Quinta-feira 21 de Novembro de 2024

Carlos Lopes com história de vida contada em dois livros

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CML

O Pavilhão Carlos Lopes, uma infraestrutura que foi projetada para ser o Pavilhão das Indústrias Portuguesas, em 1922, durante a Exposição Internacional do Rio de Janeiro, sendo construído essencialmente com elementos transportados de Portugal para o Brasil, foi o palco da apresentação das obras “Carlos Lopes – Lenda Nunca Assim Contada”, de António Simões, e “Carlos Lopes – Provas, Recordes e Medalhas”, de Rogério Azevedo, perante uma sala completamente lotada.

Após a exposição foi desmontado e transferido para Portugal, sendo implantado em Lisboa desde 1932 no Parque Eduardo VII.

Onde se realizou a Grande Exposição da Indústria Portuguesa e usado durante décadas para a realização de eventos culturais, artísticos, políticos e desportivos, começando a fazer história como palco da conquista do primeiro título mundial de hóquei em patins alcançado por Portugal, em 1947, precisamente no ano em que nasceu o que viria a ser, 37 anos e seis meses depois, o primeiro campeão olímpico do desporto português, que voltou a ser o centro de todas as atenções.

Em 2016, o Pavilhão foi sujeito a uma extensa remodelação para mostrar, entre outras coisas, a maior parte do principal espólio do campeão olímpico Carlos Lopes.

Entre familiares, atletas, dirigentes e muitas mais personalidades do desporto, o atual presidente do Comité Olímpico de Portugal, Artur Lopes, abriu a sessão lembrando o “principal responsável” pela criação das obras. “O homem que teve a grande vontade, juntamente com o Carlos [Lopes], de ter esta grande iniciativa, de levar ao conhecimento de Portugal quem é este homem, de como foi a sua vivência e de como conseguiu construir tudo à sua volta, foi José Manuel Constantino.”

“Conheço o Carlos Lopes desde os tempos do Sporting e conheço bem a história, a vida e o trabalho dele. Tem uma capacidade física, uma capacidade de treino e de trabalho e uma perceção do seu corpo incomparável. Muito obrigado por tudo aquilo que deste a Portugal”, reforçou Artur Lopes, que terminou a pedir um momento de silêncio em memória de José Manuel Constantino.

Convidado também a intervir, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, elogiou o primeiro campeão olímpico português. “Carlos Lopes é um nome incontornável. Para chegar onde ele chegou, o caminho nunca foi fácil. Não é apenas um campeão olímpico, é um herói nacional porque tem, como poucos, os valores que gostamos de ver associados ao nosso povo. É um retrato fiel do que significa ser português, na determinação, na força e na humildade. Ao longo da sua carreira teve oportunidade de se vangloriar, mas foi sempre um homem simples. É isso que hoje reconhecemos.”

As obras foram apresentadas por Luís Marques Mendes, a convite de Carlos Lopes, que revelou ter sido surpreendido quando o próprio o convidou.

CarlosLopes-Gloria-12-11-2024“Há 40 anos, Portugal era ainda um país muito pobre, estávamos então num período muito negro, socialmente falando. Num tempo de falta de esperança, que era o que acontecia, a vitória de Carlos Lopes foi uma vitória da esperança, deu ânimo a Portugal. Não foi apenas a vitória de um homem, mas de um país. Não foi apenas uma vitória desportiva, mas também nacional. Os portugueses estão, por isso, eternamente gratos pelo seu esforço, pela sua medalha e pelo seu exemplo”, recordou o antigo ministro.

O autor de “Carlos Lopes – Provas, Recordes e Medalhas”, Rogério Azevedo, foi curto na sua intervenção. “Este livro foi escrito por mim, mas foi escrito sobretudo pelas pernas, pelos pulmões e pelo coração de Carlos Lopes. Foi escrito por amor ao olimpismo, em primeiro lugar, à escrita e também ao Carlos [Lopes].”

“Gostaria de evocar o professor José Manuel Constantino que, em conversa com o Carlos Lopes, achou estranho e, eu direi, injusto, que alguém com a vida como a dele não tivesse um lugar que contasse a sua história. Com a sua sensibilidade, o professor José Manuel Constantino ligou dizendo que tínhamos de parar a falha histórica, ao escrever um livro para o Carlos Lopes”, relatou António Simões, autor de “Carlos Lopes – Lenda Nunca Assim Contada”, antes de relatar várias as histórias agora inscritas na sua obra.

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O campeão olímpico em Los Angeles 1984 finalizou a sessão com uma palavra para o falecido presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, referindo que “sem ele, os livros nunca teriam sido escritos”.

“O meu objetivo era dar a conhecer às pessoas a minha história. Achei que valia a pena”, explicou Carlos Lopes, despedindo-se dos presentes com “viva o Desporto e viva Portugal”.

A apresentação dos livros promovidos pelo Comité Olímpico de Portugal, foi mais uma oportunidade para se recordar os feitos do grande campeão, 40 anos e três meses depois de ter conquistado a primeira medalha olímpica de ouro para Portugal.

A música do fado Valeu a Pena, escrito e musicado pelo Prof. Mário Moniz Pereira e cantado pela fadista Maria da Fé, reconhecendo o papel da Família pela constante ausência de casa, na procura do campeão que entendia encontrar um dia para atingir o primeiro lugar do pódio dos Deuses do Olimpo, passou em fundo, concluindo-se a jornada recordando as imagens de Carlos Lopes a receber a medalha de ouro em 1984 e ouvir o Hino de Portugal.

O general Ramalho Eanes, que condecorou Carlos Lopes quando exerceu as funções de Presidente da República e Frederico Varandas, presidente do Sporting, foram duas das figuras mais destacadas presentes.

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