Bem se pode afirmar – a todo o Universo – que Portugal continua a elevar o nível das medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos, com Iuri Leitão e Rui Oliveira a conseguir o ineditismo de obter uma medalha de outro e outra de prata na mesma edição dos Jogos Olímpicos.
Isto para além de Portugal, através das magníficas exibições dos dois ciclistas em pista coberta, ter alcançado o sexto título olímpico, fazendo entrar para o altar dos Deus de Olimpo mais dois desportistas de mente forte, fisicamente altamente preparados e, desta vez, “abençoados” pela Cidade Luz, que é Paris.
Iúri Leitão e Rui Oliveira criaram outra formidável página no desporto português, após Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nelson Évora e Pedro Pichardo.
Na estreia do ciclismo de pista em Jogos Olímpicos, a dupla da disciplina de Madison abriu uma via nova para além do Atletismo, que detinha a exclusividade na conquista de medalhas de ouro para Portugal.
Esta foi a quarta medalha com assinatura nacional em Paris 2024, a primeira de ouro, depois da prata de Pedro Pichardo (Atletismo, triplo salto) e de Iúri Leitão (Ciclismo de pista, Omnium), e do bronze de Patrícia Sampaio (Judo, -78 kg), e a 32ª em toda a história olímpica de Portugal.
Com esta medalha partilhada com Rui Oliveira, Iúri Leitão iguala também Carlos Lopes e Pedro Pichardo como os únicos atletas a conquistarem ouro e prata, com a diferença de o ciclista o ter feito na mesma edição.
A quarta medalha em Paris 2024 significa que Portugal igualou o número de pódios de Tóquio 2020 – o resultado mais elevado até então – mas melhora-o em qualidade, porque então conquistou um ouro, uma prata e dois bronzes, e três anos depois conseguiu o mesmo ouro, mas duas pratas e um bronze.
Portugal conquistou, até agora quatro medalhas – ouro por Iúri Leitão e Rui Costa, prata por Iúri Leitão e Pedro Pichardo, e bronze por Patrícia Sampaio – e 14 diplomas: três no Ciclismo, por Iúri Leitão/Rui Costa, Iúri Leitão e Nelson Oliveira; um no Judo, por Patrícia Sampaio; três no Triatlo, pela equipa mista e por Vasco Vilaça e Ricardo Batista; um na Ginástica, por Gabriel Albuquerque; um na Vela, por Diogo Costa/Carolina João; dois na Canoagem, por João Ribeiro/Messias Baptista e Fernando Pimenta; um no Tiro com Armas de Caça, por Inês Barros, e dois no Atletismo, por Jéssica Inchude e Pedro Pichardo.
“A Portuguesa” ecoou por todo o pavilhão (e pelo país também) e subiu a bandeira nacional ao mastro mais alto, para consagrar Rui Oliveira e Iúri Leitão como os novos campeões olímpicos da disciplina de madison, no Ciclismo de pista.
Para chegar a este título, Iúri Leitão e Rui Oliveira tiveram uma atuação magnífica, só praticável por um desempenho de superação – e até de transcendência, se considerarmos o ponto de vista religioso, tangente ao ser humano – por parte dos dois desportistas que conseguiram fazer o melhor de tudo: coordenar movimentos, visão atenta e estratégica, perceção da dinâmica dos outros concorrentes, alguma felicidade (“a sorte protege os audazes”), que se procura e não se espera que aconteça.
Depois de 200 voltas e 50km percorridos, a medalha de ouro foi conquistada por Portugal, na prova de Madison, com Iúri Oliveira e Rui Oliveira a interpretar de forma resistente, resiliente, coerente, a forma como se deviam orientar, para se tornarem na melhor dupla na prova e chegarem ao ouro pela sexta vez para Portugal. Inimaginável. Inesquecível!
A dupla lusa pedalou sempre em crescendo, terminando com 55 pontos, à frente da Itália, com 47 e da Dinamarca, com 41.
Rui Oliveira, após o final da competição, referiu que “não tenho palavras, só tenho orgulho de estar aqui e representar Portugal da melhor maneira, houve alturas que pensei não vir aos Jogos e dar o lugar ao meu irmão Ivo, porque ele passou muitos momentos difíceis, se calhar mais que eu. Tenho muito orgulho de ter feito esta corrida com o Iúri porque ele é o melhor na pista. Estejam connosco, imaginem o que podemos fazer com todos, todos, a apoiar-nos, não deixem esta onda cair!”
