Segunda-feira 28 de Setembro de 6629

Haverá Jogos Olímpicos e Paralímpicos em Los Angeles’2028?

Ainda que de “raspão”, a hipótese questionada em título foi ventilada na parte final do debate que o Panathon Clube de Lisboa promoveu, esta quinta-feira, na Sala de Troféus do Ginásio Clube Português, de há muito tempo o ponto de encontro mensal para se tratarem assuntos que tenham como razão maior a Ética: a que se viveu, a que se vive, a que se pode viver, em função das opiniões veiculadas por vários “stakeholders” do desporto nacional.

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Panathlon Clube de Lisboa

O programa oficial divulgado (“Temas em aberto em Ética Desportiva numa retrospetiva de Paris e novo ciclo olímpico de Los Angeles 2028”), podia pressupor uma análise, quantitativa e qualitativa, sobre os resultados obtidos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris’2024 mas, na verdade, não o foi.

A questão, por certo, terá uma sessão específica, até porque os objetivos foram quase todos alcançados nos dois âmbitos, em especial no que respeita às medalhas conquistadas, mas muito melhor do que se esperava no lado paralímpico, em que foi excedido em relação ao contrato assinado com o Governo. E quando assim acontece, tudo muito bem.

Mas importará apreciar as análises, que se farão a seu tempo, por cada um dos Comités, quer no âmbito interno, como no externo, se alguma outra identidade se der ao trabalho de o promover (como se verificou nalgumas vezes no passado recente) como forma de publicitar uma maior independência.

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Panathlon Clube de Lisboa

Coube a Ulisses Pereira, vice-presidente do Comité Olímpico de Portugal, respondendo a uma questão sobre “que desafios e ou novidades para 2028, Los Angeles”, dizer, depois de apontar “que haverá mais cinco modalidades em presença, sobre as quais – excluindo o Squash – pouco ou nada se sabe, porque oriundas dos Estados Unidos da América (dentro da prerrogativa de que o Comité Organizador Local tem direito a indicar um conjunto de outras modalidades)”, tendo interrogado “mas será que haverá Jogos em 2028?”

Justificou que “com o panorama internacional a que assistimos a toda a hora, onde os conflitos se verificam um pouco por todo o lado, onde não existe ética, temos de colocar todas as hipóteses em cima da mesa. A evolução deste tipo de problemas, a que se unem outros de ordem social (milhões de seres humanos com fome, sem água, nem um trapo para vestir) é cada vez mais latente e temos de star alerta para o que poderá acontecer”.

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Panathlon Clube de Lisboa

Marco Alves, Chefe da Missão Olímpica, a dado passo da sua intervenção, salientou que “acredito no olimpismo, mas estão a passar-se coisas no seio do Comité Olímpico Internacional que estão além do que está definido na Carta Olímpica” – a Magna lei para um desporto olímpico eticamente responsável, transparente e integro – “e fico com grandes dúvidas sobre o que – e como – virá a seguir.

 

O que redunda da decisão, tomada na reunião magna promovida pelo Comité Olímpico Internacional de criar os Jogos Olímpicos do E-Sports, sob o patrocínio da Arábia Saudita, assunto que a maioria não imputaria ao desporto, mas a outra área da sociedade, o que levantou outras questões, uma de ordem financeira (o COI vai ganhar muito dinheiro – quiçá para apoiar o desporto tal como se conhece hoje?) e outra de saúde mental (e não só).

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Panathlon Clube de Lisboa

Considerando que é um dado adquirido, ainda que não se conheçam as regras “oficiais”, parece líquido que os “praticantes” vão promover os “confrontos” com os adversários sentados numa cadeira (sofá, cama, relvado, banco do jardim, cadeira, nas enfermarias, etc.), o que é prenúncio do agravamento da obesidade, da alteração sistemática do funcionamento dos vários órgãos do corpo humano e, em especial, aumentando a ansiedade, potenciar problemas cardíacos e levar o cérebro a uma exaustão cada vez maior, colocando em risco também a saúde mental.

Uma Carta Olímpica que se “esboroa” dia a dia.

Outro exemplo (não tema do debate) respeita à decisão tomada pela World Athletics (antiga Federação Internacional de Atletismo) que determinou ofertar a cada campeão olímpico (Paris’2024) um prémio de 50.000 dólares. E prometendo que para os próximos Jogos o prémio será extensível a todos os elementos do pódio?

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Panathlon Clube de Lisboa

Isto é olimpismo? Ou uma feroz comercialização do desporto, com os atletas a servirem de cobaias?

Por tudo o que foi dito – ainda se falou na dopagem e que em Paris’2024 apenas foram registados cinco casos positivos (que podem ser muitos mais depois de analisadas, a preceito, todas as amostras, que estão válidas durante dez anos, e respetivo cruzamento com os passaportes biológicos de cada atleta.

E ainda as questões do género, com base no que se vai sabendo e dos casos registados em Paris.

Uma hora e meia de diálogo aberto foi suficiente para se conhecer aquilo que, por norma, não anda nas bocas do mundo. Mas que todos (desportistas em especial e com quem se relacionam) deviam ter conhecimento.

Daí que a palavra de ordem foi a de “é preciso debater tudo isto e definir uma estratégia, legal e regulamentar, que possa atalhar o que está à volta e que continua a estragar o desporto, seja onde e porque for!

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Panathlon Clube de Lisboa

José Manuel Lourenço (Comité Paralímpico de Portugal), Ulisses Pereira (Comité Olímpico de Portugal), Marco Alves e Luís Figueiredo (Chefes da Missão Olímpica e Paralímpica) foram os intervenientes, na sessão moderada pelo jurista Luís Paulo Relógio.

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