Terça-feira 03 de Dezembro de 2024

Projeto internacional para melhorar a saúde dos solos

O objetivo é melhorar a saúde dos solos nas culturas permanentes mais relevantes da Europa como a vinha, o olival, a maçã, a castanha e a avelã, com grande valor económico, social e cultural e atualmente ameaçadas pelas alterações climáticas.

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Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Uma equipa da Universidade do Porto, liderada por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do GreenUPorto – Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável, integra o projeto internacional LivingSoiLL: Healthy Soil to Permanent Crops Living Labs que pretende criar e monitorizar Laboratórios Vivos destas culturas um pouco por toda a Europa.

Estes Living Labs (Laboratórios Vivos/LL) são espaços de teste para soluções inovadoras, neste caso para a promoção da conservação ou restauro da saúde do solo, e atuarão como plataformas colaborativas multidisciplinares e transdisciplinares na co-projeção, co-desenvolvimento e co-implementação dessas propostas. O projeto estabelecerá uma rede europeia de cinco destes laboratórios, incluindo o norte de Portugal-Galiza (LL1), Andaluzia (LL2), Noroeste de Itália (LL3), Vale do Loire-Beaujolais (LL4) e Grójec (LL5).

A U.Porto, embora com ligação mais próxima ao Living Lab Luso-Galaico, terá um papel transversal no projeto, estando ligada a todos os LL que serão criados e que incluirão pelo menos 50 locais de demonstração.

“A equipa da FCUP será responsável pela co-criação de um plano de monitorização comum a todos os locais de demonstração, onde irão ser testadas práticas inovadoras de gestão do solo. Este plano incluirá também a determinação prévia dos valores de fundo, como por exemplo, os valores encontrados naturalmente, e que dependem da natureza geoquímica dos solos, para todos os descritores de saúde do solo que o integram”, explica Ruth Pereira, docente na FCUP, Diretora do GreenUPorto, e responsável pelo projeto na U.Porto.

Projeto integrado na Missão Solo do Horizonte Europa

O projeto LivingSoiLL foi recentemente aprovado pela Missão Solo do Horizonte Europa, sendo-lhe atribuído um financiamento global de cerca de 12 milhões de euros. Para Ruth Pereira, este será um contributo “para o esforço da Missão Solo, que tem como objetivo criar 100 Laboratórios Vivos em território Europeu e, através destes, estabelecer parcerias entre os atores capazes de conceber soluções para uma eficaz gestão e restauro dos solos”.

Esta é a estratégia que está prevista para contribuir para o cumprimento dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu e das Estratégias que o consubstanciam, como a Estratégia do Prado ao Prato ou a Estratégia para a Biodiversidade, assim como para a implementação da Nova Diretiva de Monitorização e Resiliência do Solo.

A aposta na capacitação para práticas sustentáveis de gestão do solo e no reforço da literacia do solo será também um componente relevante do projeto, a par da testagem e co-criação de soluções inovadoras e ajustadas localmente.

Um consórcio com mais de 40 parceiros

O projeto, que decorrerá nos próximos 54 meses, conta com 42 parceiros europeus, de Portugal, França, Espanha, Itália e Polónia, e 8 parceiros associados.

Ao projeto, coordenado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), e que coordenará também o Living Lab Luso-Galaico, juntam-se ainda a Universidade de Vigo, a ADVID – Cluster da Vinha e do Vinho e CoLAB VINES&WINES, empresas como Sogrape Vinhos, ACUSHLA – Azeite Biológico, FERTIPRADO – Sementes e Nutrientes Lda, Sogevinus, Symington, Real Companhia Velha, entre outras, e ainda associações de produtores, como a APPITAD – Associação Dos Produtores Em Protecção Integrada De Trás-os-montes E Alto Douro.

A par de Ruth Pereira, a equipa da FCUP e GreenUPorto contará também com a participação dos investigadores Anabela Cachada, João Pacheco e Tatiana Andreani, que terão um papel ativo durante toda a extensão do projeto.

Na equipa U.Porto que integra o projeto entram ainda os investigadores e docentes de Geografia da Faculdade de Letras (FLUP), Carlos Bateira, Gabriela Lima e Susana Pereira. A equipa da FLUP será responsável pela co-criação e a avaliação de soluções destinadas a combater uma das ameaças comuns à maior parte das culturas permanentes: a erosão do solo e a instabilidade de taludes de terraços agrícolas.

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