Também Iúri Leitão, o primeiro atleta português a conquistar duas medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos demonstrou a sua satisfação ao dizer que “estava confiante que conseguíamos fazer um bom resultado. Sabíamos que no final íamos ter um último cartucho para usar e sabíamos que fazendo desta forma não nos ia escapar o ouro. No Madison, temos de saber ler a prova, saber o que está a acontecer. Avisei o Rui que não estava no meu melhor dia, mas isto não é uma corrida de um, é uma corrida de dois, tive de ir buscar forças onde não as tinha porque não era justo deixá-lo ficar mal, e muito disto é por ele”.
Ecos deste novo êxito que vão ecoar durante bastante tempo, se a memória não for curta, como se tem tornado um hábito desde alguns anos a esta parte!
Entretanto, Pedro Pichardo voltou ao Stade de France para receber a medalha conquistada na final do triplo salto, juntando-se a Jordan Diaz (Espanha), que conquistou o ouro e a Andy Diaz, (Itália), medalha de bronze.
De medalha ao peito, mostrou-se feliz com o resultado, ao referir que “aceitei que as coisas não correram bem, que cometi vários erros e estou muito contente com a medalha de prata. Acho que qualquer medalha olímpica é sempre uma boa sensação. Eu já tenho a de ouro em casa, mais uma para casa, para Portugal. Estou contente. Claro que queria ter ganhado, mas mesmo assim estou feliz”.
Desta vez, nem a força e forma de estar foram suficientes para levar Fernando Pimenta ao lugar que pretendia (pódio), acabando por ser 6º classificado na final de K1 1000 metros, conquistando o 13º diploma para a Equipa Portugal.
Depois de ter seguido na vanguarda durante grande parte do percurso, Pimenta não suportou a luta entre o “tico e o teco” (consciente e subconsciente), que deu origem ao desencontro que o desencaminhou do pódio, quiçá “ajudado” (negativamente) pelo fato de Iuri Leitão ter conquistado, na véspera, a medalha de prata.
Pimenta completou a distância em 3.29,59, a 5.52 segundos do primeiro classificado e novo campeão olímpico, o checo Josef Dostal (3.24,07), no que também foi uma surpresa. Os húngaros Adam Varga (3.24.76) e Balint Kopasz (3.25.68) – que eram os mais cotados para discutir o louro – fecharam o pódio.
Fernando Pimenta. Depois de acalmar (com a lágrima nos olhos, pensando também na ausência da família), referiu que “trabalhei muito, como para o Rio de Janeiro. Parece que quanto mais me esforço mais depressa o resultado desaparece. Não posso estar desiludido ou triste comigo, tenho a consciência tranquila de que dei o meu melhor. Estive muitíssimo tempo longe da minha família, dos meus pequeninos. Acho que estive com eles um mês num ano, se tanto. Consegui falhar as escolinhas da minha filha praticamente todas. Parte-me o coração e depois chegar aqui e não conseguir o resultado… mas, pronto, estou de consciência tranquila. O resultado não é o espelho do meu trabalho. Os outros atletas que venceram têm todo o mérito, mas eu tenho noção de que se a prova fosse mais tarde o resultado poderia ser outro, porque me senti muito bem na semifinal. Senti-me confortável na prova, mas na parte final faltou-me a energia e acabei afastado. Só tenho de agradecer a todos os portugueses que estiveram aqui presentes e a todos os que, em Portugal, estavam a apoiar. Agora é hora de desanuviar para na próxima semana voltar ao trabalho.”
Teresa Portela cumpriu a final B do K1 500 no 2º posto (10º na classificação geral) entre 41 competidoras, naqueles que foram os quintos Jogos Olímpicos, tendo cumprido a prova em 1.52,38, só superada pela sérvia Milica Novakovic (1.51,55).
Antes, na semifinal, Teresa Portela fora 3ª, apenas a 41 centésimos da final A: fez 1.50,28 e a belga Hermien Peters, 2.ª classificada, fez 1.49,87.
