “Qual a sua visão para o futuro do COP? E qual o seu papel na construção de outro futuro do desporto português, que não se vislumbra nas medidas avulsas, fragmentadas, reativas e destruturadas das últimas décadas? Qual o contributo que o Governo e os líderes políticos estão dispostos a dar para resgatar a política desportiva deste país da insignificância das suas prioridades e assegurar um futuro mais próspero para o desporto português?”

A finalizar, Artur Lopes falou sobre as eleições do COP agendadas para março de 2025, referindo que “o processo eleitoral deve ser conduzido com dignidade e respeito pela história e pela importância do COP. Uma instituição que projete o melhor do desporto e de ser português. O COP não é apenas uma entidade de gestão desportiva, mas um símbolo de valores que unem todos os portugueses. Por isso, apelo a todos os envolvidos neste processo para que o tratem com a seriedade que ele merece, para que possamos garantir que a nossa instituição continue a ser uma referência no desporto nacional e internacional.”

Estiveram presentes cerca de 400 convidados, entre os quais se encontravam os ministros do desporto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), num encontro/reencontro saudável da Família Olímpica.

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