Luís Figueiredo, Chefe da Missão Paralímpica a Paris’2024, declarou, em Paris, “que os atletas vão fazer tudo para honrar o país, tentando chegar às medalhas, se bem que, como se calcula, o ser humano tem limites e é passível de uma ou outra “falha” pelo caminho”.
Tudo há a ganhar, nada está perdido! Mas “não podemos embandeirar em arco mas também temos que afirmar que nem tudo são “rosas”; também há os espinhos, pelo que há que ter mente forte para criar uma posição física que possa levar os atletas a superarem-se no decorrer das várias competições, de forma a atingirem o que for melhor para o país e para os atletas” – salientou ainda Luís Figueiredo.
O “team líder” do agrupamento nacional adiantou ainda que “estamos numa fase de transição, mas há que engrossar as fileiras no desporto paralímpico, sob pena de, para os Jogos de 2028 de 2032, podermos apresentar uma equipa reduzida”.
Com as dificuldades sentidas ao longo dos tempos em angariar praticantes – face a vários “ditames” que impedem uma maior divulgação junto da população – a situação pode tornar-se crítica e sem retorno.
E assim se chega ao primeiro dia da uma nova vida para os estreantes, enquanto os mais resistentes continuam a acreditar que “somos capazes!”.
Esta quarta-feira é o dia dos desfiles pela Cidade Luz, da confraternização de atletas e nações – em tempo de recordes de presenças – o que o Comité Paralímpico Internacional teve oportunidade de salientar, mostrando que é sempre possível fazer mais, nos vários palcos das “pelejas” competitivas.
A espetacular Cerimónia de Abertura (20 horas) no coração da cidade, nos icónicos Champs-Elysées e Place de la Concorde, o presidente do IPC acredita que os Jogos Paralímpicos estão a causar um impacto na sociedade francesa, deixando um legado transformador.
Em abril passado, o presidente francês Emanuel Macron anunciou uma nova política que prioriza educação e emprego para pessoas com deficiência. Isto inclui um compromisso de investir 1,5 bilhão de euros para melhorar a acessibilidade de locais da vida diária. A cidade de Paris também investiu 125 milhões de euros em projetos de acessibilidade.
“Os Jogos Paralímpicos são únicos. Eles mostram o desporto de classe mundial, ao mesmo tempo em que têm um tremendo impacto social transformacional na cidade e no país-sede”, continuou Parsons.
“Sediar os Jogos Paralímpicos atuou como um catalisador para o governo francês e a cidade de Paris se concentrarem mais em investimentos e iniciativas que não só melhorarão as vidas de 12 milhões de pessoas com deficiência na França, mas também beneficiarão a acessibilidade, turistas e qualquer pessoa com necessidades de acessibilidade. Esses legados já estão tendo um impacto antes mesmo da Cerimónia de Abertura.”
Em declarações ao site do Comité Paralímpico Internacional, Andrew Parsons, o presidente, referiu que devemos “estar preparados para surpreender, ficar animado e deslumbrado com Paris’2024, porquanto estes Jogos serão os mais espetaculares de sempre”, tendo frisado ainda que “ao assistir aos Jogos Paralímpicos, todos ficarão eletrizados com as performances dos atletas, mas também algo mudará para melhor.”
França recebe os Jogos Paralímpicos de verão pela primeira vez na história. As Paralimpíadas de Paris 2024, contarão com até 4.400 atletas competindo em 549 eventos de medalhas em 22 desportos.
IPC: O que os fãs podem esperar dos Jogos?
AP: Primeiro de tudo, é um desporto incrível. Coisas que não imagina serem possíveis – esses atletas tornam isso possível. Ficará surpreso, animado, deslumbrado. Ao mesmo tempo, sabe que todos os eventos emocionantes ajudam a mudar o mundo. Tem um propósito maior. Essa combinação é o futuro dos desportos.
IPC: Paris 2024 verá multidões retornarem aos locais depois que Tóquio 2020 foi realizada sem espectadores por causa da pandemia de COVID-19. O que isso significa para o Movimento Paralímpico?
AP: Significa muito. Os últimos Jogos de verão com espectadores foram o Rio 2016. Acho que o Movimento Paralímpico se desenvolveu muito desde então em termos de desempenho desportivo. Temos mais atletas, de mais países, com melhores desempenhos, então o desporto que veremos em Paris será absolutamente fantástico. Há entusiasmo no Movimento sobre ter nossos atletas finalmente a competir diante de multidões.
Sentimos muito por Tóquio 2020 não ter tido espectadores, mas é por isso que vemos Paris como uma oportunidade incrível. Veremos o Movimento em seu potencial máximo.
IPC: Qual será o legado dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024?
AP: Esta é uma questão importante porque os Jogos Paralímpicos são o único evento com impacto global que coloca pessoas com deficiência no centro do palco. Temos uma grande oportunidade aqui – temos uma plataforma incrível para avançar a agenda social, a agenda de direitos humanos de pessoas com deficiência.
Após os Jogos Paralímpicos, há um evento chamado Summit of the Future, que visa elaborar um documento chamado Pacto para o Futuro. Acreditamos que as pessoas com deficiência precisam ser levadas em consideração nesse planeamento para o futuro.
Acreditamos que, em comparação a outros grupos marginalizados ou outros grupos minoritários, as pessoas com deficiência estão sendo deixadas para trás. No nível global, vêem-se muitas pessoas falando sobre género, orientação sexual, etnia e assim por diante, mas não sobre deficiência no mesmo nível.
Então, antes deste evento incrível que moldará a maneira como os governos veem o futuro da humanidade, é importante ter esta plataforma dos Jogos Paralímpicos para dizer: “Estamos aqui e somos importantes”. Não se trata de representar os 4.400 atletas no campo de jogo, mas de fornecer uma plataforma para 1,2 bilhão de pessoas com deficiência.
É isso que eu quero que Paris 2024 seja: um evento desportivo incrível e emocionante que as pessoas vão querer ver. Ao mesmo tempo, tornará o Movimento Paralímpico relevante a ponto de as pessoas entenderem que somos um Movimento que ajuda a mudar o mundo.
IPC: Como vê o entusiasmo crescente em França?
AP: Há muita excitação em Paris e em França. Acho que as vendas de ingressos refletem isso – estamos muito, muito perto de onde estávamos em Londres 2012.
Sabemos que muitos ingressos serão comprados nos últimos dias. Acho que temos uma base muito boa de conscientização e interesse, e agora é o momento de focar nas vendas de ingressos. Temos alguns números bons, e temos alguns desportes – esgrima em cadeira de rodas, paratriatlo e tiro paradesportivo – que já estão esgotados.
IPC: Pode enviar uma mensagem aos atletas paralímpicos que estão em Paris 2024?
AP: Estamos fazendo o melhor junto com o Comité Organizador de Paris 2024, as autoridades francesas e as autoridades regionais para criar a maior plataforma para brilhar no cenário global.
Sabemos que se está a fazer o máximo esforço para se qualificar e ser o mais competitivo possível. Então, esteja preparado porque esses Jogos serão os Jogos Paralímpicos mais espetaculares de todos os tempos, e isso é graças ao que se faz no campo de jogo”.
Fotos – ⒸIPC/Yonathan Kellerman e ⒸParis 2024 – Tomas Stevens