Teresa Portela acabou por dizer que “sabia que o meu melhor era estar na final, continuo a achar que poderia ter lá estado. É um nível bastante alto, com muita gente, é a prova com mais atletas e, por isso, as meias-finais, foram muito disputadas. Foi bom sentir que estava numa final B com atletas muito talentosas e poder partilhar com elas este momento deixou-me orgulhosa. Fico contente com o 10º lugar, claro que queria ir à final, mas é o top-10 no meio de 41 atletas.
Foi um ano muito duro, já faço K1 500m desde Pequim 2008 e é muito desgastante. Uma tripulação acaba por dar uma partilha diferente. O futuro não sei, dependo do projeto da equipa feminina. A vida tem-me ensinado que não vale a pena fazer planos. Estou muito tranquila com o meu percurso e, se não competir mais, também fico muito tranquila.”
Com a melhor marca pessoal da época, Samuel Barata terminou a maratona com o tempo de 2.13.23 e o 48º lugar na classificação geral.
Na estreia olímpica percorreu os 42,195km, num percurso que teve ainda passagem pela zona de Versalhes e por todos os pontos icónicos da cidade de Paris.
Venceu a prova o etíope Tamirat Tola com o tempo de 2.06.02, o que corresponde a um novo recorde olímpico na distância. A prata ficou com o belga Bashir Abdi (2.06.47) e Benson Kipruto do Quénia (2.07.00) fechou o pódio com o bronze.
Samuel Barata, no final, salientou que “fiz uma prova equilibrada, um bocado conservadora. A marca não é má, só que o nível está super. Tinha de correr mais rápido. A classificação não foi nada de especial, o meu objetivo era fica no top 40 ou top 30. O facto de ser muito conservador no início, se calhar paguei caro, devia ter arriscado mais rápido, se calhar na primeira parte da prova para aqueles 10-15 lugares que podia ter ganhado à frente”.
Neste domingo, último dia dos Jogos de Paris 2024, Portugal ainda terá atletas em competição, de acordo com o programa que se apresenta (acrescentar quadro).
Se na maratona feminina não se aguardam resultados extraordinários, Maria Martins reúne um conjunto de prerrogativas desportivas que a podem levar a alcançar o top8.
Primeiro-ministro visitou Aldeia Olímpica e reforçou apoio ao desporto
O Primeiro-Ministro Luís Montenegro visitou a Missão de Portugal na Aldeia Olímpica de Paris 2024, acompanhado pelo Secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, pelo Embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte, e pelo Secretário-Geral do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Araújo.
Antes de visitar o espaço de Portugal, Luís Montenegro foi recebido pela Chefia da Missão, Marco Alves e Catarina Monteiro, e falou a vários dos atletas e oficiais da Missão na entrada do edifício. De seguida, o Primeiro-Ministro conheceu os espaços de Nutrição e Medicina no interior do edifício de Portugal, assim como um dos quartos.
Luís Montenegro voltou a louvar o empenho de todos os desportistas portugueses integrantes da equipa Nacional, assim como seguiu a par e passo o desenvolvimento das provas, em especial na conquista da medalha de ouro dos ciclistas Iuri Leitão e Rui Oliveira, no Madison, numa situação inédita, tendo saudado, ao vivo, os dois ciclistas lusos.
Em declarações à RTP, o primeiro-ministro também reforçou já se percebeu que a área do desporto precisa de ser “mexida”, porque não se pode perder os louros ora conquistados, antes reforçá-los.
China recuperou liderança no medalheiro dos Jogos
Após o final das provas realizadas no penúltimo dia dos Jogos, a China voltou a liderar o medalheiro, somando 90 medalhas (39 de ouro, 27 de prata e 24 de bronze), contra as 122 (38-42-42) dos Estados Unidos da América.
A Austrália mantem-se no terceiro lugar do pódio com 50 (18-18-14).
Seguem-se: Japão, com 43 (18-12-13); França, com 62 (16-24-22); Grã-Bretanha, com 63 (14-22-27); Coreia do Sul, com 30 (13-8-9); Países Baixos, com 32 (13-7-12); Alemanha, com 31 (12-11-8) e Itália, com 39 (11-13-15).
Portugal subiu ao 48º lugar, com 4 (1-2-1), com a medalha de ouro, duas de prata e de bronze alcançadas pelos ciclistas Iuri Leitão e Rui Oliveira, Pedro Pichardo (atletismo) e a judoca Patrícia Sampaio (+ 14 Diplomas), com 91 países a contabilizar medalhas conquistadas.