Terça-feira 03 de Dezembro de 2024

A caminho dos Jogos Paralímpicos Paris’2024 (III)

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Em contagem decrescente para os Jogos Paralímpicos Paris’2024, o Comité Paralímpico de Portugal continua a marcar uma boa “passada” na corrida que iniciou há bastante tempo, estando-se a entrar nas fases decisivas antes da partida para a Cidade Luz, onde tudo vai acontecer.

A sete dias do início da festa que reunirá cerca de quatro mil e quatrocentos desportistas de mais de centena e meia de países, o calendário português acerta os últimos pormenores, para já para o estágio final de toda a equipa nacional, evento que decorrerá na Cidade do Futebol, desta sexta-feira e até domingo, estando a viagem para Paris marcada para o dia 25 deste mês (domingo) no voo TP436 com partida prevista para as 15h30 do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

Ao longo de 2023 e até final do prazo para a concretização dos mínimos – e apuramentos por rankings em cada modalidade – definidos pelo Comité Paralímpico Internacional, a Missão foi cumprindo as premissas definidas atempadamente para conseguir os objetivos de levar mais atletas, dentro do quadro existente no panorama nacional, que ainda não é o que se pretende, apesar do trabalho desenvolvido.

Recorde-se que o desporto para atletas com deficiência existe há mais de 100 anos, e os primeiros clubes desportivos para surdos já existiam em 1888, em Berlim.

No entanto, foi somente depois da Segunda Guerra Mundial que ele foi amplamente introduzido. O propósito dele naquela época era ajudar o grande número de veteranos de guerra e civis que tinham sido feridos durante a guerra.

Em 1944, a pedido do governo britânico, o Dr. Ludwig Guttmann abriu um centro de lesões na coluna no Hospital Stoke Mandeville, na Grã-Bretanha, e com o tempo, o desporto de reabilitação evoluiu para desporto recreativo e depois para desporto competitivo.

Em 29 de julho de 1948, o dia da Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, o Dr. Guttmann organizou a primeira competição para atletas em cadeira de rodas, que ele chamou de Jogos Stoke Mandeville, um marco na história paralímpica, que envolveram 16 militares feridos, homens e mulheres, que participaram no arco e flecha.

Em 1952, ex-combatentes holandeses juntaram-se ao Movimento e os Jogos Internacionais de Stoke Mandeville foram criados para, mais tarde, se tornarem nos Jogos Paralímpicos, que aconteceram pela primeira vez em Roma (Itália), em 1960, com 400 atletas de 23 países, para se realizarem a cada quatro anos.

Em 1976, os primeiros Jogos Paralímpicos de Inverno na história das Paralimpíadas foram efetuados na Suécia e, assim como os Jogos de Verão, ocorreram a cada quatro anos e incluem uma Cerimónia de Abertura e uma Cerimónia de Encerramento.

Desde os Jogos Olímpicos de Verão de Seul (Coreia do Sul), em 1988, e os Jogos de Inverno de Albertville (França), em 1992, os Jogos também aconteceram nas mesmas cidades e locais das Olimpíadas, devido a um acordo entre o Comité Paralímpico Internacional e o Comité Olímpico Internacioonal.

Também em 1960, sob a égide da Federação Mundial de ex-combatentes, foi criado um Grupo de Trabalho Internacional sobre Desporto para Deficientes para estudar os problemas do desporto para pessoas com deficiência, que resultou na criação, em 1964, da Organização Internacional de Desporto para Deficientes (ISOD), que ofereceu oportunidades para aqueles atletas que não se podiam filiar nos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville: deficientes visuais, amputados, pessoas com paralisia cerebral e paraplégicos.

No início, 16 países foram filiados na ISOD e a organização esforçou-se muito para incluir atletas cegos e amputados nas Paralimpíadas de Toronto’1976 e atletas com paralisia cerebral em 1980 em Arnhem.

O objetivo era abraçar todas as deficiências no futuro e atuar como um Comité de Coordenação. No entanto, outras organizações internacionais voltadas para deficiências, como a Cerebral Palsy International Sports and Recreation Association (CPISRA) e a International Blind Sports Federation (IBSA), foram fundadas em 1978 e 1980, respetivamente.

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As quatro organizações internacionais perceberam a necessidade de coordenar os Jogos e criaram o “Comité Internacional de Coordenação do Desporto para Deficientes no Mundo” (ICC) em 1982.

O ICC era originalmente composto pelos quatro presidentes do CPISRA, IBSA, ISMGF e ISOD, os secretários-gerais e um membro adicional (no início era o vice-presidente e, mais tarde, o diretor técnico).

O Comité Internacional de Desporto para Surdos (CISS) e as Federações Desportivas Internacionais para Pessoas com Deficiência Intelectual (INAS-FID) uniram-se em 1986, mas os surdos ainda mantinham sua própria organização. No entanto, as nações-membros exigiam mais representação nacional e regional na organização.

Em 22 de setembro de 1989, o Comité Paralímpico Internacional foi fundado como uma organização internacional sem fins lucrativos em Dusseldorf (Alemanha), para atuar como órgão regulador global do Movimento Paralímpico.

A palavra “Paralímpico” deriva da preposição grega “para” (ao lado ou ao lado) e da palavra “olímpico”.

Seu significado é que as Paralimpíadas são jogos paralelos às Olimpíadas e ilustra como os dois movimentos coexistem.

A vontade dos homens – e das mulheres – que percorreram este longo caminho até aos dias de hoje manteve-se sempre forte e unido, cumprindo-se um objetivo em que a paridade de atividades pudesse beneficiar todos os cidadãos portadores de deficiências e que, dentro dos condicionalismos de cada um, pudessem praticar atividades desportivas.

Em termos práticos, qualquer atleta com deficiência só pode participar em competições internacionais depois de ser classificado e consequentemente integrado numa classe desportiva. Esta classificação é efetivada por técnicos especializados, avaliadores, fisioterapeutas e/ou médicos, obedecendo a critérios particulares em função de cada modalidade.

O processo decorre para todos os desportos e áreas da deficiência sem exceção, nomeadamente a deficiência visual, a intelectual e a motora.

A deficiência auditiva fica fora destas contas na medida em que os atletas surdos competem numa competição exclusiva, os Jogos Surdolímpicos.

Explicados em traços gerais os princípios da classificação funcional desportiva, importa perceber que o calendário paralímpico contém 21 modalidades desportivas, mas que são poucas as que englobam as três áreas da deficiência. Atletismo e Natação aparecem no comando do pelotão das modalidades mais inclusivas por integrarem atletas com deficiências motora, visual e intelectual. O Boccia, por exemplo, é uma modalidade exclusiva do programa paralímpico e inclui apenas a deficiência motora, tal como a Canoagem e a Equestre. O Ciclismo inclui também a deficiência visual e o Judo integra apenas atletas cegos ou com baixa visão. Desporto paralímpico é sinónimo de inclusão e para cada tipo de deficiência há uma modalidade que se pode praticar.

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De 28 deste mês a 8 de setembro próximo, será isso que se voltará a concretizar para gáudio dos milhares que vão estar presentes em Paris’2024, com a participação de 27 atletas portugueses de 10 modalidades, na procura da excelência de resultados que possam resultar na conquista de lugares no pódio, o maior sonho de cada desportista, independentemente da modalidade, das classes, das idades, da deficiência de cada um, porque inclusivo.

Com um largo “lastro” de medalhas conquistadas ao longos das onze presenças, os 27 atletas paralímpicos portugueses (17 homens e 10 mulheres) tudo vão fazer para glorificar ainda mais Portugal.

 

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