Foi em tom de festa, a reforçar os êxitos alcançados – os melhores dos últimos 16 anos – que a Missão Portuguesa arribou ao Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa) para as últimas fotos da família paralímpica que saiu brilhante e reluzente de uma Paris que continua linda e iluminada. Como os campeões!
No cruzamento dos olhares entre os que chegavam e os que os esperavam – onde se puderem detetar lágrimas de saudade, mas também de regozijo pelos feitos alcançados – ficou a certeza de um comportamento irrepreensível dos 26 que estiveram em atuação e que obtiveram o melhor rácio em diversos patamares, como ontem aqui se referiu.
O “simples” pormenor de lembrar que, desde 2008, não se chegava às sete medalhas conquistadas; indo-se mais longe por se ter chegado a duas de ouro ou se conquistarem mais 18 diplomas (4º ao 8º lugar). dá para avaliar a amplitude dos resultados alcançados nesta edição de 2024.
Convém esclarecer que as setes medalhas de agora se tornam mais valiosas porquanto duas são de ouro, quando em Pequim se conquistou uma, baseando-se no valor de cada medalha a ordem classificativa.
Claro que a situação não se mede por este diapasão, porquanto alguns atletas souberam obter mais do que uma distinção, mas a nota positiva faz chegar a média a um aumento de 50% em relação ao que foram os objetivos (4 medalhas) traçados pelo Comité Paralímpico de Portugal quando assinou o contrato-programa com o governo.
Para José Manuel Lourenço, presidente do Comité – que deixou os holofotes da fama para os atletas perante a comunicação social presente no aeroporto – “a festa é sempre dos atletas, porque são os que trabalharam para chegar mais rápido, mais longe, mais alto, e conquistaram os resultados que lhes pertencem”, segundo referiu numa entrevista, na noite desta segunda-feira, na Rádio Amália, tendo acrescentado “onde também se incluem os técnicos, os guias e os colaboradores que foram indispensáveis em todas as tarefas permitidas regulamentarmente”.
Mas se este ano foi assim, José Manuel Lourenço voltou a deixar o alerta quanto ao futuro, porquanto “se torna indispensável sustentar o processo com mais cidadãos portadores de deficiência, reforçando o esquema de promoção para se poder chegar a 2028 (Los Angeles) e a 2032 (Brisbane-Austrália-EUA) com uma equipa mais alargada e bem preparada, sob pena de se poder deitar fora o que até agora tem sido feito”.
O presidente do Comité Paralímpico, questionado sobre este tema (angariação de mais praticantes), mostrou-se algo cético, dado que “há algo que não se percebe bem. Sabe-se que existem cidadãos portadores de deficiências, mas não há coordenadas de localização. Não há interligação entre as entidades e, noutros casos, as perguntas que são introduzidas nos censos não se coadunam ou não estão adaptadas quanto à classificação dos requisitos que respeitem a este tipo de cidadãos”.
Reforçou ainda José Manuel Lourenço, que “todos sabem, nas várias vertentes da ciência (em especial na medicina), que fazer exercício físico é benéfico para o ser humano, onde se podem encontrar campeões como os que estiveram em Paris e que, como se viu, voltaram com um sorriso aberto e uma mente mais forte para encarar um futuro que pode ser risonho e não triste, como ora se verifica com os que não estão neste programa”.
Neste momento, este é o maior desafio que o Comité Paralímpico tem entre mãos, que não consegue avançar enquanto não se proceder à mudança de estar, de hábitos e de acertar os parâmetros para se atuar em conformidade com os interesses da população que sofre de deficiências de variado tipo, mas que podem intervir em várias atividades físicas.
Tendo iniciado a colaboração nesta área na Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes, José Manuel Lourenço integrou o grupo de fundadores (2008) do Comité Paralímpico de Portugal e completa em março próximo o segundo mandato.
E para fechar o dia de ontem, o céu continuou a brilhar depois do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter anunciado no site oficial que “seguindo uma tradição vinda do passado, vai condecorar, em data a anunciar, os atletas medalhados nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos deste verão, que são os seguintes:
- Olímpicos: Iúri Leitão, Patrícia Sampaio, Pedro Pichardo e Rui Oliveira
- Paralímpicos: Carolina Duarte, Cristina Gonçalves, Diogo Cancela, Djibrilo Iafa, Luís Costa.
Miguel Monteiro e Sandro Baessa